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Direita Miami: rumo aos Estados Unidos por longa temporada

Caro leitor, sabe qual é uma das diferenças básicas entre a esquerda e a direita? Eu digo: é que os liberais e conservadores da direita costumam viver de acordo com o que pregam, enquanto a esquerda adota a hipocrisia como estilo de vida. Não acredita? Discorda? Então permita-me dar um exemplo com minha própria vida, em comparação com aquela de meus queridos oponentes socialistas.

Sou um defensor dos Estados Unidos. Não como modelo de perfeição, pois tal coisa não existe quando se trata de sociedade de seres humanos imperfeitos. Mas como uma nação que merece todos os créditos por ter sido a grande responsável por preservar boa dose de liberdade individual no mundo, ser o farol dos ideais iluministas e um ícone do capitalismo meritocrático.

Ou seja, sou um legítimo “nascido em 4 de julho”, que sente profunda admiração pelo que a América representa, especialmente num mundo dominado pelo coletivismo autoritário. Sustento que o capitalismo é o melhor modelo, que os Estados Unidos, apesar de seus inúmeros defeitos, são um local em que se respira ares mais livres para se viver, sob um maior império das leis.

E não digo tudo isso da boca para fora. Não! Ao contrário: já visitei o país diversas vezes, e sem deixar de notar as falhas, sempre voltei admirado, lamentando o fato de que nosso querido Brasil vive preso nas armadilhas do populismo de esquerda, culturalmente asfixiado pelo jeitinho e a malandragem de quem se julga muito esperto, mas acabou por construir um país de otários. Volto de viagem invariavelmente deprimido com a clara noção do que poderíamos ser, mas não somos, por excesso de “esperteza”, por ignorância, por miopia e cegueira ideológica, especialmente das elites.

Nós, brasileiros, esquecemos os direitos mais básicos e elementares, como desfrutar da segurança no ir e vir, sair de carro sem a paranóia em cada sinal de trânsito, sem medo de uma bala perdida ou um assaltante. Somos os recordistas em homicídios no mundo, com quase 60 mil assassinatos por ano. No trânsito caótico, nas estradas esburacadas, na falta de respeito e cidadania do motorista, outros quase 50 mil perdem a vida todo ano. Mas repetimos que somos um povo pacífico!

Eu dizia acima que nós, liberais e conservadores, colocamos nossas ações onde nossas palavras estão, ou seja, agimos de acordo com aquilo que pregamos, ao contrário da esquerda, principalmente a caviar. Pois é: o leitor conhece algum desses artistas defensores do socialismo que efetivamente viva de acordo com o que prega? Conhece algum desses “intelectuais” encantados com Cuba ou Venezuela que realmente queira viver nesses “paraísos” socialistas? Claro que não! Justamente porque são hipócritas, dizem uma coisa e fazem outra, diametralmente oposta.

Não nós, admiradores do capitalismo liberal e dos Estados Unidos. Não defendemos a América nos discursos e depois vamos curtir o “paraíso” socialista em Caracas como quem não quer nada. Os nossos colegas da esquerda caviar adoram odiar o capitalismo, mas não suportam ficar longe dele. Nós defendemos o capitalismo, e queremos ficar cada vez mais perto dele. A diferença entre o embuste e a honestidade intelectual. Um abismo ético intransponível.

E tudo isso, caro leitor, foi para chegar na novidade que lhe trago: vou passar uma longa temporada longe do Brasil, pois minha mulher resolveu estudar fora e vou acompanhá-la. Não escolhemos Cuba, com aquela “educação” fantástica. Tampouco optamos por Caracas, onde a “justiça social” substituiu a ganância do capital. E também não vamos para Paris, que pode ser um charme para visitar, mas está cada vez mais decadente para se viver, exatamente pela contaminação das ideias esquerdistas de uma elite intelectual desvirtuada.

Nós vamos é para a Flórida mesmo, como tantos brasileiros decentes têm feito, cansados desse clima de subversão de valores em nossa sociedade, de doze anos ininterruptos de incompetência e roubalheira escancaradas sob a conivência de boa parte da população, dessa sensação de insegurança constante, apesar de uma das maiores cargas tributárias do mundo que somos “convidados” a pagar como “contribuintes”.

Nossa decisão é condizente com o que acreditamos: a oportunidade de estudar nos Estados Unidos é única, pois lá se aprende coisas realmente úteis, em um ambiente mais livre dos preconceitos ideológicos que pululam em nossas universidades. Sabemos que há por lá a turma gauche caviar também, os “liberais limusine” (lembrando que liberal lá é “progressista” de esquerda), que gostam de aplaudir as estultices de Michael Moore ou citar com ar de inteligente as baboseiras de Paul Krugman.

Mas é diferente. Ao contrário daqui, esses alienados ou oportunistas não se criam tanto por lá, mesmo levando em conta que conseguiram colocar um de seus representantes no comando do país. As instituições são bem mais sólidas, a cultura da liberdade individual sobrevive e está enraizada em boa parte da população, e poucos chegam realmente a questionar o capitalismo e a economia de mercado como a melhor receita disponível.

Nada muda na essência de meu dia a dia. Continuarei escrevendo no blog sobre Brasil, lutando contra o esquerdismo no Brasil, expondo as falcatruas do PT, condenando a hipocrisia de nossa elite socialista. Mas farei isso tudo de lá por um tempo, respirando ares “ligeiramente” mais civilizados e tranquilos, distante do epicentro do furacão que começa a causar maiores estragos no país, após tanto tempo de descaso e irresponsabilidade dessa quadrilha instaurada no poder. Creio que isso me dará inclusive uma perspectiva nova, e quiçá uma ousadia ainda maior.

O PT não vencerá, e o Brasil não será a próxima Venezuela. É nisso que acredito, mas não será fácil evitar o pior, não cairá em nosso colo um destino melhor. Teremos de lutar por ele, contra os inimigos da Sociedade Aberta. Precisaremos aprofundar reformas liberais, fortalecer instituições republicanas, impedir as constantes tentativas dessa gente de censurar a imprensa, solapar nossa democracia, asfixiar nossas liberdades. Continuarei sendo um soldado desta causa, longe fisicamente, mas sempre aqui em pensamento. E se tudo der certo, estarei de volta, com mais experiência na bagagem, para ver uma oposição mais organizada e corajosa colocar os petistas no olho da rua em 2018.

PS: Aproveito para deixar uma pergunta no ar: quem é John Galt?

Rodrigo Constantino

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