Eu preciso fazer o disclaimer, claro: Paulo Guedes foi meu chefe por seis anos, e sou profundo admirador seu. Logo, o brilhantismo de seu discurso de posse, que tanto tem sido comentado, não me surpreendeu. Mas ainda assim é necessário destacar como temos, pela primeira vez em muito tempo, uma mente brilhante e um homem honrado e honesto à frente da agenda econômica.
Isso tudo ficou muito claro na fala de Guedes, que abriu com humildade, lembrando que o esforço de mudança é coletivo, que não existe essa coisa de superministro. Todos terão um papel, inclusive a imprensa. Mas a inspiração para esse trabalho vem, confessa Guedes, da integridade, do senso de missão e da determinação para melhorar o Brasil que ele encontrou em Jair Bolsonaro ao longo desses vários meses de convívio próximo.
Paulo Guedes tem um diagnóstico preciso das causas de nossos males econômicos e sociais: a armadilha de baixo crescimento produzida pela receita social-democrata. Em síntese, o governo se agigantou demais, asfixiando a iniciativa privada, que é quem cria riqueza e empregos. Dessa vez temos uma aliança entre conservadores e liberais, que pretende dar um choque liberal na economia, destravando essas amarras estatais e permitindo um voo sustentável de águia, em vez desses voos de galinha que temos tido nas últimas décadas.
O novo ministro fez um breve resumo das trapalhadas econômicas dos antigos governos, sempre atacando sintomas em vez das causas do problema. O excesso de gastos públicos continuava, o “mesmo fantasma em diversas variantes”. Vem subindo sem interrupção, de forma contínua, por quatro décadas. Inevitável viver graves crises financeiras com esse arcabouço. Atacar a raiz do problema é crucial, para reverter o endividamento público que avança como bola de neve.
O melhor mecanismo de inclusão social, a maior engrenagem para gerar empregos, chama-se livre mercado. O Brasil, por sua vez, segue virando as costas para essa realidade, como uma economia fechada e com muita gastança estatal. Estancar o ritmo de crescimento desses gastos públicos é a grande meta do governo, por meio das reformas.
Todo economista sério compreende isso. Mas aqueles que aplaudiam o nacional-populismo fracassado dos demais governos insistem em chamar Guedes de “ultraliberal” na imprensa, como se fosse uma acusação, um xingamento, um rótulo de radicalismo. Nada disso! Guedes tem bom senso, sabe do que está falando, e montou uma equipe de primeira para executar o plano de reformas.
Como resultado disso, o Ibovespa já subiu quase 4% só hoje, atingindo a máxima histórica, acima de 90 mil pontos, enquanto o dólar caiu bem. Isso pode ser apenas o começo, se deixarem o homem trabalhar, se a parte política do novo governo for capaz de articular no Congresso o apoio para aprovar essas propostas liberais. Se isso for feito, o Brasil vai decolar, podem apostar.
O receituário liberal nunca foi testado no Brasil. Quando partes dele foram aplicadas, houve progresso relativo. Se essa agenda realmente for adotada, com privatizações, corte de regulações e burocracia, reformas estruturais, abertura econômica e redução de impostos, nossa economia vai voar. Os críticos do liberalismo, que ainda ocupam muito espaço na mídia, terão que arrumar desculpas para o sucesso brasileiro.
Mas antes o Congresso precisa endossar a pauta proposta por Guedes e seu time. Eis o grande desafio! Eis o vídeo do discurso na íntegra:
Rodrigo Constantino