Houve uma época nos Estados Unidos em que os dois principais partidos eram capazes de se unir em prol das causas maiores, do interesse nacional. Divergências sempre vão existir, claro, e por isso os partidos (caso contrário bastava um, como em Cuba ou na Coreia do Norte, onde há “consenso” geral sob a mira de uma arma). Mas as esgrimas políticas eram deixadas de lado na hora de proteger a nação, uma vez que todos compartilham, de certa forma, do mesmo destino.
Foi-se esse tempo! Hoje vivemos na era das redes sociais polarizadas, do tribalismo, da radicalização sem precedentes na política. Em boa parte, em minha opinião, isso se deve à postura da esquerda. Uma turma radical usurpou o Partido Democrata, e “liberalismo” virou sinônimo de extremismo de esquerda, sob o manto de “progressismo”. A retórica de “nós contra eles”, de demonizar adversários, vem sendo usada há décadas.
Os conservadores não são apenas pessoas com opiniões e valores diferentes; são pessoas terríveis, ruins, imorais, alienadas, preconceituosas, xenófobas, homofóbicas etc. Os rótulos abundam, e quando a própria Hillary Clinton chama metade dos eleitores de Trump de “deploráveis”, está evidente que a coisa ultrapassou qualquer limite aceitável. A esquerda americana segregou o povo americano.
E o resultado está aí: um ditador maluco prestes a conseguir mísseis nucleares com alcance até a América faz ameaças diretas ao país, a todos os americanos. Mas o que fazem os democratas? Unem-se ao presidente em torno de uma pauta claramente maior, a própria sobrevivência dos americanos? Claro que não! Esse tempo pertence a um passado remoto.
Hoje tudo é política, partido e eleição. Logo, os democratas preferem atacar… o presidente americano! Até mesmo com piadinhas ofensivas, como se tudo fosse uma simples questão de quem tem o pau maior, como ilustra essa charge:
Trump representa toda a nação, se a democracia representativa ainda vale alguma coisa para a esquerda americana. Da mesma forma que Obama era o presidente de todos, apesar de inúmeras críticas legítimas por parte dos conservadores. E quando Obama conseguiu matar Bin Laden, por exemplo, todos celebraram: era um inimigo importante dos americanos sendo finalmente abatido, motivo de felicidade geral.
Agora que o presidente americano precisa de todo apoio possível para enfrentar essa complexa situação, em que um maluco com arsenal nuclear ameaça o mundo e diretamente os Estados Unidos, a maioria dos democratas prefere criticar Trump, em vez de focar suas energias nas estratégias viáveis para superar o problema e derrotar o comunista louco. O grupo Democratas por Trump chegou a desabafar no Twitter:
“NUNCA em minha vida pensei que esquerdistas fossem ficar do lado de um DITADOR ameaçando jogar uma bomba NUCLEAR neles em vez de tomar o lado de SEU PRÓPRIO Presidente tentando PROTEGÊ-LOS”, diz a mensagem em tradução livre e adaptada. E realmente: é um espanto!
Até onde o tribalismo avançou na América? Ainda há salvação, possibilidade de trabalho conjunto em prol das pautas comuns, das convergências de interesses, do que deveria estar acima dos partidos e das eleições? Ou será que a América já se transformou mesmo num típico país latino-americano?
Rodrigo Constantino
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