O presidente de Cuba, Raúl Castro, emitiu duras críticas ao novo chefe da Casa Branca, Donald Trump, e às polêmicas políticas que vêm sendo adotadas no seu governo. Sobretudo, o líder da ilha caribenha atacou a promessa do republicano de construir um muro na fronteira mexicana, a que chamou de irracional, e as suas políticas comerciais egoístas, nas suas palavras. Os dois países passam por um longo e complexo processo de reaproximação iniciado pelo ex-presidente Barack Obama; no entanto, as relações entre Castro e Trump já se mostram bem mais frágeis.
Para o líder cubano, o fluxo migratório que chega aos EUA se intensifica pela desigualdade e pela pobreza, provocadas por um sistema econômico internacional injusto. Por isso, disse que a proposta de construir um muro na fronteira sul do território americano é uma política contra todos os latinos, e não apenas os mexicanos.
— A nova agenda do governo dos EUA ameaça desencadear uma política comercial extrema e egoísta que vai afetar a competitividade do nosso comércio exterior, violar acordos ambientais e caçar e deportar imigrantes — disse Castro em seu primeiro discurso crítico sobre o novo presidente americano. — Você não pode conter a pobreza, as catástrofes e os imigrantes com muros, mas sim com cooperação, compreensão e paz.
Era só o que faltava! E quando chega este momento, em que o ditador da mais longa e cruel ditadura do continente, que vem há meio século impedindo a saída do próprio povo da ilha-presídio caribenha, impondo um regime opressor e assassino que trata como criminoso qualquer dissidente, que espalhou um rastro de miséria e escravidão no país, quando chega o momento, dizia, em que este ser asqueroso passa a endossar as críticas de muitos liberais, é hora de parar um pouco, respirar fundo, e rever alguns conceitos.
Será que o liberal que faz coro a essa turma não corre o risco de estar fazendo papel de otário, de bancar o idiota útil da extrema esquerda ultra-radical? Claro, até mesmo o Diabo em pessoa poderia fazer uma ou outra crítica legítima a alguém. O inimigo do meu inimigo não precisa ser meu amigo. O muro pode ser errado apesar de Raúl e companhia o condenando, e não por causa deles. Tudo isso é verdade.
Mas a luz amarela deveria ter acendido faz tempo. O ataque é coordenado demais. É intenso demais. E vem dos lugares mais podres que existem. Isso deveria despertar maior cautela nos meus colegas liberais, que têm participado de um esforço tremendo de demonização de Trump. Egoísta? Muro irracional? Por colocar a América em primeiro lugar e por prezar pela segurança nacional?
Eu digo o que é egoísmo e irracionalidade: erguer muros não para impedir a entrada de ilegais, mas a saída do próprio povo! É isso que representa o ápice do egoísmo: transformar cidadãos em súditos, seres humanos em gado bovino, escravos, massa de manobra. Se alguém como Raúl Castro condena algo, a probabilidade de este algo ser defensável é imensa, aumenta muito. Eis aí, afinal, alguém que sempre defendeu só coisas erradas na vida.
Se um ditador comunista diz A, meu instinto natural é dizer o oposto de A. Se Raúl Castro condena a política externa de Trump, isso só pode significar alguns pontos extras para o presidente americano. Às vezes observar quem são os principais inimigos de alguém pode ajudar muito a escolher de qual lado ficar na batalha…
Rodrigo Constantino
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião