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Do como nunca antes ao tchau e nunca mais

Não vou puxar aqui o rosário das más notícias que desfilam cotidianamente nos meios de comunicação. A muitos de nós, elas chegam assim, como informação. A milhões de outros, como causas de tragédias pessoais e familiares. Alguns veem as estatísticas. Outros vivem as estatísticas em seu dia a dia. Ao governo que assume, o noticiário expressa a emergência e a urgência de medidas para afirmação de um rumo ascendente. Aos afastados do governo, essas notícias são desconforto político que deve, rapidamente, ser debitado ao “mercado”, à CIA, ao Cunha, ao FHC, ao Moro, às “zelites”, à direita, aos coxinhas e aos “golpistas”. Jamais a si mesmos nem ao exercício rapineiro, irresponsável e incompetente das tarefas de gestão. Nunca à ideologia que abraçam. Profissionais da falácia, nem por acaso batem no próprio peito! O partido que pretendeu ter descoberto o Brasil em 2003 nos fez regredir no tempo e perder, inteiramente, os últimos 13 anos.

Tudo que aconteceu era previsível e deu causa à maior parte dos meus textos durante esse período. Simplesmente não havia motivo para que não acontecesse aqui, no andar dessa carroça, o mesmo que ocorreu em todos os países onde germinaram as ideias inspiradoras dos governos petistas. Dezenas de vezes, ao longo desses anos, participei de debates com destacadas lideranças e personalidades vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, discutindo os projetos políticos em curso nos países ligados ao Foro de São Paulo. Sem exceção, sustentavam que Cuba era um modelo de justiça. Rararamente falavam de Fidel sem que a veneração os exaltasse. Enchiam-se de ira quando contestados. Na Venezuela, diziam, havia democracia até demais. Ali, onde o setor público trabalha dois dias por semana para economizar energia, proclamavam estar em curso um exitoso modelo de governo socialista. Para que a Venezuela fosse incluída no Mercosul, expulsaram o Paraguai, cujo Senado vetava o ingresso do chavismo no Bloco. Quando? Quando Lugo foi constitucionalmente deposto do cargo.

É bem abastecido o repertório de fracassos dessa referência ideológica que liderou o Brasil nos últimos anos. O que vemos é o resultado inevitável de uma forma de conceber o Estado e a Política, a pessoa humana e a sociedade, a Economia e a História. Não há acerto possível onde tudo está mal pensado. Nem todo o desastre brasileiro é produto da organização criminosa que se instalou no poder. Tampouco é só irresponsabilidade e incompetência. Tem muito, mas muito mesmo, de erro de script, tipo “vamos fazer com o marxismo, o que os europeus não souberam”.

Nos últimos dias, intensificou-se a articulação da esquerda mundial em torno das denúncias de um suposto golpe de Estado que estaria em curso no Brasil. Nada disso é espontâneo. Bem ao contrário. Através de meios de comunicação ideologicamente alinhados, e para um público sensível, o PT transforma em notícia internacional as palavras-chaves e os lugares-comuns da linguagem revolucionária, que não começa nem termina no Brasil. É um fenômeno comum a todo o Ocidente. Não, não é o mundo que reprova o impeachment da presidente. São os parceiros externos dos que saíram deixando-nos a esperança de que jamais voltem.

Seu principal interesse é e sempre foi o exercício de um poder revolucionário. Por isso, suas afinidades e zelos não são para com os cubanos, venezuelanos, nicaraguenses, equatorianos, bolivianos ou brasileiros. Tais empatias se estabelecem com os respectivos governos, em benefício da causa revolucionária comum. Danem-se os povos, dane-se o Brasil e seus desempregados, contanto que a revolução prossiga!

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