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Quem me acompanha há anos conhece a brincadeira do “dá bilhão?”, que surgiu após Ciro Gomes fazer esta pergunta ao me cobrar, ao vivo no programa Conversas Cruzadas, a especificação de cortes propostos para os gastos públicos. Quem não conhece, eis o vídeo:

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httpv://youtu.be/xxnn-lPglz4

Antes de mais nada, aproveito para fazer aqui alguns esclarecimentos. Eu me saí mal na entrevista. Era bem mais jovem e inexperiente (foi em 2008), fui com boa fé sem me dar conta de que, do outro lado, havia uma cobra cascavel criada e experimente na arte do sofisma e dos estratagemas de erística. Um político, enfim, em busca de holofotes para eleitores, enquanto eu queria debater ideias.

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Poderia ter me saído muito melhor. Mas, ainda assim, fico perplexo com a quantidade de gente que afirma que fui arrasado por Ciro neste “debate”. Os que assim afirmam não sabem o que é debater, confundem com o ato de intimidar, de bater na mesa, falar grosso, não deixar o outro falar. Talvez por isso o Brasil esteja nessa situação lamentável, pois muitos pensam que isso é “vencer um debate”.

Notem, também, que mesmo na descrição do vídeo, que eu mesmo publiquei apesar de meu desempenho muito aquém do ideal, dei a resposta mais detalhada que ele tanto pedia, para efeito retórico, na entrevista. Escrevi à época:

Ora, o governo arrecada mais de R$ 800 bilhões e o deputado não enxerga onde possa cortar R$ 1 bilhão? Um governo que financia os criminosos do MST, torra bilhões com ONGs corruptas, cria TV chapa-branca com orçamento de centenas de milhões, compra o voto de milhões de pessoas com esmolas bilionárias, compra deputados com o “mensalão”, mantém várias estatais que poderiam ser privatizadas, possui mais de 30 ministérios inúteis, um quadro inchado de funcionários incompetentes, aponta mais de 20 mil burocratas para cargos de confiança, repassa bilhões de indenizações para ex-terroristas comunistas etc., e o dep. Ciro vem dizer que não há onde cortar gastos?! 

Entre 2003 e 2007, a administração Lula repassou R$ 12,6 bilhões a 7.700 ONGs por meio de 20 mil convênios e outras modalidades de vinculação. É muito dinheiro que sai dos cidadãos na marra e vai para os “amigos do rei”. Mas Ciro, aplaudido pelos petralhas de sempre, acha que não há onde cortar R$ 1 bilhão…

Não obstante a postura condenável do deputado neste “debate”, o que realmente me preocupa é o conteúdo mesmo. Qualquer um deve saber que o principal problema do país é o excesso de governo. Para o centralizador Ciro, parece que é justamente o contrário: temos pouco governo! Espero que cada um possa filtrar os argumentos no meio do espetáculo e tirar suas próprias conclusões…

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Pois bem: era temerário alguém afirmar que não dava para cortar nem mesmo um bilhão num orçamento de R$ 800 bilhões. Hoje, com orçamento acima de R$ 1 trilhão, o governo do PT acaba de anunciar um corte de gastos de R$ 44 bilhões. O quão irônico é ser vingado pelo PT?

Não sou eu quem diz, prezado Ciro Gomes; é o PT quem faz! Seus aliados do PT, da esquerda, defensores do governo inchado. São eles que garantem que dá para cortar não um, mas 44 bilhões de reais das despesas do governo. E agora, Ciro? Dá bilhão?

Rodrigo Constantino