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O prefeito João Doria resolveu bancar o demagogo, e precisa sair do muro tucano logo e decidir se vai mesmo abraçar uma bandeira mais liberal, ou se vai ficar “entre o socialismo e o capitalismo”. Após falar de mais impostos para empresas de streaming de vídeo, como a Netflix, e ser duramente criticado por isso, Doria tentou se explicar. Mas a emenda saiu pior do que o soneto. Eis o vídeo que ele postou:

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Não entro no caso da legitimidade ou não desses impostos. Se é lei federal, o município deve cobrar. Ok. Mas a explicação dada pelo prefeito foi simplesmente terrível, típica de esquerdistas, e inaceitável para um empresário rico de sucesso como ele. Quando o governo vem com fome para cima da Lide, quem paga os impostos é o rico Doria, ou os clientes de sua empresa?

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Ora, esse papo de que o imposto é desejável porque a empresa gera muito lucro e que seu pagamento vem desse lucro, não dos consumidores, é pueril do ponto de vista econômico, para dizer o mínimo. Qualquer economista sério sabe que é o consumidor que paga no final das contas, e enquanto a empresa tiver poder de barganha, isso será de alguma forma repassado. Doria está escutando “economistas” da Unicamp, por acaso? Empresas não são altruístas, e nem devem ser!

No mais, recursos nas mãos da Netflix ou qualquer outra empresa privada são normalmente mais bem gastos do que nas mãos do governo, seja federal, estadual ou municipal. Claro que o governo precisa de recursos, mas qualquer liberal sabe que isso deve ser mantido num patamar mínimo possível. Ou seja, celebrar mais impostos é inaceitável, coisa de socialista, ainda mais num país como o Brasil, onde o estado já arrecada mais de 40% do que produzimos.

Doria parece meio perdido. Largou com discurso mais liberal e com firmeza nos ataques ao PT, fora do padrão tucano, e parecia disposto a manter esse ritmo, apesar das críticas de seus próprios companheiros partidários. Mas de uns tempos para cá tem escorregado bastante, talvez deixando sua essência tucana falar mais alto. Ou decide quem vai ser de fato, se candidato for, ou essa aceleração toda vai acabar em derrapada à esquerda, o que muitos já desconfiavam desde o início. Qual vai ser, Doria?

Rodrigo Constantino