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Mônica Bergamo, da Folha, entrevistou o governador João Doria, que falou sobre a reforma previdenciária, o relacionamento com o presidente Bolsonaro, e os ruídos causados pelo “guru” Olavo de Carvalho. Eis o resumo:

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O governador paulista, João Doria (PSDB), diz que o Brasil viverá uma situação de caos social e econômico caso a reforma da Previdência não seja aprovada no primeiro semestre deste ano. “Todos mergulharão no caos. Todos, sem exceção”, afirma.

Para ele, o próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL), “passados momentos de turbulência”, percebeu que o diálogo com o Congresso Nacional é necessário para a estabilidade do governo e a aprovação das reformas.

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Ele nega que esteja se distanciando de Bolsonaro para não ser contaminado pelo desgaste sofrido pelo presidente. “Não estou colando nem descolando”, diz.

Doria faz ressalvas a algumas iniciativas do governo, como a comemoração golpe de 1964. Para ele, não é possível negar que houve uma ditadura no país. “Não se pode apagar o passado”, diz.

O governador de São Paulo também defende o vice-presidente, general Hamilton Mourão, dos ataques do escritor Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro. “Alguém que nem sequer vive no Brasil e cuja opinião, para mim, não tem valor”, afirma Doria em relação a Olavo.

Diante da pergunta inescapável (é ou não candidato a presidente da República em 2022), ele diz que “agora é hora de gestão, de administração”.

O argumento usado por Doria para desqualificar Olavo não é bom, e sou suspeito na análise: também moro fora do Brasil tem quatro anos. Nem por isso deixo de colocar o Brasil como minha prioridade. A distância física não é o melhor argumento contra Olavo, e há muitas coisas que podem ser ditas contra ele independentemente de onde ele vive. Nesse aspecto, bola fora de Doria.

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Mas o essencial da entrevista merece destaque: há muita distração, perda de foco e picuinha no governo, enquanto temos uma reforma previdenciária para aprovar, e logo! Como alerta Doria, sem ela mergulharemos no caos. E se ela não passar logo no primeiro semestre, dificilmente será aprovada depois. Eis o cerne da questão. Destaco o trecho mais relevante, portanto:

Se não for aprovada até a metade do ano, ela dificilmente vai ser aprovada no segundo semestre. O adiamento já refletirá uma perspectiva ruim. A inflexão do Brasil será sem a reforma da Previdência e com a reforma da Previdência. Sem: caos econômico e social, impondo aos mais pobres a perda de empregos e o empobrecimento das ações sociais de municípios, estados e do governo federal. Ninguém escapa. Todos mergulharão no caos. Todos, sem exceção.

Por isso é bom saber que Eduardo Bolsonaro já fala em articulação sem ser palavrão, que o ministro Paulo Guedes estaria ajudando na articulação com o Congresso, e que o próprio presidente passou a receber lideranças partidárias para articular. Eis a palavra-chave aqui: articulação. Sem ela, nada anda. E o governo fracassa.

E quem da ala bolsonarista tentar desqualificar Doria agora terá de lembrar o que o próprio presidente disse sobre ele: “é uma esperança para o Brasil”. Política não pode ser demonizada como tem feito a turma jacobina. Depende de quem e como faz política. Doria elogiou a capacidade de Bolsonaro de escutar e dialogar. É isso que está faltando com o Congresso. Bolsonaro ainda pode ser uma esperança para o Brasil…

Rodrigo Constantino

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