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Doze considerações sobre a saída do Reino Unido da UE

Por João César de Melo, publicado pelo Instituto Liberal

Pela histeria da mídia internacional, parece que a Rainha Elizabeth declarou guerra contra o resto da Europa e a RAF bombardeou Paris. Vamos, então, esclarecer algumas coisas:

1 – O artigo 50 do Tratado de Lisboa, assinado em 2007, concede a qualquer país o direito de sair da União Europeia. Diante disso, pergunto: Qual o absurdo na decisão da população do Reino Unido?

Respondo: Não há absurdo. Há, apenas, o inconformismo da grande imprensa e da intelligentsia internacional que tenta, a todo custo, formar um arquétipo social, econômico e político. O velhíssimo cacoete comunista de controlar tudo e todos.

2 – Através de um processo democrático, foi eleito um prefeito muçulmano em Londres. A esquerda comemorou.

Através de um processo democrático, foi decidida a saída do Reino Unido da União Europeia. A esquerda se descabelou. Quer anular o plebiscito.

Isso demonstra que para a esquerda a democracia é uma conveniência, não um princípio. Festejam quando a maioria apoia suas ideias. Desqualificam quando a maioria as rejeita.

Ao menosprezar que o voto pelo Brexit foi uma decisão majoritariamente dos cidadãos mais pobres de cidades pequenas, torna-se evidente que os ideais “progressistas” são ideais elitistas. São os mais ricos que desejam permanecer na União Europeia.

3 – Sim, o movimento pela saída da UE foi promovido por grupos xenófobos, mas isso não desqualifica o resultado, tampouco seu benefício.

Há uma grande distância entre a saída da UE e a imposição de políticas xenófobas no Reino Unido. Cabe a sociedade regular as ações do governo.

Apesar do perfil xenófobo da liderança do movimento Brexit, a população que votou em seu favor não é necessariamente xenófoba no sentido que a grande imprensa sistematicamente tenta nos fazer crer. Os eleitores do Brexit apenas se sentem coagidos por serem obrigados a sustentar uma política de imigração praticamente sem controle e que despeja nas pequenas cidades dezenas de milhares de pessoas que, apenas por estarem ali, passam a receber todo tipo de ajuda do governo sem estarem sujeitos a quaisquer responsabilidades, sequer ao compromisso de respeitar a cultura e a religião local.

Será mesmo tão difícil se colocar no lugar de um cidadão comum, que vive numa mesma região desde quando nasceu, que trabalha duro todos os dias e que de repente começa a ver pessoas de outra cultura e religião se instalando ao seu redor à custa dos impostos que ele paga porque assim foi decidido por burocratas em Bruxelas?

O fato não explorado pela grande mídia: A maioria dos imigrantes muçulmanos opta por países como Alemanha e Reino Unido apenas visando seus programas sociais; e neles se instalam sem o interesse em se integrar à sociedade e à cultura local; não raro, cobrando que o governo adote políticas de acordo com a religião deles. Isso é justo?

Quem, que defende isso, aceitaria em sua casa um visitante que impusesse a todos seus próprios hábitos?

4 – Além da questão da imigração, há também a insatisfação dos pequenos empresários com as regulações da UE, que beneficiam principalmente a grande indústria. O mesmo acordo que aboliu alfândegas e impostos também criou uma série de normas e burocracias.

Com toda certeza, os burocratas que assinam essas medidas não tem noção de como elas encarecem e desgastam a vida de um pequeno empresário.

5 – O termo União Europeia se transformou em eufemismo de distribuição de lucros e prejuízos entre os países, punindo governos austeros e premiando governos irresponsáveis.

A Grécia cometeu graves erros de administração, ocultou seus dados por alguns anos e quando a bomba estourou, mandou a conta para a União Europeia, que a repassou para todos os países do bloco. Isso é justo?

6 – Os custos com o acolhimento de imigrantes também são distribuídos entre todos os países, a despeito da opinião da população residente.

Para os burocratas sediados em Bruxelas e para os anjinhos socialistas de todo o mundo que amam os imigrantes com os quais não convivem, é muito fácil arbitrar que esse ou aquele país tem que receber imigrantes e ponto final. Difícil é a situação do cidadão comum que não é apenas obrigado a sustentar isso, mas também a tolerar aqueles que sequer respeitam sua cultura e religião.

7 – Para manter o livre trânsito de pessoas e mercadorias não é necessária uma caríssima (mais de 140 bilhões de Euros em 2015) estrutura política-burocrática como a União Europeia. Bastam assinaturas. Acordos podem ser firmados a partir de simples reuniões.

8 – A ideia de que os países europeus precisam da UE para se evitar conflitos não passa de um capricho socialista, pelas razões descritas na primeira consideração.

A humanidade amadureceu na medida em que o capitalismo se desenvolveu. O mundo civilizado aprendeu que é muito mais vantajoso estreitar relações comerciais do que invadir o vizinho para se apossar de suas riquezas. A Europa de hoje não é mais a Europa de um século atrás.

9 – O mundo não vai acabar por causa disso. Pouco ou nada mudará com a saída do Reino Unido da União Europeia. Acordos comerciais e políticos serão feitos caso a caso. O país continuará recebendo imigrantes, porém, a partir de seus próprios critérios, o que é um direito deles – assim como o é a cada indivíduo, que seleciona suas amizades a partir de afeições e interesses.

10 – A imigração não é um problema em si. O problema é a concessão de benefícios aos imigrantes. Primeiro, porque não é justo que cidadãos locais sejam obrigados a arcar com os custos de recém-chegados com os quais não têm qualquer relação ou afinidade. Segundo, porque quando um país se oferece para recebê-los, cria-se automaticamente uma demanda e o interesse político.

11 – Quem não está satisfeito com a situação de seu país tem todo o direito de buscar outro, porém, sem lhe cobrar nada além de liberdade para trabalhar.

12 – Pessoas que se sensibilizam com o drama dos imigrantes, que acham que eles merecem ajuda, devem se organizar para esse fim, dispor de seus próprios recursos para socorrê-los. O que não pode ser feito é cobrar que os governos obriguem todos a viabilizar isso.

Pessoas é que devem ajudar pessoas. Voluntariamente.

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