Para um típico esquerdista, tudo se resume à conta bancária. O esquerdista é aquele que acredita que é a economia, estúpido, e nada mais. Acompanha com Marx a “tese” de que a História é feita pela busca de interesses e só. Todos os males do mundo podem ser explicados com base nas “desigualdades sociais”, segundo essa turma. E o médico Drauzio Varella resume essa mentalidade com perfeição num único post sobre a cracolândia:
Mais de 7 mil pessoas curtiram esse comentário. Mas faz sentido? Troque “cracolândia” por qualquer outra coisa e tenha a prova concreta do preconceito da esquerda, que acha que o pobre é sempre um indivíduo incapaz, um criminoso, um pária social. O terrorismo é explicado pela pobreza. A criminalidade é justificada com base na miséria. É como se bastasse ser pobre para ser um monstro!
Como se a maioria dos pobres não fosse de gente honesta e decente. Como se vários viciados não viessem das classes média ou mesmo alta. Como se os líderes terroristas do Islã não fossem até milionários, como no caso de Bin Laden. Como se a conta bancária determinasse o destino das pessoas, uma visão tosca de classismo marxista, parida por um vagabundo que jamais pisou numa fábrica ou precisou trabalhar, pois era sustentado pelo amigo herdeiro.
Em O homem eterno, G.K. Chesterton refuta essa bobagem materialista, como podemos ver em alguns trechos:
A teoria materialista da história, segundo a qual todas as políticas e éticas são a expressão da economia, é na verdade uma falácia muito simples. Ela consiste apenas em confundir as condições necessárias da vida com as necessárias preocupações da vida, que são coisas bem diferentes. […] os homens não precisam viver para a comida pelo mero fato de não poderem viver sem comer. A verdade é que a coisa mais presente na mente do ser humano não é a parafernália econômica necessária para sua existência; é antes a existência em si: o mundo que ele enxerga todas as manhãs ao acordar e a natureza de sua posição geral dentro dele.
[…] O que nós queremos saber é o sentimento real que uniu socialmente muitos homens comuns, tão sensatos e egoístas como nós. […] Enquanto ignorarmos esse lado subjetivo da história, que mais simplesmente pode ser chamado de lado interior da história, sempre haverá certa limitação naquela ciência que pode ser superada com vantagem pela arte.
[…] Ninguém que saiba alguma coisa sobre soldados acredita na ideia tola dos catedráticos segundo a qual milhões de homens podem ser controlados pela força. Se todos eles afrouxassem, seria impossível punir todos os frouxos. […] Ninguém neste mundo acredita que um soldado diga: “Estou quase perdendo a perna, mas vou em frente até perdê-la, pois no fim das contas hei de desfrutar de todas as vantagens de meu governo e conseguir um porto de água quente no Golfo da Finlândia”.
[…] A história materialista é a mais louca e incrível de todas as histórias, ou até mesmo de todos os romances. Qualquer que seja o desencadeador bélico específico, o alimento das guerras é alguma coisa na alma: isto é, algo semelhante à religião. É o que os homens sentem acerca da vida e da morte.
Reduzir as ações humanas a um cálculo financeiro é uma tolice, ou talvez uma projeção psicológica. Afinal, como sabia Benjamin Franklin, “aquele que é da opinião de que o dinheiro fará qualquer coisa pode muito bem ser suspeito de fazer qualquer coisa por dinheiro”.
A miséria financeira é terrível, uma desgraça que costuma estar presente onde há menos capitalismo, uma vez que ela é a condição natural da humanidade, ou então o resultado artificial do socialismo. Mas a miséria espiritual é ainda pior. E é essa que normalmente aproxima tanta gente desesperada das drogas pesadas, vistas como uma fuga para a realidade.
Há muita gente pobre que nunca chegou perto de drogas. E há muito riquinho entediado, artistas engajados, que só conseguem ir a uma festa se ela for “regada” a cocaína. Quantas celebridades já não destruíram suas vidas e a de seus familiares por causa das drogas? Os materialistas precisam acordar para a realidade: nem tudo se resume ao bolso!
Rodrigo Constantino