Muito se comentou sobre a fala de Bibi Netanyahu sobre Hitler ter absorvido a ideia de exterminar judeus com um líder palestino, e historiadores entraram em campo para dizer que não foi bem assim. De fato, não foi. O líder palestino é que bebeu na fonte nazista, para alimentar o ódio ideológico aos judeus, conforme relatei em meu Esquerda Caviar:
Já na Primeira Guerra os árabes muçulmanos lutaram, em sua maioria, ao lado dos imperialistas otomanos e, mesmo derrotados, ficaram com cerca de 80% do território. O primeiro estado estabelecido na Palestina foi um emirado, chamado Transjordânia, exclusivamente árabe. Havia, porém, clara oposição à formação de um estado judaico, e os líderes árabes começaram a exigir a eliminação de qualquer presença judaica na Palestina. Muitos gritavam que “a religião de Maomé nasceu com a espada”.
Os ocidentais, em especial os britânicos, acreditaram que a centralização do poder nas mãos de um religioso ou político facilitaria o controle da região. Husseini foi escolhido, mas tratava-se de um antissemita virulento, com declarado ódio aos judeus. O líder dos palestinos aproximou-se de Hitler, e insistiu que sua “solução final” chegasse à Palestina, liquidando os judeus do mapa. Em 1929, ocorreu o massacre de Hebron, quando sessenta judeus foram mortos e o restante, expulso da cidade.
Em 1937, a divisão em dois estados foi proposta, e os judeus aceitaram de imediato, enquanto os árabes rejeitaram. Demandavam que a Palestina ficasse sob total controle árabe, e que os judeus fossem transferidos a outro país. Durante o Holocausto, a suástica se tornaria um símbolo bem recebido entre muitos palestinos, e a SS daria tanto apoio financeiro como logístico aos pogroms antissemitas na Palestina.
Em 1944, uma unidade de comando árabe-alemã, sob as ordens de Husseini, foi lançada na Palestina num esforço para envenenar os poços de Tel Aviv. Mesmo estando novamente do lado perdedor da guerra, várias vantagens seriam oferecidas aos palestinos após a queda de Hitler. Mas não era suficiente. Os judeus tinham de sumir dali, e a criação de Israel, para proteção dos judeus, nunca foi aceita.
Israel ocupa algo como 0,5% do território do Oriente Médio, e um trecho sem uma gota de petróleo. Não aceitam nem isso. Há uma charge que resume com perfeição a situação: inúmeras cadeiras do lado esquerdo, com o nome dos países todos (Líbia, Egito, Síria, Jordânia, Iraque, Irã, Arábia Saudita etc.), e um árabe gritando para um isolado judeu, sozinho do lado direito, que estaria sentado em sua cadeira.
Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? Hitler influenciou o líder palestino ou o contrário? Esse foi o tema da coluna de hoje na Folha de João Pereira Coutinho também. Hitler e os nazistas já nutriam ódio pelos judeus, isso é inegável. O que ocorreu foi mais uma simbiose, uma retroalimentação de um ódio comum:
Resumindo uma longa e complexa história, a partir do momento em que os britânicos, nos escombros da Primeira Guerra, decidiram que a Palestina deveria ser partilhada entre judeus e árabes, que já habitavam o território sob administração do Império Otomano (império que desapareceu na guerra), os árabes recusaram essa partilha. Assim começou, no essencial, a luta que dura até hoje.
Confrontado com essa violência, Londres acreditou que o “mufti” de Jerusalém era a pessoa indicada para tentar sossegar os ânimos. Errou. Barbaramente. Al-Husseini não era apenas um antissemita virulento, que incitava aos confrontos e desejava uma limpeza étnica na Palestina.
Com o Terceiro Reich, o “mufti” estabeleceu relações de amizade e cooperação com Hitler. Na Palestina, criou os “escoteiros nazistas” (uma cópia da Juventude Hitlerista); recebeu apoio financeiro da Alemanha e até da Itália para a luta contra os judeus; e quando, na Alemanha, conheceu finalmente os campos de concentração, retornou à Palestina para também construir um campo do gênero perto da povoação de Nablus.
Logo, como diz Coutinho, “o Terceiro Reich apenas deu alimento suplementar a um ódio ideológico que já existia na Palestina”. E esse ódio continua vivo até hoje. Não se trata de um problema territorial, como tanta gente acredita e espalha por aí. “É um problema ideológico que não tem solução enquanto uma das partes olhar para os judeus exatamente como Hitler olhava para eles”, conclui Coutinho. E basta ver alguns comentários nas redes sociais para verificar isso:
Isso pego aleatoriamente na rede social, de brasileiros. Agora imaginem o que escutaríamos de palestinos no Oriente Médio! Portanto, em resposta aos que insistem em culpar Israel ou alguma “invasão territorial”, só nos cabe parafrasear o assessor de Bill Clinton: é a jihad, estúpido!
Não tente encontrar motivadores racionais para o ódio aos judeus, pois ele é patológico, ideológico. E quem não aceita a legítima-defesa de Israel pode fingir o quanto quiser, mas também padece de judeofobia.
Rodrigo Constantino
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