E o Brahma, também conhecido como Lula?

Outro dia uma esquerdista metida a intelectual cobrou dos opositores do governo uma reação ao Porsche de Eduardo Cunha. Como se os opositores defendessem o presidente da Câmara como algum santo! Mas o ponto é outro: ela queria falar das desigualdades do país, enquanto os adversários do PT contam com um político cheio de milhões em contas na Suíça. Sério?

O mais espantoso é sempre o duplo padrão. Essa moça jamais abriu a boca para falar dos milhões de José Dirceu como “consultor”, por exemplo. Tampouco lhe incomoda os vários milhões na conta do próprio ex-presidente Lula, ou então na dos seus filhos multimilionários.

O Porsche de Cunha é símbolo, para ela, da desigualdade no país, fruto do sistema “capitalista” (capitalismo de estado, na verdade, ou semi-socialismo), mas não a fortuna dos petistas. Não é fofa?

Os milhões obtidos de forma mais que suspeita pela família Silva foram tema da coluna de Gil Castello Branco, do Contas Abertas, no GLOBO hoje. Diz ele, após enumerar vários casos estranhos de enriquecimento da família toda de Lula:

De fato, já passou da hora de apurar se as viagens do “Brahma” como garoto-propaganda de algumas empresas escolhidas — a maioria envolvida na Lava-Jato, cliente do BNDES e financiadora de campanhas eleitorais — tem relação com o sucesso dos familiares, com as gentilezas das empreiteiras, com as milionárias palestras e, ainda, com as fartas doações ao Instituto Lula. Um dos fundadores do PT, Hélio Bicudo, disse que Lula enriqueceu de forma ilícita e tem, hoje, uma das maiores fortunas do país.

No Brasil, a representação da Justiça mais conhecida é a de Alfredo Ceschiatti. A escultura, no Supremo Tribunal Federal, mostra uma mulher sentada, com a espada sobre as pernas, sem a balança e com os olhos vendados. Com todo o respeito que o artista merece, prefiro a imagem grega, em que a Justiça está ereta, com a espada, a balança e os olhos bem abertos.

A “Justiça” brasileira costuma ser bem seletiva. A própria esquerda diz que rico não vai em cana, só pobre, mas sempre focando nos empresários e deixando de fora os políticos poderosos. Quem fica revoltado com o Porsche de Cunha, mas não com a fortuna da família Lula, tem sério desvio de caráter. Por mim, que ambos fiquem disputando quem tem mais riqueza… na prisão!

Rodrigo Constantino