A festa do Oscar é talvez a mais politizada e ideologizada do planeta, com a bolha da bolha da esquerda caviar tecendo autoelogios, mesmo quando a celebridade em questão é acusada das coisas mais bárbaras, enquanto demoniza seus adversários da direita, tratados como monstros insensíveis e cruéis. É um momento de autocongratulação de quem perdeu completamente o elo com a realidade, num grau de hipocrisia que chega a impressionar.
Pura retórica, como se ali estivessem as melhores pessoas do planeta, as almas mais caridosas e desprovidas de preconceitos, fazendo o possível para salvar a humanidade, torná-la um pouco mais parecida com… essa elite mesmo. Narciso acha feio o que não é espelho. O esforço em parecer descolado e “mente aberta” é comovente, e deve ser bastante cansativo. “Talk is cheap”, diz o ditado, que certamente não é levado em conta por essa turminha.
As lindas ricaças com prédios inteiros pendurados nas orelhas brilhantes vão defender os “pobres e oprimidos” das elites brancas malvadas. Ali só dá gente rica e poderosa, e apesar do imenso esforço politicamente correto por mais diversidade, a grande maioria é formada por brancos. Mas o alvo é sempre a elite branca rica e poderosa! Alexandre Borges ironizou a situação:
Ironia perfeita também foi a Wal-Mart patrocinar o Oscar, a festa mais esquerdista e politicamente correta que existe. A esquerda odeia a Wal-Mart, que nāo gosta de sindicatos e é acusada de pressionar os salários para baixo. Mas, pelo visto, a esquerda gosta de sua grana, o que simboliza a hipocrisia dessa “beautiful people”. No mais, qual a última vez que um ator ricaço desses entrou numa Wal-Mart, loja do povāo que votou no Trump? Se ainda fosse uma Whole Foods…
Tivemos momentos impagáveis na cerimônia de ontem, talvez a mais politizada de todas (e o pessoal se esforça a cada ano, seja para bajular o presidente quando se tratava de Obama, seja para demonizar o presidente no caso de Trump). Fala-se muito em “diversidade”, em “direitos das minorias”, em “pluralismo”, só não se fala tanto em filmes. Esses são apenas o pretexto para a mensagem política. E aprendemos coisas incríveis sobre isso ali.
Por exemplo: que o Irã tem muito a ensinar aos Estados Unidos o que é democracia! Sim, o melhor filme estrangeiro foi para um iraniano, e na hora dos agradecimentos, claro que sobraria para… Trump! Imaginar que o alvo de seus ataques seria seu próprio governo, uma tirania que faz de tudo para buscar o armamento nuclear para destruir Israel, é bancar o ingênuo que não sabe de nada. Legal mesmo é dar lição de democracia aos americanos, que elegeram alguém feito Trump. Lindo! Lindo! Alexandre Borges, novamente, deu uma boa dica:
A noite foi das “minorias”, claro. Nem fica a impressão de ser algo forçado, artificial. Resta perguntar como as mulheres são tratadas no Irã, país em que a campeã de xadrez é expulsa do time nacional só por se recusar a usar lenço na cabeça. Meryl Streep não tinha uma só palavra de conforto para a pobre vítima dessa intolerância? Não. Perto da enorme ameaça que Trump representa para todas as mulheres do mundo, é óbvio que o alvo teria que ser ele, não o governo opressor do Irã. Celebremos a diversidade!
É óbvio que muito seria falado – e foi – sobre a construção de muros. Um absurdo! Precisamos é de pontes! Mas tudo isso era repetido dentro do estabelecimento totalmente cercado, protegido por inúmeros seguranças, com as famosas celebridades fechadas atrás de enormes… muros! No olho dos outros pimenta é refresco, não é mesmo? Atores vivem de enganação, de convencer com base na mentira, não vamos esquecer disso. Sabem provocar emoções, não necessariamente a razão. Os discursos precisam ser belos. O que ocorre nos bastidores não importa…
E o tal anúncio do “New York Times”, o jornalzão que fez intensa torcida para Hillary Clinton e que Trump chama de “falling NYTimes”? A elite culpada foi ao delírio: uma resposta dura a esse presidente mentiroso que fica falando de “fake news”. Cáspita! O NYT, que antes de 2008 tinha editoriais contra a imigração descontrolada no país, mudou subitamente de opinião a partir desse ano. O que mudou?
Simples: ele quase foi à bancarrota, e foi salvo por… Carlos Slim! Sim, o magnata mexicano. Piada pronta, portanto: o jornal de Carlos Slim, o maior beneficiado com a imigração ilegal de mexicanos nos EUA (milhões de mexicanos precisam ligar para seus familiares em casa pagando as absurdas tarifas da Telmex, ou mandam dinheiro usando os bancos de Slim, ou consomem mais produtos nas redes de varejo do mesmo Slim), vai ensinar sobre verdade objetiva e imparcialidade jornalística. O sujeito é o maior ícone do “capitalismo de compadres”, e vai nos dizer o que é verdade. É como o goleiro Bruno fazer uma campanha sobre como tratar bem as ex-namoradas…
E, em meio a tanta hipocrisia, inversão, mentiras e tudo mais, claro que o fechamento da noite tinha que ser com a mais deliciosa das ironias: as celebridades defenderam as “fake news” a noite toda contra o presidente Trump, apenas para acabarem a festa com uma… fake news! O filme vencedor não foi afinal “La La Land”, mas sim “Moonlight”. O musical com Emma Stone e Ryan Gosling pode até ter levado no “voto popular”, mas perdeu no tapetão do Oscar, pois não era politicamente correto o suficiente. Eis o momento da confusão:
Hollywood e “fake news”, tudo a ver!
PS: Sobre essa bagunça estranha, Leandro Ruschel foi direto ao ponto:
Pois é: governar os Estados Unidos é moleza; difícil mesmo é ler um envelope direito!
Rodrigo Constantino