Vivemos em tempos estranhos, muito estranhos. Como vou explicar ao meu filho, que pode nascer a qualquer momento, que um filme clássico como “E o vento levou…”, uma bela história de amor, não pode mais ser mostrado na telona do cinema porque afeta a sensibilidade de uma minoria organizada? É isso mesmo: na incansável luta pelo revisionismo histórico, a “marcha das minorias oprimidas” derruba estátuas, apaga livros e proíbe filmes!
O The Orpheum, em Memphis, anunciou que devido à natureza “insensível” do filme, o teatro não mais incluiria o clássico em sua série de filmes de verão. Uma afiliada da CBS local reportou que a decisão veio após o teatro receber várias mensagens negativas depois da última exibição da película, no dia 11 de agosto, um dia antes da violência em Charlottesville.
O filme, que se passa num sul agrícola durante a Guerra Civil, não seria “apropriado” ao clima cultural atual. A população de Memphis, afinal, é quase dois terços formada por “afro-descendentes”, e no filme vemos escravos negros. Claro que ninguém tem maturidade para entender o contexto, para reconhecer um passado que passou, e para diferenciar ficção de realidade. É preciso retirar da tela qualquer possibilidade de “ofensa” às “minorias” (no caso, à maioria).
Qual será o próximo passo dos inquisidores da seita politicamente correta? Como eles podem fazer Torquemada parecer um aprendiz? O que falta para começarem a queimar livros em praça pública? Pessoas normais, que não cederam a essa histeria da “revolução das vítimas”, terão muita dificuldade em educar seus filhos de forma decente num ambiente hostil e contaminado desses.
Vou ter que mostrar ao meu filho os clássicos, e deixar claro que a professora “sensível” não passa de uma covarde, incapaz até de afirmar o óbvio: foi no Ocidente “racista” que a escravidão acabou, não começou, e foi na América “machista” que as tais “minorias” conquistaram mais direitos, garantias, liberdade e, sem dúvida, prosperidade. Ou alguém acha que os negros vivem melhor… na África, que exportava os escravos?
Rodrigo Constantino
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