Não sou médico nem mulher. Logo, não pretendo entrar no mérito em si da questão “cesariana versus parto normal”. Deixo isso para os que entendem mais do assunto. O que sei é que há claramente um fator ideológico poluindo o debate, justamente por parte daqueles que não entendem do assunto, e que os médicos têm se tornado os bodes expiatórios do atual governo.
E pule de dez: basta colocar a lupa e lá estarão as impressões digitais da Fiocruz, que virou um verdadeiro antro de doutrinação ideológica, um instrumento partidário totalmente desvinculado de suas funções básicas e originais. A Fiocruz virou uma máquina de produzir ideologia em vez de vacina.
Em recente pesquisa, a Fiocruz trouxe à tona o tema das cesarianas. Mas a Associação de Ginecologia Obstetrícia do Rio de Janeiro já se manifestou, mostrando a falta de critérios científicos dessa pesquisa, como tem sido de praxe na Fiocruz. Segue um trecho da carta que será publicada pelos representantes dos obstetras, e que foi enviada em primeira mão a este blog:
Os resultados da pesquisa “Nascer no Brasil” divulgados hoje com grande pompa pela FIOCRUZ mostram como sempre conclusões claramente contra os médicos obstetras e contra a cesariana com uma ideologia bastante enviesada nesse sentido. Isso começa a ter repercussão na qualidade e confiança dos estudos divulgados por essas instituições. Mais importante ainda esse cuidado após pesquisa do IPEA (outro órgão governamental) mostrar em seus resultados inicialmente liberados que a maioria da população brasileira era a favor de atacar mulheres que se vestem mostrando o corpo e depois virem a público com novos dados. Verbas imensas com valores de muitos milhões de reais são liberadas pelos institutos públicos de fomento brasileiros para pesquisas sobre desfechos relacionados à via de parto e os grupos que ganham os editais são, na maioria das vezes, os mesmos. Os resultados, antes mesmo dos estudos serem iniciados, já se sabem que serão contrários aos médicos obstetras. As conclusões, por vezes, são completamente discordantes dos resultados mostrados pelos estudos ou não têm embasamento e poder para tal assertiva.
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O governo usa essa cortina de fumaça contra a cesariana e os médicos para esconder a precariedade do sistema público de saúde notória. Retirar o médico da assistência e diminuir as taxas de cesarianas é uma forma de diminuir gastos em detrimento da saúde dos brasileiros. Impressionante como no atual momento ONGs de feministas são mais ouvidas em questões técnicas em relação ao parto que as associações científicas da ginecologia e obstetrícia. Mais que um absurdo que coloca em risco a população, isso é um desrespeito com os profissionais obstetras do Brasil. Recentemente, uma reunião da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara sobre temas relacionados a partos de onde saiu um projeto de lei sobre o tema não chamou qualquer entidade representativa dos ginecologistas-obstetras. O resultado disso foi um Projeto de Lei completamente absurdo que se aprovado da forma como está colocará em risco as gestantes do Brasil.
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O aumento das cesarianas no Brasil vem sendo acompanhado por diminuição das taxas de mortalidades materna e neonatal nas últimas décadas. Embora não tenhamos como assumir associação causal, não podemos esquecer esse dado. Esse cuidado de não se assumir associação causal sem provas não existe entre os detratores dos médicos obstetras que teimam em relacionar aumento de prematuridade com a taxa de cesarianas, embora os estudos deles nem de longe permitam essa assunção.
Importante também lembrar que a Coreia do Sul que tem taxas similares às do Brasil na quantidade de cesarianas tem uma das menores mortalidades maternas do mundo, juntamente com o Japão.
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Querem tirar o direito das brasileiras pobres de escolherem sua via de parto. Mas se sabe que as abastadas podem e geralmente escolhem a cesariana como via de parto. Não à toa as taxas próximas de 90% de cesarianas em hospitais privados. A própria filha da Presidente da República teve seu parto por cesariana em hospital privado feito por médica obstetra com sua mãe no exercício da Presidência. O desfecho foi perfeito tendo resultado em um menino saudável que é o grande xodó da Presidente.
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Clamamos para que os estudiosos de saúde pública do Brasil que nos trouxeram tantas pesquisas de qualidade nas mais diversas áreas tenham um pouco mais de imparcialidade nessa área tão importante para que possamos realmente compreender melhor nossa realidade e buscarmos soluções conjuntas que sejam efetivas e não embustes para que os obstetras e a população voltem a confiar nos resultados dos estudos sobre esse tema e, principalmente, para que esses estudos tenham utilidade prática pois as nossas taxas de cesarianas somente sobem nas últimas décadas. É importante destacar que a FIOCRUZ que tem tantas áreas de excelência na pesquisa de doenças naturais com programas de pós-graduação com nota máxima pela CAPES (nota 7) tenha nota 4 no programa de Saúde da Mulher. A FIOCRUZ, recentemente, foi acusada pelas associações de agrotóxicos por lançar pesquisas com viés ideológico. Recentemente, a FIOCRUZ contratou um instituto de pesquisa para avaliar sua confiabilidade pela imprensa. Algo inimaginável tempos atrás. Acreditamos que essa importante instituição tenha que adotar uma nova postura.
Pedir imparcialidade da Fiocruz dos dias de hoje é pedir por um milagre! E o pior é que parte da mídia adota a mesma postura. O diretor da SGORJ, Raphael Câmara, foi entrevistado na Globo News. Mas reparem como a entrevistadora Leilane Neubarth vestiu o papel de ativista e o impediu de concluir qualquer tipo de raciocínio. Isso é uma entrevistadora? Não pareceu. Era uma ativista com uma causa, tentando extrair a fórceps do entrevistado concordâncias robóticas, nada mais.
A SGORJ já também publicou uma carta contestando a reportagem do jornal do mesmo grupo sobre o excesso de cesarianas. O que podemos verificar é que um importante assunto vem sendo tratado como bandeira ideológica, não como algo que deva ser debatido de forma mais isenta e por especialistas, sem deixar de lado jamais a liberdade de escolha das próprias mulheres.
Se o parto normal é melhor ou pior do que a cesariana, eu não sei dizer. Creio que depende muito de cada caso, apesar de julgar como balela o viés mais naturalista de algumas pessoas, que tendem a rejeitar qualquer avanço da ciência (mas duvido que, na prática, rejeitem uma anestesia na hora de tirar um dente). Mas de uma coisa eu sei: está na hora de fazer uma cesariana na Fiocruz e extirpar dela todo o comunismo enraizado lá dentro!
Rodrigo Constantino
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