Certa vez dei uma palestra num evento em que estava Salim Mattar, um dos fundadores da Localiza, empresa de aluguel de veículos que compete, com sucesso, com as gigantes internacionais. A fala de Salim chamou a minha atenção, principalmente quando ele perguntou onde estavam os nomes de ruas e avenidas em homenagem aos empreendedores brasileiros. Só se vê nome de político, inclusive ditador. Mas empreendedor que é bom, nada.
O Brasil não tem uma cultura de valorização dos empreendedores, que enaltece o risco, o desbravador que mergulha numa aventura para inovar no mercado. Nosso país prefere a estabilidade do serviço público, olha para o estado como uma espécie de Deus laico que vai resolver todos os nossos problemas.
O ambiente de negócios não ajuda, pois é um dos mais hostis do mundo. A burocracia é asfixiante, a carga tributária é indecente, a infraestrutura é capenga e a mão de obra é pouco qualificada. Mas o fator cultural também é relevante. Nossos empreendedores simplesmente não são valorizados o suficiente. Ao contrário: a mentalidade marxista os trata como exploradores!
Isso precisa mudar. As novelas deveriam apresentar empreendedores bem-sucedidos, felizes, decentes, como se fossem heróis. Foi o grande mérito da novelista russa Ayn Rand: pintar o empreendedor como um herói, como alguém que está em busca da excelência, de um legado, e não como um oportunista explorador de olho no ganho fácil de curto prazo, como muitos enxergam esses empreendedores.
Terminei neste fim de semana uma biografia de Elon Musk, o empreendedor por trás do PayPal, da Tesla e da SpaceX, e fica claro seu comprometimento com uma causa, na qual está disposto a colocar tudo a perder. Quase quebrou em 2008, na crise. Hoje tem mais de US$ 10 bilhões de patrimônio. Explorador? Só se for do espaço! Sua fortuna é mérito pessoal, fruto da criação de muito valor para a sociedade.
Os empreendedores não são os vilões, e sim os políticos e burocratas que criam obstáculos ao empreendedorismo. Acho que o Brasil deveria ter até revistas em quadrinho com heróis empreendedores. Está na hora de mostrar ao público quem efetivamente produz a riqueza que os esquerdistas só querem pilhar e distribuir, como se caísse do céu…
Rodrigo Constantino