Por Hiago Rebello, publicado pelo Instituto Liberal
Não, uma vitória (agora, praticamente, impossível) de Lula nas eleições desse atual ano não é a pior coisa que pode ocorrer – o maior mal que pode ocorrer em 2018 é um possível ataque nuclear em solo americano – um regime naturalmente genocida, como a Coreia do Norte, que controla sua população com mãos de ferro e grilhões em brasa, detém ao mesmo tempo o poder de decidir a vida e a morte de milhões de americanos não é algo de se jogar fora, em qualquer análise.
Se, por algum acaso, todo o sistema de defesa estadunidense e de seus aliados no Pacífico falharem em abater um míssil balístico intercontinental norte-coreano, resultando em um ataque nuclear em solo americano, como em alguma ilha do Havaí, ou mesmo dentro do território continental dos Estados Unidos, como a esquerda reagirá?
Usaremos como um exemplo à cidade de Los Angeles, na Califórnia – berço e centro de uma boa parte da New Left ocidental. Com a Coreia do Norte sendo cortejada e admirada por vários partidos da esquerda brasileira e mundial, além de vários amantes do comunismo e do socialismo; como, também, a New Left reagirá, se o maior centro progressista da América do Norte for dizimado por comunistas norte-coreanos?
Em quem por a culpa maior? No regime ditatorial da Coreia do Norte? Não é impossível…
Memória, História e esquerda não se dão muito bem, e não é de hoje. A esquerda global, por exemplo, bateu palmas e adorou a aliança dos nazistas e comunistas, para invadir a Polônia, no século passado, contudo, poucos anos mais tarde, se esqueceram da ajuda que a URSS deu à Alemanha, para esta se erguer e ameaçar todo o mundo ocidental, quando soviéticos e nazistas entraram em guerra aberta; dentro da própria URSS, Nikita Khrushchov tentou apagar o passado sanguinário de Stalin, e até hoje a esquerda tenta se reinventar, se descolar de seu próprio passado sanguinário, colocando a União Soviética como uma deturpação de Marx (a New Left é a mãe dessa argumentação), ou até mesmo preservando ditadoras assassinas, como Cuba e Venezuela, mas dizendo defender a paz e a democracia – ou mesmo conservando e mantendo uma imagem heroica de um assassino declarado, Che Guevara, como símbolo cultural e político.
A esquerda, claro, pode se desfazer de tudo isso, dentro de seu processo dialético. Basta um pouco de pressão, basta a quantidade de atrocidades ser escancarada; basta parecer feio para todos, que tudo pode ser abandonado em nome da busca ideológica da esquerda pelo amanhã ideal, mesmo que essa mesma marcha para o amanhã tenha causado todos os morticínios anteriores.
Se Los Angeles sumir do mapa por causa da Coréia do Norte, o regime Norte-coreano pode, magicamente, também deturpar Marx e o comunismo para uma boa parte das pessoas que o defendiam. Não importa se a Coreia do Norte era defendida, relativizada em sua ditadura criminosa, amenizada, ignorada, etc., por indivíduos e grupos de esquerda; também não importará todo o histórico bibliográfico e propagandístico, retórico e midiático por parte de certas esquerdas sobre a Coreia do Norte, pois ela terá deturpado alguma figura totêmica da ideologia, se parecer feio de mais destruir Los Angeles.
Mas esta é apenas uma das reações possíveis e, infelizmente, a mais improvável em um curto prazo.
É muito mais fácil colocar toda a culpa em Donald Trump, mesmo que este não inicie um ataque. “Para que esse sujeito foi cutucar um vespeiro? A Coreia estava quieta, há décadas, até Trump assumir o poder!”, é o que muitos já se indagam. Preferem que a Coréia do Norte continue a crescer como potência nuclear, como um cão de guarda da China (mas também da Rússia) no Pacífico Norte, contra os EUA; preferem, claro, que também exista uma arma nuclear apontada para a Coréia do Sul, EUA e o Japão, arma esta nas mãos de um tirano que mata qualquer um que discorde de seu governo.
Donald Trump foi o primeiro presidente americano a tomar uma atitude decisiva contra as ameaças de matança da Coréia do Norte. Culpa-lo é como alguém te responsabilizar pelo fato de você ter se armado, visando se defender de alguém que já tem uma arma guardada para você e sempre ameaça te matar, quando vocês se encontram – mas razão, bom-senso e um justo entendimento da realidade nunca foram pontos fortes da esquerda.
A reação mais provável é culpar Trump pela morte de milhões de americanos e, depois, pela morte de milhões de Norte-coreanos. A retaliação nuclear dos EUA irá aniquilar a Coréia do Norte, e Trump seria taxado de genocida, um nazista, um sujeito que, por seu ódio, fez seu próprio povo e outros povos sofrerem.
Todas essas duas reações da esquerda serviriam para uma única coisa: se safar. Não podem ser os culpados, jamais, por conta de suas ações, de um efeito em cadeia gerado pela essência de suas crenças para um “mundo melhor”. Em nome dessa sobrevivência ideológica, vale tudo: fizeram isso no passado, farão no futuro.
Pouco importa se douraram o regime Norte-Coreano, jamais questionando sua existência, nunca pedindo por um fim do comunismo lá, sempre considerando os ditadores daquele país miserável como líderes legítimos; não importa se já fizeram de tudo para defender o sistema comunista na Coreia, seja relativizando a ditadura de lá, seja acreditando, de modo delirante, que a Coreia do Norte é uma espécie de paraíso do proletariado, contra o capitalismo americano.
Não farão uma autocrítica de fato, porém, apenas uma troca de “eixo” para tentarem arranjar um culpado, sem ver, na essência de suas crenças, o erro fundamental das esquerdas revolucionárias em geral. Preferirão arranjar um culpado, seja o regime norte-coreano, seja Donal Trump e os EUA, nem mesmo se um dos maiores redutos da New Left for dizimado, não erguerão um dedo: terão a preferência de dizer que os seus, afinal, não era os seus, mas sim deturpadores da ideologia; ou irão, com muito mais probabilidade, preferir culpar um país que não ousou ser submisso ao seu inimigo de esquerda, que ousou não tolerar mais ameaças de destruição total e extermínio para seu próprio povo e seus aliados.
Como sempre, a esquerda preferirá a covardia e a canalhice.
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