Por Marcel Balassiano, publicado pelo Instituto Liberal
O PIB recuou 0,2% em comparação com o quarto trimestre de 2018, segundo os dados das Contas Nacionais divulgados pelo IBGE. Durante a recessão, houve oito trimestres consecutivos de queda do PIB nessa mesma base de comparação. No pós-recessão, oito trimestres seguidos de crescimento positivo (1T17-4T18), sendo interrompidos agora no 1T19 (primeiro trimestre de 2019) com essa queda. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, houve um crescimento de 0,5%, a menor taxa desde o primeiro trimestre de 2017.
No Gráfico 1 há o nível do PIB, mostrando o quanto ainda falta para recuperar os mesmos níveis pré-recessão. A perda acumulada entre o 2T14 e o 1T19 está em 5,3%.
Nesse trimestre, em comparação com o 4T18, houve recuo da agropecuária (-0,5%), indústria (-0,7%), investimentos (-1,7%) e crescimento (modesto) positivo dos serviços (0,2%), consumo das famílias (0,3%) e consumo do Governo (0,4%). As expectativas de mercado indicam um crescimento de 1,2% para este ano, mantendo o mesmo baixo crescimento dos anos posteriores ao fim da recessão (2017 e 2018, com crescimento de 1,1% ao ano).
Ano passado, 84% dos países do mundo cresceram mais do que o Brasil, segundo dados do FMI. No período 2011-2018, passando pela forte recessão (2014-16) e recuperação lenta e gradual da economia (2017-18), mais de 90% dos países cresceram mais do que o Brasil, mostrando o quanto realmente a atividade econômica está fraca e muito pior do que a maior parte do mundo.
O PIB per capita apresentou uma perda acumulada de quase 9,0% desde o período anterior à recessão. Nos últimos cinco anos, recuou, em média, 1,7% ao ano. Em 2018 ficou praticamente estável, com crescimento real de 0,3%. Nos últimos quase 40 anos (1980-2018), o PIB per capita cresceu, em média, 0,9% ao ano. Se desconsiderarmos estes últimos cinco anos, de recessão (2014-2016) e recuperação lenta e gradual da economia (2017-2018), o PIB per capita cresceu, na média, 1,3% ao ano durante os últimos 34 anos (1980-2013). Caso mantenha esse crescimento (1,3%), o nível do PIB per capita voltaria ao mesmo nível pré-recessão no 2T24. Se mantiver o crescimento das últimas quatro décadas (0,9%), o nível do PIB per capitavoltaria ao mesmo nível pré-recessão no 3T28. E, caso mantenha o mesmo ritmo do ano passado (0,3%), praticamente estagnado e com uma perda acumulada muito grande, o cenário será mais dramático ainda, voltando ao mesmo nível só daqui a mais de 25 anos (4T45).
O grande problema macroeconômico do Brasil hoje em dia é o fiscal. Após 16 anos de superávit primário (1998-2013), a partir de 2014 o país passou a apresentar déficit primário. Já são cinco anos consecutivos que o país gasta mais do que arrecada, excluindo os juros. Com isso, a dívida bruta (em proporção do PIB) subiu fortemente. A média da dívida entre 2006 e 2013 foi de 55%, e, a partir de 2014, a dívida cresceu até chegar aos 78% atualmente. Por isso que a reforma da Previdência é tão importante para o futuro do país, já que as despesas previdenciárias correspondem a grande parte das despesas primárias da União, sendo isso também um problema dos Estados e Municípios.
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia divulgou um relatório “Efeito da reforma da previdência no crescimento do PIB” com dois cenários (com reforma da previdência e sem reforma). No primeiro cenário, de acordo com as projeções da SPE/ME, a média de crescimento do PIB brasileiro no período 2019-2023 seria de 3,0%, ao ano. Caso contrário, o país voltaria à recessão em 2021, e a média de crescimento nesses cinco anos (2019-2023) seria de queda de 0,5%, em média, ao ano. Então, reverter esse grave problema fiscal é de fundamental importância para o Brasil voltar a crescer mais e com isso reverter o cenário de desemprego alto.