Por João Luiz Mauad, publicado pelo Instituto Liberal
Ontem critiquei duramente algumas manchetes do jornal Estado de São Paulo, tanto na primeira página da versão impressa quanto no portal de notícias, que insistiam em debitar à Operação Lava Jato a causa dos problemas financeiros por que passa a Petrobras, ainda que de forma dissimulada.
Hoje, felizmente, o jornal paulista faz um mea culpa e, em editorial irretocável, coloca os pingos nos is, mostrando com clareza as verdadeiras causas dos problemas da companhia. Diz o texto:
“Começa a dar resultados o esforço para salvar a Petrobrás e tirá-la do atoleiro para onde foi empurrada pelos erros e crimes cometidos na era petista… Falta muito para voltar à posição de 2008 …, mas a recuperação claramente começou. Com a mudança de governo, a gestão da empresa voltou a ser profissional e um programa de reabilitação financeira e econômica está em execução. Há muito por fazer, mas a nova administração da maior estatal brasileira mostra o caminho.
(…)
O enorme peso desses compromissos indica muito mais que um desarranjo financeiro. A empresa endividou-se enquanto perdia capacidade de geração de caixa e potencial de investimento. Parte do dinheiro fornecido pelos financiadores foi simplesmente muito mal empregada – para usar uma expressão suave. Durante anos, cada dólar ou real acumulado nesse passivo rendeu muito menos do que poderia render, em condições normais. As causas são conhecidas. Grandes investimentos foram mal planejados. Compras foram superfaturadas, numa orgia de corrupção. Recursos foram desperdiçados no esforço para cumprir a regra de origem nacional de bens e serviços. A administração foi engessada pela participação obrigatória da empresa em todos os projetos de exploração do pré-sal.”
Como se vê, é absurdo o descompasso entre a visão dos editores e o trabalho desastrado de seus subordinados. Aqueles conhecem a situação real e o caminho para a solução dos problemas. Esses, sem qualquer compromisso com a opinião do jornal, insistem em disseminar versões produzidas pelos formadores de opinião petistas.
Não sou daqueles que acham que os jornais devem divulgar apenas uma opinião, mas é aconselhável que, na medida do possível, as opiniões sejam emitidas nas páginas apropriadas, e não nas manchetes ou no corpo das matérias, cujos teores deveriam ser os mais isentos e objetivos possíveis, segundo a boa técnica jornalística.
O episódio em questão demonstra que, no mínimo, está faltando supervisão e/ou revisão das matérias publicadas pelo jornal. É inaceitável que os editores do estadão tenham deixado passar aquelas manchetes de ontem. Que fique claro que não estamos tratando aqui de liberdade de expressão, mas de coerência e de direito de propriedade. Portanto, fica a sugestão.
Comentário do blog: só gostaria de acrescentar que a manchete acaba tendo mais repercussão do que os editoriais, que muitos sequer leem. Logo, a presença de um bom editorial num jornal dominado por “jornalistas” de esquerda, que abusam de manchetes enviesadas, acaba tendo o efeito nefasto de dar legitimidade a um instrumento de doutrinação, e o jornal todo acaba visto como sendo “de direita”, enquanto a mensagem que alcança a maior parte do público certamente é de esquerda. Isso é um perigo ao qual devemos estar atentos.
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