Por Luan Sperandio, publicado pelo Instituto Liberal
O presidente campeão de impopularidade Michel Temer é ou não pré-candidato a reeleição? Com o sepultamento da Reforma da Previdência, o governo tratou de criar uma nova marca: a segurança pública. No anúncio da intervenção federal no Rio de Janeiro, declarou: “após tirarmos o país da maior recessão da história, trouxemos de volta o progresso; agora vamos restabelecer a ordem.” Jogo de palavras bem pensado, bem eleitoreiro. Anunciou em seguida a criação do Ministério da Segurança Pública, pautas com forte apelo popular e eleitoral. Caso as medidas gerem algum alívio no Rio de Janeiro, podem repercutir positivamente para Temer, o que faz os analistas questionarem sua busca por manter-se como Chefe do Executivo pelos próximos 4 anos.
Isso porque faltando seis meses para o início oficial da campanha há um cenário pré-eleitoral bastante difuso com a provável saída do ex-presidente Lula da disputa. O Centrão, composto por 13 partidos e que historicamente se divide em 2 nomes nas eleições presidenciais, ainda não se empolgou com nenhum candidato. Rodrigo Maia anuncia pretensões presidenciais, mas é mais provável que o faça para alavancar seu nome em busca de sua reeleição a deputado federal. Henrique Meirelles não parece ter apoio dentro do próprio partido, o PSD. Já Geraldo Alckmin, por enquanto, não cativou ninguém.
Mais um mandato para Michel Temer significaria manter por mais 4 anos o foro privilegiado, isto é, o pai de Michelzinho estará a salvo da Justiça por mais algum tempo. Fazer o sucessor e garantir um Ministério para chamar de seu, idem.
Em um cenário, portanto, em que ninguém realmente empolgou, o presidente agrada o mercado por ter feito um mandato reformista. PEC do Teto, Reforma Trabalhista, agenda de concessões e privatizações e melhoria da governança das estatais. Em um ano e meio de governo até aqui, deu autonomia no Banco Central para Ilan Goldfajn controlar a inflação; conseguiu em 2017 superar a maior recessão da história do país, com uma projeção de crescimento de 2018 de quase 3%. Com a retomada econômica, voltou-se a gerar empregos e, nos próximos meses, espera-se que a taxa de desemprego comece a cair mais aceleradamente. Em outras palavras, há tendência de crescimento de bem estar na população bem às vésperas da eleição. Isso favorece o candidato escolhido pelo atual governo – que pode surpreender e ser o próprio Temer.
Estive pessoalmente com o então vice-presidente em fevereiro de 2016. À época havia um crescente descontentamento de Temer com DIlma. O relacionamento desgastou-se quando ele foi escalado em 2015 para estar a frente da articulação política do governo e Dilma reiteradamente boicotava os acordos que ele realizada. Seu ápice foi o envio de sua famosa carta de dezembro daquele ano. Em fevereiro ele estava percorrendo o país para falar sobre Uma Ponte Para o Futuro, um diagnóstico do PMDB que representava, na prática, um plano de governo caso Rousseff caísse. Naquela oportunidade, além de defender o programa, o então vice-presidente afirmou de forma veemente que, após o partido apoiar o PSDB nas eleições de FHC e o PT nas eleições de Lula e Dilma, estava na hora de em 2018 o PMDB ter candidatura própria. O impeachment de Rousseff ganhava força, e a cúpula do próprio PMDB pressionava para desembarcar do governo, mas dias após aquele evento Temer demonstrou que não havia comprado a ideia ainda. Fez de tudo e conseguiu evitar que a legenda rompesse com o governo em meio à Convenção Nacional de seu partido.
A despeito disso, Dilma, que já não confiava no Vice, buscou uma manobra para diluir a influência de Temer no partido: nomeou Mauro Lopes, também do PMDB, como ministro da Aviação Civil. Quem saía da pasta era Eliseu Padilha – grande aliado de Temer. A intenção era criar uma oposição a Temer dentro do PMDB. Rousseff fez um péssimo cálculo político e sepultou as poucas chances que tinha de continuar no governo naquele ato. Foi a partir daí que Temer decidiu romper com ela, o que se oficializou em 29 de março de 2016. Um mês e meio depois, ela estava afastada, e ele assumiu a presidência.
Nesta semana o atual presidente do partido, Senador Romero Jucá, endossou a fala de Temer de 2 anos atrás e defendeu que o agora MDB lance um candidato próprio. Pode ser Henrique Meirelles, que está sem espaço no PSD e pode filiar-se a legenda; João Dória, insatisfeito no ninho tucano, que já foi convidado para vir para o partido e que tem elogiado e defendido publicamente o governo Temer; ou mesmo o pai de Michelzinho. A política brasileira é imprevisível.
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