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Grandes estadistas são coisa rara no mundo. No de hoje, então, diria que são raríssimos. Mas poucas vezes estivemos tanto em falta deles. São os líderes capazes de capturar a essência do tempo em que vivem e ajudar a guiar seu povo rumo a uma solução para os principais impasses que o assolam. Sir Winston Churchill foi um desses, e como seria bom se encontrássemos uma figura como essa na política mundial hoje, asfixiada pelo politicamente correto e dominada pela covardia.

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Em artigo publicado no “Observador”, o professor João Carlos Espada presta uma homenagem a esse grande homem, ao recordar de algumas de suas características, umas mais banais e divertidas (mas que apontam para seu estilo politicamente incorreto que tanto nos faz falta hoje), e outras mais profundas e essenciais (como a defesa dos valores tradicionais que fizeram do Ocidente o farol da civilização). Diz o autor:

[Churchill] vangloriava-se de comer carne e apreciar bom vinho, whisky e champagne (ao contrário de Hitler, que era vegetariano e abstémio); ganhou muito dinheiro com os cerca de 40 livros que publicou em vida, além de incontáveis artigos na imprensa (muito mais do que com os salários de 64 anos de deputado); criticava impostos altos sobre o rendimento e sobre os chamados “ricos”, embora tivesse sido promotor de profundas reformas sociais a favor dos mais desfavorecidos; e era ostensivamente elitista nos seus gostos pessoais: “sou um homem de gostos simples; satisfaço-me facilmente com o melhor”, gostava de dizer.

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[…] estes são aspectos divertidos de algo mais fundamental: Churchill denunciou desde o início os fanatismos de sinal contrário que ensombraram o século XX — o comunismo (a que sempre chamou bolchevismo) e o nazismo. Denunciou asperamente o ataque mútuo do bolchevismo e do nazismo contra a religião cristã e contra os judeus (os “nossos irmãos mais velhos”, como dizia o Papa João Paulo II). Sempre defendeu sem compromisso a democracia parlamentar — ao mesmo tempo que condenava os populismos em nome das “massas” contra as “elites”, (uma tecla que hoje voltou a ser moda, tanto à esquerda como à direita); e defendia a tradição reformista da aristocrática monarquia constitucional britânica.

Direita ou esquerda? Liberal ou conservador? Rebelde ou tradicionalista? Não é tão fácil assim enquadrar os seres complexos em uma classificação binária e simplista. Para o professor Espada, Churchill era “um orgulhoso herdeiro de uma velha e nobre tradição: a tradição europeia e ocidental da liberdade sob a lei, para a qual ele acreditava que os povos de língua inglesa tinham dado uma significativa contribuição”.

Em resumo, seria alguém que defendia a parcimônia do estado, contas públicas controladas, livre comércio, impostos reduzidos e estímulo da poupança. Se for necessário rotular esse pensamento, que mistura um liberalismo econômico com foco nos valores tradicionais, Churchill seria um liberal-conservative, um defensor do liberalismo clássico dentro das tradições ocidentais bastante influenciadas pela própria Inglaterra vitoriana.

Podemos apenas imaginar como seria alguém com esse perfil desafiando o status quo atual, rindo da afetação retórica de Obamas da vida enquanto acende um charuto, e ao mesmo tempo desprezando as alternativas nacionalistas tidas como de direita. Hillary Clinton? Donald Trump? Putin? Le Pen? Socorro! O que o nosso mundo precisa mesmo é de um Churchill, com seu humor refinado, sua inteligência aguçada, e sua determinação ao defender aquilo que merece ser defendido e preservado.

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Rodrigo Constantino