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A NBC, a CNN e até mesmo a Fox News se recusaram a transmitir em seus canais o comercial feito pela equipe de Donald Trump para as eleições que ocorrem hoje aqui nos Estados Unidos. A CNN já tinha decidido não levar ao ar a peça publicitária, e chegou a escrever vários textos condenando o aspecto “racista” do comercial. Mas o que dizia a propaganda?

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Luis Bracamontes, um imigrante ilegal que enfrenta a pena de morte por ter matado dois policiais (e ter lamentado serem “apenas” dois), aparece no vídeo, enquanto o texto diz “os democratas o deixaram entrar em nosso país” e “os democratas o deixaram ficar”. O comercial também mostra a tal caravana que vem do México, com milhares de supostos refugiados em busca de asilo, e questiona: “Quem mais os democratas vão deixar entrar?”

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O tom e a retórica são claramente populistas, além de equivocado do ponto de vista dos fatos. Ficou-se sabendo, depois, que Bracamontes foi liberado da custódia americana por um aliado de Trump no condado de Maricopa, o xerife Joe Arpaio. Mas o ponto central não foi esse, e sim a acusação de “racismo” na propaganda. Ao menos para a CNN.

A questão da imigração tem sido quente e controversa nos Estados Unidos, e foi uma das principais bandeiras da campanha vitoriosa de Trump. Enquanto a elite “progressista” enxerga como imigrantes o piscineiro e o jardineiro ou então seus colegas ricos das universidades, o povo vê ou o trabalhador ilegal que tira seu emprego ou marginais e gente que recusa assimilar a cultura local em suas vizinhanças.

É inegável que uma imigração descontrolada gera diversos problemas e desafios, muitas vezes ignorados pelos democratas. Trump soube capitalizar em cima disso, um medo real, politicamente, enquanto a esquerda prefere acusar de xenófobo e preconceituoso todo aquele que deseja mais controle nas fronteiras.

Ao associar a caravana ao assassino de policiais, Trump certamente apelou, fez uma generalização indevida. Mas eis o ponto que passou despercebido pelos críticos: o povo entende a mensagem pois na caravana podem existir outros como Bracamontes. E quem garante que não? Afinal, onde está o controle?

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Não é racista em si desconfiar de uma caravana sem qualquer tipo de conhecimento. Então a política defendida pelos democratas é de liberar geral, de conceder asilo a quem quiser viver na América, a escancarar as fronteiras? É claro que se trata de algo imprudente, populista ao seu modo, irresponsável. Trump sabe explorar isso, e usa a figura de um criminoso para incutir um medo legítimo na população: vocês sabem quem são essas pessoas todas querendo invadir os Estados Unidos sem a devida documentação?

A América funciona com base no império das leis, no devido processo legal. Imigração é uma coisa; invasão é outra, bem diferente. A caravana remete ao segundo caso, não ao primeiro. Os eleitores têm todo direito do mundo de desconfiar de quem está ali, tentando entrar no país dessa maneira ilegal, confrontando o sistema. Ao aplaudir a iniciativa da caravana, os democratas perdem apoio da população local. Trump adota postura contrária, e colhe os votos.

Se o faz de maneira exagerada ou condenável são outros quinhentos. Mas o fato é que existe um problema imigratório hoje na América, e só os republicanos estão lidando com ele, enquanto os democratas preferem fingir que é uma maravilha deixar as fronteiras abertas e rasgar as leis imigratórias para permitir qualquer um de entrar e viver no país.

É claro que nem todos ali são como Bracamontes. É claro que talvez uma minúscula minoria o seja. Mas não importa: sem um controle efetivo, não há como saber. E Trump usa isso a seu favor. Não é “racismo”, como dizem seus detratores. É puro cálculo político e, de certa forma, bom senso até: se não sabemos quem são esses ilegais na caravana, então é possível que alguns sejam potenciais criminosos como Bracamontes. Ou não?

Rodrigo Constantino

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