Já cansei de denunciar aqui o “capitalismo de compadres” de nosso país, esse modelo de intensa simbiose entre estado e grandes empresas que termina sempre privatizando o lucro e socializando o prejuízo. Tal modelo não tem nada a ver com o capitalismo liberal que defendo. Denunciei desde o começo, portanto, o PT e sua parceria com certas empresas nesse esquema podre e nefasto que impede nosso progresso.
Mas houve, no caso do PT, um enorme agravante: não se tratava “apenas” do velho “capitalismo de compadres”, que já é ruim o bastante; e sim num caso bem pior em que as empresas ajudam a financiar um projeto totalitário socialista de poder, embolsando uma montanha de dinheiro no processo. Denis Rosenfield, em sua coluna de hoje, resumiu muito bem o que aconteceu na era lulopetista com essas “empresas vermelhas”:
Ora, essa ideologia, esboçada aqui em alguns de seus traços, teve como instrumento empresas que se prestaram a esse serviço de olho em lucros volumosos, possíveis somente pelas escolhas partidárias feitas. Denominemos essas empresas de “vermelhas”.
Em que consistia a sua função, do ponto de vista partidário? Em financiar o projeto socialista. Ou seja, empresas símbolos do capitalismo brasileiro voltaram-se para a implementação de um projeto que, em tudo, contraria os princípios de uma economia de mercado, da concorrência e do respeito aos contratos. Lucro, para elas, só servia se fosse astronômico e baseado numa escolha política. Não seria o resultado do menor preço de seus produtos num mercado concorrencial.
Enfim, o PT abominava o lucro, mas produzia lucros exorbitantes para as empresas que o financiavam. E quem pagava a conta, evidentemente, eram os cidadãos e as empresas – não vermelhas, claro – por meio do pagamento de seus impostos.
[…]
Observe-se que não se trata simplesmente de um capitalismo de compadrio, aquele que favorece determinados grupos que não pretendem seguir as regras da livre concorrência; mas de um projeto político que procurava subverter de dentro os princípios e valores de qualquer economia de mercado. Ou seja, empresas vermelhas deveriam pôr-se a serviço da instauração gradativa de uma sociedade socialista.
A Odebrecht foi, sem dúvida, o maior símbolo disso, mas nem de perto foi a única. Não só tivemos outras empreiteiras participando do jogo socialista, como também empresas de outros setores, como a JBS. Elas se lambuzaram em acordos com o governo petista, sem se importar que, com isso, financiavam um projeto socialista inimigo do progresso e da liberdade. Foram cúmplices de um golpe contra o próprio capitalismo. Venderam a corda que seria usada para enforcá-los, caso o PT tivesse sucesso em sua meta final: transformar o Brasil numa grande Venezuela.
Se o “capitalismo de compadres” já merece todo o repúdio dos liberais, as tais “empresas vermelhas” merecem nosso mais profundo desprezo.
Rodrigo Constantino
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