Um dos temas mais caros ao filósofo Luiz Felipe Pondé é o abismo que separa aqueles que efetivamente lutam por um pouco mais de segurança e liberdade e aqueles que, já no conforto de tais conquistas, gostam de cuspir nos pilares que garantem seu estilo de vida, sempre entre queijos e vinhos. Sua coluna de hoje foi mais um tiro certeiro contra esses “revolucionários mimados”, aqueles que soltaram fogos de artifício com a “Primavera Árabe” e que adoram odiar os Estados Unidos.
Pondé compara um soldado curdo que apareceu na CNN pedindo socorro ao Ocidente com esses “intelectuais” do próprio Ocidente que costumam relativizar o terror islâmico, ou que se preocupam com os direitos dos terroristas mais do que com os das vítimas. Pondé relata os riscos reais que o soldado corre em sua batalha por democracia e liberdade:
Ele, caso caia nas mãos do Estado Islâmico, terá, muito provavelmente, sua cabeça cortada. Ou será crucificado. Sua mulher e filhas vendidas como escravas, seus filhos crucificados também. Mas, em nossas terras de queijos e vinhos, os manifestos dos mimados contra a violência no Oriente Médio, quem sabe, deveriam pedir dinheiro ao Estado Islâmico, que é, aliás, bem rico.
Alguns intelectuais culpam os EUA pelo surgimento do Estado Islâmico. Mas o que fazer? Faz parte da infância mental acreditar em Papai Noel e culpar os EUA e Israel por tudo o que acontece.
Talvez, melhor, seria responsabilizar alguns professores dos departamentos de ciências humanas no Ocidente, por brincarem com coisa séria em suas sessões de queijos e vinhos.
O soldado peshmerga sabe o que é sério e o que é afetação de manifestos. Nós, não. Cremos no relativismo de butique que assola nossas universidades.
Ou seja, o soldado sabe o que está em jogo, sofre na pele o risco daquilo que, do conforto ocidental, muitos “intelectuais” minimizam. Ele luta desesperadamente por coisas que os ocidentais tomam como garantidas, e que por isso mesmo gostam de criticar, de condenar.
Basta lembrar que pensadores como Foucault antes e Chomsky hoje gostam de repetir que é a democracia americana a mais opressora do mundo, pois sua opressão seria dissimulada, velada. A democracia burguesa, aquela pela qual o soldado curdo está disposto a morrer em busca, seria uma farsa para as elites manterem o povo escravizado.
Tomar as ruas seguras de Paris ou Nova York para protestar contra o “imperialismo ianque” é a coisa mais fácil do mundo. Difícil é enfrentar a barbárie islâmica para sobreviver e tentar conquistar um pouco de paz e liberdade para seus herdeiros.
Em seu livro Por que o Ocidente venceu, o historiador Victor Davis Hanson aborda as possíveis causas do avanço sócio-econômico bem maior no lado ocidental. Sua conclusão e seu alerta deveriam ser digeridos pelos colegas que culpam o Ocidente por todos os males, dando munição para civilizações mais atrasadas ou bárbaras:
A civilização ocidental deu à humanidade o único sistema econômico que funciona, uma tradição racionalista que por si só nos permite ter progresso material e tecnológico, a única estrutura política que garante a liberdade do indivíduo, um sistema de ética e uma religião que trazem à tona o melhor da humanidade – e a prática de armas mais letal possível. Esperemos pelo menos poder entender esse legado. Trata-se de uma herança pesada e algumas vezes ameaçadora que não devemos negar nem da qual devemos sentir vergonha – devemos, isso sim, insistir para que nossa maneira mortal de guerrear sirva para fazer avançar, e não para enterrar, nossa civilização.
Eis algo que os “pacifistas” que abraçam o relativismo cultural ignoram. Mas o soldado curdo sabe muito bem que sua liberdade não virá de conversas regadas a vinho tinto ou discursos calorosos que encantam jovens mimados em universidades. Virá – se virá – de muita luta sangrenta, com muitas perdas inocentes, pois do outro lado há um inimigo bárbaro que não está disposto a dialogar e deseja apenas cortar sua cabeça e matar seus filhos.
Rodrigo Constantino
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