A foto do senador José Serra abraçando com enorme carinho Carina Vitral, a comunista da UNE, ganhou as redes sociais semana passada. Ambos foram alvos de duros ataques. Serra por demonstrar tanta ternura com uma comunista, e a comunista por aceitar, segundo a extrema-esquerda, um abraço de um sujeito de “direita”.
Calma lá! Serra de direita? Nem aqui, nem mesmo na China! Serra foi de esquerda a vida toda, e esquerda radical. É verdade que, aparentemente, deixou o comunismo no passado, mas nunca abandonou o esquerdismo, e dentro do PSDB de centro-esquerda, é um dos quadros mais à esquerda, sem dúvida.
Na legenda da foto que divulgou com orgulho com a moça do PCdoB, constava que ele não tinha desistido de seus sonhos igualitários ainda, e não temos por que duvidar dele. Serra já disse mais à esquerda do que Lula, e também acredito nele. Serra é socialista.
Mas eis como a revista Veja, supostamente de direita, tratou dessa imagem, desse abraço: como uma prova de tolerância contra os extremos, a polarização raivosa no país! Sim! Serra, um socialista, abraçando com tanta empolgação Vitral, uma comunista, seria um ato de tolerância, diz a revista de “direita”.
Na semana passada, Serra relembrou aqueles dias em entrevista para o filme Praia do Flamengo 132, sobre a sede da entidade. Na ocasião, posou ao lado da atual presidente da UNE, Carina Vitral (filiada ao PCdoB), e postou a foto no Facebook. Seguiu-se uma enxurrada de comentários raivosos, muitos chamando-o de “traidor” por posar com uma defensora de Lula e Dilma Rousseff. Carina também sofreu ataques virtuais, só que feitos por quem considerou um horror vê-la abraçada com um “golpista” que derrubou Dilma.
A foto, ao contrário das estridências extremistas, é um abraço da tolerância. “Naquele set de filmagem, o respeito prevaleceu”, relatou Vandré Fernandes, diretor do documentário.
Que ridículo, Veja! Tolerância seria um esquerdista como o Serra abraçando o deputado Jair Bolsonaro. Abraçar com esse carinho todo outra comunista não é tolerância às diferenças, e sim afinidade ideológica, ora!
Como fica claro, a esquerda (e mesmo a “direita”) chama de “tolerância” o seu monólogo. É como Thomas Sowell provocava os “pluralistas” de esquerda: quantos conservadores existem em seu departamento de sociologia? A “diversidade” e a “tolerância” que essa turma prega é só da boca pra fora. E até Serra, o socialista, é tido como de “direita” no Brasil, assim como a revista Veja. Ou seja, a “tolerância” vai até a esquerda mais moderada, e ponto final. Dali não pode passar!
Rodrigo Constantino
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