Nunca alguém se queimou tão rápido perante o público como Leandro Karnal ao decidir apagar sua foto com o juiz Sergio Moro, por pressão da patuleia que o acompanha e o idolatrava antes, quando jurava que o “isentão” era meio petista. A foto que iria “eletrizar o país”, segundo o próprio Karnal em momento de vaidade descontrolada, simplesmente gerou revolta em quem só gosta quando “isentão” escorrega para a esquerda. Foram tantos ataques, a ponto de Karnal deixar até de ser visto como um intelectual, que ele decidiu tirar a foto.
O tiro saiu pela culatra. Para agradar os gregos, decepcionou os troianos. Para atender aos pedidos dos mortadelas, feriu sua imagem de independente diante dos coxinhas ingênuos, que costumam cair na ladainha dos “isentões”. O homem realmente rasgou sua máscara. E foi massacrado nas redes sociais por isso, com minha singela contribuição (o texto foi lido por mais de cem mil pessoas).
Não satisfeito com a lambança, eis que Karnal tenta justificar seu ato com uma “geleia moral” que apenas reforça a imagem de covarde e “isentão” de esquerda, ao afirmar que gosta de conversar com qualquer pessoa inteligente, independentemente do viés político, e dá como exemplo uma lista de candidatos: todos petistas, incluindo até o Lula! Vejam se não acreditam:
Tenho imensa curiosidade em conversar com pessoas que fazem parte da história. Como eu disse na página, adoraria ter um jantar com Ciro Gomes, com Maria da Penha, com Maria do Rosário, com Lula e com outras pessoas. Todos me ensinariam bastante sobre sua visão de mundo, o que faria eu pensar muito. Realmente gostaria disto.
Nossa, que sujeito imparcial! Ele adoraria jantar com Ciro Gomes, Maria do Rosário e Lula. Mas não com Jair Bolsonaro? O defensor da ética adoraria jantar com Lula?! O “textão” é um evidente aceno ao seu público da extrema-esquerda, que adorava quando o “guardião da ética” comparava o malfeito de desrespeitar alguma regra de trânsito com o mensalão e o petrolão petistas. Arranhe um “isentão” e logo verá que seu sangue é mesmo vermelho.
Mas Karnal saiu tão chamuscado desse lamentável episódio que ainda não conseguiu parar de criar justificativas. E tal como uma moreia fisgada no anzol, fica se enrolando sozinho. Seus sofismas ainda vão lhe prejudicar mais. Em artigo publicado no Estadão, eis que o professor se compara a Júlio César, e defende sua covardia como se “prudência” fosse. Alguém quer matar o “imperador” da ética, por acaso? Vejam:
Júlio César, o ousado, chegou ao cume porque era destemido. Foi assassinado pelo mesmo motivo. Ouvir ou ignorar a fraqueza? Como saber em que momento a prudência se torna covardia? Qual a linha que separa o justo temor da fraqueza? Se você tem essa dúvida, parabéns. Os que não tiveram erraram bastante. Entre a prudente estratégia de Dédalo de voar baixo e o enfoque inovador-kamikaze de Ícaro, temos de construir vidas bem mais pacatas. Quem aqui teria sangue de heróis? Boa semana a todos.
Nossa! Se cobrarmos de Karnal apenas a coragem básica de não se curvar diante da histeria de petistas nas redes sociais, então é porque queremos seu sangue de herói, um Júlio César apunhalado por traidores. Já até imagino Karnal caído, machucado de morte, e olhando para um Guilherme eufórico, com punhal em mão, e perguntando, incrédulo: até tu, Boulos? Já outro Guilherme, o Macalossi, colocou o dedo na ferida nesse artigo, em que resume bem o papelão do historiador:
O episódio revelou a natureza da personalidade deste senhor que anda pelo país falando de ética, de comportamento, de vida pública e de todo e qualquer assunto que for convidado para palestrar nos badalados colóquios de classe média alta que costuma frequentar. Nunca antes uma ação tão prosaica quanto deletar uma foto de uma rede social foi tão ilustrativa de um modo de ser. (..) A verdade é que Leandro Karnal submeteu sua convicção ao aplauso fácil, mais ou menos como aqueles adolescentes que buscam desesperadamente por aceitação no seu círculo de amiguinhos descolados.
E como que para comprovar a análise de Macalossi, eis o que Karnal publicou há apenas dois dias:
Quem pode levar um pavão desses a sério? Quem pode confundir um vaidoso em busca de curtidas com um pensador? Quem pode achar que haverá honestidade intelectual e coragem para opiniões independentes em uma pessoa tão sujeita aos aplausos da multidão, e incapaz de publicar uma simples foto com o juiz mais admirado do momento só porque uma ala barulhenta desse público ficou revoltada?
“Poxa, Rodrigo, por que pegar tanto no pé do cara? Ele parece legal”. Sim, eis o problema: ele parece legal, pois é dissimulado, joga algumas coisas interessantes em meio a muita baboseira, adota ar professoral de sabichão, e no fundo, quando esprememos seu conteúdo, há apenas platitudes ou algo muito pior: a defesa do indefensável. Gente assim é mais perigosa do que charlatões escancarados, do que mortadelas assumidas, como um Leonardo Boff, um Gregorio Duvivier ou um Frei Betto da vida. Novamente Macalossi resumiu bem a questão:
Alguns leitores e ouvintes me disseram para não perder tempo com Leandro Karnal. Não é perda de tempo. Karnal é autor de livros com enorme procura pelo público, escreve no Estadão, é comentarista da TV Cultura e um dos palestrantes mais requisitados do país. A gente perde tempo é quando fala da Marilena Chuí, que gostou de se tornar a caricatura de si mesma. Karnal conta com prestígio e influência. Suas ideias daninhas vem recobertas com uma grossa maquiagem de pose e sofisticação, o que lhe confere respeitabilidade. É esse tipo de gente que precisa ser urgentemente desmascarada.
Concordo totalmente. E aqui está, portanto, mais um esforço nesse sentido. Se depois de tudo isso o leitor quiser continuar admirando o “imparcial” Leandro Karnal, não há mais nada que eu possa fazer. Há quem nasceu para jacaré, e há quem sempre será somente uma lagartixa…
Rodrigo Constantino
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