Em seu editorial de hoje, o Estadão mostra a complicada situação do brasileiro que produz, tendo Lula e Bolsonaro como os dois líderes nas pesquisas. Segundo o jornal, ambos são populistas e perigosos para a economia. Com razão, o jornal detona Lula, mas também demonstra ceticismo com a guinada liberal de Bolsonaro, muito recente. Cita o exemplo da independência do Banco Central, opinião mudada em poucos meses, e conclui:
Na prática, há muito pouca diferença entre Lula e Bolsonaro quando o tema é economia. Ambos defendem um nacional-desenvolvimentismo semelhante ao do regime militar, cuja adoção pelos governos petistas foi determinante para a catástrofe que se abateu sobre o País. E ambos falam em rever o limite estabelecido para os gastos públicos.
Assim, uma eventual vitória de um ou outro teria como resultado não apenas uma profunda cisão na sociedade, o que já seria em si terrível, mas também a retomada do mais grosseiro populismo. Ainda há tempo para evitar esse funesto desfecho.
O foco do editorial foi a economia, e mesmo aqui vale ressaltar a grande diferença entre ambos: se Lula já foi testado e, de fato, apostou tudo no nacional-desenvolvimentismo populista, a ponto de ter afundado nossa economia, Bolsonaro tem dado claros sinais de humildade, assumindo não entender do assunto, e chamando economistas sérios e liberais para ajudá-lo.
Bolsonaro pode deixar seu ranço militar nacionalista falar mais alto na hora de efetivamente tomar decisões na área econômica? Claro que pode! O risco existe e não é desprezível. Mas há, também, uma chance real de ele acatar as sugestões desses economistas, e seguir uma linha bem mais liberal, possibilidade nula quando se trata de Lula ou qualquer outro esquerdista, como Ciro Gomes ou Marina Silva.
Ou seja, mesmo falando estritamente de economia, não acho que dê realmente para comparar ambos. Lula é morte certa, Bolsonaro é a possibilidade de uma guinada liberal, de que o Brasil tanto precisa. Só que a prioridade do brasileiro não é só a economia, e é aqui que muitos se perdem. O Brasil cansou do esquerdismo, da violência, da impunidade, da imoralidade. O eleitor quer uma guinada à direita em outras áreas também.
E é aí que Bolsonaro se destaca. Quem mais? Luciano Huck, que se for candidato será pelo PPS, o antigo partidão comunista, que hoje abriga socialistas “lights” como Roberto Freire? Só mesmo a turma ainda mais à esquerda pode achar Huck de direita ou sequer de centro. Um dos fundadores do Agora! resolveu sair do grupo justamente porque preferia alguém ainda mais esquerdista! Isso só comprova como esse establishment, especialmente o midiático cultural, tem uma queda pelo esquerdismo radical, o que fortalece a candidatura de Bolsonaro como uma reação natural a isso.
Quem mais? Alckmin? O governador de São Paulo pode ter algumas ideias mais conservadoras, mas é aquele que não teve sequer coragem de defender privatizações em 2006, que buscou aproximação com o MST, e que está no PSDB, o partido de esquerda cúmplice do PT em vários aspectos, especialmente culturais. É, enfim, “progressista”, e isso o povo não aguenta mais. Alckmin não parece uma alternativa à direita, e acho que ele não quer nem esconder isso. Chegou a atacar o “liberalismo puro” e paparicar a turma mais radical à esquerda do seu partido.
Temos João Amoedo, do Partido Novo, um liberal com preparo em gestão. Mas, além do pequeno conhecimento perante o público, Amoedo também foca basicamente na economia, deixando de lado os temas morais, e fala a língua das elites. Um amigo liberal, que com toda razão prefere Amoedo a Bolsonaro, criticou o último em sua recente entrevista no Canal Livre da seguinte forma: “parecia um porteiro ou um taxista falando”. Exato! Bolsanaro fala a língua do povo, e há mais eleitores taxistas ou porteiros do que financistas do mercado.
Olho com tristeza os ataques pérfidos que os seguidores mais fiéis de Bolsonaro fazem ao Partido Novo, que já virou “socialista” para eles. Bobagem. Entendo que é puro medo da concorrência, disputa de território, e que faz parte do jogo político. Como alguém mais preocupado com o longo prazo do que com as próximas eleições, acho lamentável esse ataque a um projeto sério, liberal, com muita gente boa e capaz. Mas o Novo dificilmente terá condições de já emplacar um presidente em 2018. Então essa alternativa é mais simbólica do que real.
Como podemos ver, estamos em falta de um nome competitivo e com viés liberal-conservador, que não fale apenas de economia ou boa gestão, e sim de resgate de valores morais, de combate firme ao comunismo, aos esquerdistas pendurados nas tetas estatais, infiltrados nas ONGs, nas escolas, nas igrejas, na mídia. Bolsonaro é o único a oferecer, então, um perfil mais combativo a essa corja, e é em boa parte por isso que ele cresce tanto nas pesquisas. Não apesar de apanhar o tempo todo da imprensa, mas justamente porque apanha o tempo todo, de forma desonesta, injusta, alvo de um duplo padrão indigesto. A cada nova investida dos jornalistas de esquerda contra Bolsonaro ele ganha mais alguns milhares de votos.
Sim, não vou negar que estamos entre o ruim e o pior. Isso aí é, afinal, Brasil, e nem mesmo a Suíça aguentaria imune a 13 anos de PT, depois de vários anos de tucanato. O estrago do “progressismo” foi grande demais, violento demais. A classe média quer resgatar valores, quer segurança, quer dar um “basta” a essa libertinagem incentivada pelo próprio estado. E só tem um pré-candidato falando essa língua. O único que se assume de direita, em meio a um oceano de esquerdistas…
Em terra de cego quem tem um olho é rei. E em terra de comunistas quem é de direita é mito.
Rodrigo Constantino
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião