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A era do não: os eleitores decidem punir defensores do PT e opositores do impeachment

“Democracia são dois lobos e uma ovelha votando sobre o cardápio para a janta. Liberdade é uma ovelha bem armada contestando o voto.” (Benjamin Franklin)

Todos nós gostaríamos de votar num candidato bom, alinhado com nossos valores e cujas propostas fossem, após a devida reflexão, consideradas razoáveis e factíveis. Esse seria o ideal. Mas quem disse que a democracia de massas é um regime ideal? É simplesmente o pior que existe, exceto todos os outros…

E na dura realidade democrática, somos forçados a escolher com frequência o menos pior. À exceção dos bocós que se encantam com seus ídolos, a imensa maioria vota sem muita empolgação, tendo de escolher por aquele que julga menos terrível, e principalmente para punir o adversário pior.

Não é o ideal, claro, mas também não é de todo ruim: um dos grandes valores da democracia é eliminar pacificamente os experimentos fracassados, sem derramamento de sangue ou revolução. É seu caráter negativo, portanto, que torna a democracia um instrumento de gradual depuração, por tentativa e erro, muito aquém da velocidade que gostaríamos, com muitos recuos, mas ao menos sem tragédias irrecuperáveis.

As eleições se tornam, assim, plebiscitos para julgar a gestão atual. E como os governantes têm abusado de nossa paciência, do poder, e do direito de ser incompetente e corrupto, a resposta tem sido com frequência o “não”, ou seja, por mudança. Basta ver como foi terrível o desempenho daqueles partidos ligados ao PT, ou que se colocaram contrários ao impeachment de Dilma.

O editor e escritor Carlos Andreazza, em sua coluna de hoje no GLOBO, falou dessa “era do não”, citando como exemplo a eleição municipal do Rio de Janeiro. Antes, era preciso punir Eduardo Paes e o PMDB carioca no primeiro turno. O partido de Eduardo Cunha e Jorge Picciani, o prefeito olímpico arrogante que bajulava Lula e Dilma, e escolheu não um poste, mas um “cassetete”, segundo Andreazza, para substitui-lo: esse era o inimigo que precisava ser derrotado.

Restaram duas opções terríveis. Mas era necessário, uma vez mais, dizer “não” a tudo aquilo que o PSOL representa, numa descrição acurada do autor:

Depois, com o páreo reduzido a somente dois pangarés, numa campanha cujo baixíssimo nível serviu para desnudar os monges, o cidadão do Rio tapou o nariz e digitou o número por meio do qual daria um não a Freixo, ao PSOL, à esquerda — mas principalmente um não aos que chamam de golpistas aqueles a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Não menospreze isso, leitor.

[…]

A forma como Crivella resistiu, com poucos abalos, a tantas acusações no curso do segundo turno — inclusive àquela encarnada pela foto de sua prisão — não lhe é mérito, ao menos não primordialmente, e embute, na explicação, o motivo pelo qual tanto trabalhou por ter Freixo como oponente na rodada final. Fosse seu adversário qualquer outro — Pedro Paulo, Flávio Bolsonaro, Indio da Costa ou Carlos Osorio — e teria hoje mais uma derrota para chamar de sua.

Contra Freixo, contudo, beneficiou-se — até Garotinho se beneficiaria (para que o leitor avalie a força do fenômeno) — de um voto de repulsa ao PSOL e a tudo quanto este partido significa, compreendido que é, com bom humor, como a linha auxiliar circense do PT; como DCE para recreio de marmanjos. E, não importando o humor, como o sustentáculo político do criminoso “movimento” black bloc; como o partido que concorreu à prefeitura do Rio, numa eleição no século XXI, em coligação com o Partido Comunista Brasileiro. Repito: Partido Comunista Brasileiro. Repito: Partido Comunista Brasileiro — aquele de Mauro Iasi, o poeta que cita Bertold Brecht para incitar o assassinato dos inimigos conservadores.

Um DCE para recreio de marmanjos: eis a definição perfeita para o PSOL, Partido Socialista do Leblon, como ironizou o ILISP. Era esse o novo alvo do plebiscito, e novamente a democracia assumia um caráter negativo: barrar o pior, mostrar aquilo que não é aceitável em hipótese alguma, nem mesmo quando a alternativa é terrível.

Devemos lutar por candidatos melhores, sabendo que a perfeição jamais existirá na política. Isso se consegue com reformas políticas, federalismo, voto distrital, melhor educação do eleitor (atenção: o oposto da “conscientização política” imposta pela esquerda) etc. Leva tempo, não é nada fácil, não há garantias.

Basta pensar que nos Estados Unidos mesmo, a nação mais poderosa do planeta, os eleitores terão de escolher entre a vigarista e mentirosa Hillary Clinton e o bufão narcisista Donald Trump! A que ponto chegamos?! Por essas e outras que os liberais querem reduzir o escopo do governo, diminuir o poder e o tamanho do estado, pois sabem que a democracia costuma levar não os melhores, mas os piores ao poder. E por isso defendem o direito inalienável do cidadão se armar para sua legítima-defesa também, não só contra os marginais comuns, como contra os abusos eventuais do próprio estado.

Enquanto isso, vamos dizendo “não” aos realmente piores, ao PSOL, ao PT, aos petistas embalados a clorofila da Rede, aos “malandros” do PMDB carioca, sempre à espera de melhores opções, trabalhando para isso, cientes dos enormes desafios e dos obstáculos quase intransponíveis da própria democracia de massas. Seu grande mérito, repito, não é entregar um paraíso, mas evitar um inferno.

Rodrigo Constantino

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