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Publiquei aqui o excelente e corajoso artigo de um carteiro contra a politicagem e a corrupção nos Correios. O autor, Gil Diniz, pedia por sua privatização, o que sem dúvida iria melhorar a qualidade de seu serviço, impor mais rigor no uso dos recursos e instituir uma meritocracia hoje ausente em boa parte na empresa. Em meu livro Privatize Já escrevi:

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Podemos usar os exemplos de outros países também. Nos Estados Unidos, a estatal USPS teve seu monopólio quebrado no segmento de encomendas, e gigantes como a Fedex e UPS nasceram, ocupando o espaço com muito mais eficiência. Juntas, estas duas empresas valem cerca de US$ 100 bilhões, lucraram mais de US$ 5 bilhões em 2011 e empregam algo como 650 mil funcionários.

Enquanto isso, a estatal, com um quadro de pessoal similar ao das duas outras somadas, fatura cerca de US$ 60 bilhões apenas. Em 2003, um relatório de uma comissão presidencial concluiu que o cenário para o “mamute” das cartas não era dos melhores, com o serviço postal em declínio e os custos em alta. Para piorar, a USPS também é vítima de escândalos de corrupção. Em 2004, um gerente aceitou US$ 800 mil de propina para favorecer empresas em contratos com a gigante estatal.

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A maior empresa do mundo desse setor é a alemã Deutsche Post DHL. Ela é resultado da privatização da Deutsche Bundespost em 1995, e possui quase 70% de seu capital em mãos privadas. A empresa atua em mais de 200 países, e faturou mais de 50 bilhões de euros em 2010, com cerca de 420 mil funcionários.

Compare-se a estes números o caso de nossa EBCT. Com mais de 100 mil funcionários, metade sendo formada por carteiros, a receita em 2010 foi de apenas R$ 13,3 bilhões. A receita por empregado dos Correios é 60% menor do que a média de empresas como Fedex, UPS e DHL. 

A assessoria de imprensa da estatal pediu direito de resposta ao artigo do carteiro, para tentar esclarecer alguns pontos, e enviou aquilo que mais parece um enorme texto de propaganda oficial, quase do mesmo tamanho do artigo original. Com meias verdades é possível contar uma grande mentira.

Fica, na réplica, a impressão de que os Correios possuem excelente serviço, o que tornaria um mistério a enorme quantidade de reclamações nas cartas aos leitores dos principais jornais; e passa, ainda, a nítida impressão de que a estatal é um ícone de transparência, e não a origem do mensalão, o maior escândalo de corrupção que o Brasil já teve. Seu fundo de pensão, o Postalis, envolveu-se em escândalo com títulos argentinos recentemente, demonstrando o grande risco de uso e abuso político que existe.

Mas, em nome do contraditório, segue abaixo, na íntegra, a carta da estatal, para que o leitor possa tomar conhecimento dos argumentos de ambos os lados e formar a própria opinião:

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Sobre o post publicado em 28/8, os Correios esclarecem que passaram a adotar práticas de governança mais eficientes definidas em seu novo Estatuto Social, aprovado em 2011, como: publicação de demonstrações financeiras auditadas por auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários; divulgação das matérias a serem deliberadas pela Assembleia Geral e da ata com as decisões; participação de representante eleito pelos trabalhadores no Conselho de Administração, entre outras.

Não existe aparelhamento. A nomeação para cargos de gestão em todos os níveis da empresa cumpre requisitos de educação formal e experiência profissional.

As receitas de produtos e serviços crescem anualmente, bem como os investimentos e o índice de qualidade operacional, que foi de 93% em 2013. As melhorias são reconhecidas nacional e internacionalmente. Em 2013, pesquisa CNI/Ibope apontou os Correios como serviço público mais bem avaliado pelos brasileiros, com 78% considerando a qualidade dos serviços muito alta, alta ou adequada, e a estatal figurou entre os 10 melhores operadores postais do mundo em levantamento da consultoria mundial Accenture.

A diminuição do lucro líquido da estatal em 2013 deveu-se à redução da rentabilidade das aplicações financeiras e ao aumento da despesa com pessoal (foram contratados 20 mil novos trabalhadores nos últimos três anos).

Os fatos de 2005 foram objeto de apuração interna, que resultou em mais de 30 demissões por justa causa, e os Correios não foram notificados a respeito de nenhuma investigação que apure envolvimento de Alberto Youssef nos negócios da empresa. Com práticas mais modernas de gestão e transparência, em 2013 os Correios obtiveram parecer da Controladoria Geral da União (CGU) apontando a regularidade dos atos de gestão relativos a 2012 e foram premiados no 1º Concurso de Boas Práticas da CGU.

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Quanto ao Postalis, os Correios cumprem seu papel de fiscalizador, com auditorias periódicas, acompanhando o plano de ação para reversão do déficit atuarial e através de seus representantes indicados nos Conselhos. As aplicações que estavam em desacordo com a regulamentação do setor foram realizadas há mais de três anos e os procedimentos legais e regulamentares foram tomados. Todos os investimentos feitos pela atual diretoria do Postalis vêm obtendo retorno acima da meta atuarial.

Com relação à privatização, esclarecemos que dentre os quase 200 correios do mundo, apenas cinco são hoje 100% privados: Cingapura, Líbano, Malásia, Malta e Países Baixos — nações que têm em comum pequena área geográfica e população — e somente 13 têm participação acionária da iniciativa privada. Os maiores operadores postais do mundo optaram pelo caminho de revitalização e diversificação de atividades, também seguido pelo Brasil.

Rodrigo Constantino