Gayle McCormick é uma guarda de prisão aposentada da Califórnia que se descreveu a Reuters como uma “democrata inclinada ao socialismo”. O problema é que seu marido, num casamento de 22 anos, é tudo menos isso. Pior ainda: durante um almoço com amigos no ano passado, o maridão confessou que planejava votar… nele mesmo, no Capeta em pessoa: Donald Trump.
A senhora socialista de 72 anos disse que o apoio do marido ao republicano foi um “deal breaker”, um marco definitivo que a levou a buscar a separação. Ela disse que ficou arrasada, e que nunca antes havia pensado em largar o marido. Mas votar no magnata bilionário? Isso já era demais da conta!
“Eu me senti como se estivesse me fazendo de idiota”, contou a Reuters. E acrescentou: “Isso abriu áreas entre nós que eu nunca tinha encarado antes. Percebi o quão longe eu tinha ido em minha vida aceitando coisas que jamais aceitaria quando era mais jovem”.
Eventualmente, seu marido disse que mudaria o voto, de Trump para Newt Gingrich, mas o estrago já estava feito. E ela já tinha se decidido. O fato de ele simplesmente pensar em votar em Trump já era suficiente para tornar tudo cristalino. Como ficar casada com um monstro desses?
Eles se separaram, e hoje a senhora vermelhinha mora em Washington. Mas ela alega que são velhos demais para um divórcio, e ainda saem juntos nas férias. Mas a política fica de fora. Ela disse que chegou ao ponto em que tinha que sustentar seus pontos de vista 24 horas por dia, e não queria viver assim pelo resto de sua vida.
Se o marido chegou a ceder, abandonando a ideia de votar em Trump, Gayle, ao contrário, não estava disposta a contemporizar. Seu voto foi para o ultra-radical socialista Bernie Sanders.
O caso de Gayle e seu marido não é algo isolado. Pesquisa da Reuters mostra que muita gente tem deixado a polarização política falar mais alto do que o restante, rompendo relacionamentos familiares ou de amizade. Especialmente se alguém confessar que votou em Trump, isso pode ser o estopim de uma crise conjugal ou na amizade. Como ousa ser tão cruel?
Alguém já disse antes que a direita pensa que a esquerda está enganada, enquanto a esquerda pensa que a direita é maligna. É complicado manter qualquer diálogo saudável ou debate civilizado quando se assume que o outro lado tem intenções terríveis. Isso é monopólio da virtude, uma estratégia de fuga do verdadeiro debate, que deve ser calcado em argumentos sobre os melhores meios para tais fins nobres.
Podemos extrair duas conclusões desse caso específico de Gayle e seu marido: 1) a esquerda radical pode até falar em diversidade, tolerância e pluralismo, mas na prática não quer saber de nada disso, não aceita o contraditório, está disposta até mesmo a rachar um casamento de mais de duas décadas por conta da opinião política do outro; 2) não conhecemos o marido, mas é imensa a probabilidade de ele estar melhor agora que se livrou da mocreia comunista intransigente!
Rodrigo Constantino