Ah, a dolce vita da esquerda caviar! Nada mais gostoso do que pregar igualdade e desfrutar daquilo que só a fina nata da elite possui. Assim é a vida do deputado socialista Marcelo Freixo. Ele foi flagrado curtindo a piscina do Copacabana Palace, hotel de luxo no Rio, e acabou sendo alvo de inúmeras críticas, quase todas girando em torno de sua hipocrisia. Eis o vidão do socialista:
O deputado do PSOL mordeu a isca e rebateu:
A sua mulher também se justificou, alegando que fez 40 anos e que foi ela quem pagou pela diária no hotel da orla carioca, onde ficam os “bacanas” (Ancelmo Gois mode) do mundo todo. Em seguida, irritada com as críticas, Antonia Pelegrino acrescentou essa mensagem:
Vamos, então, por partes, como diria Jack, o estripador. Quem nasceu em São Gonçalo pode frequentar hotel de luxo da elite? Pode sim, claro! Chama-se mobilidade social, aquilo que o capitalismo liberal permite. A condição, claro, é o sujeito ter ganhado o próprio dinheiro no mercado. Se for recurso público pega mal.
Não há, portanto, colonialismo algum, e ninguém focou nisso. Pobres que ficam ricos costumam ser exemplos de sucesso do regime capitalista, defendido pela direita (e demonizado pela esquerda igualitária). Eis o ponto, portanto: Freixo nega aos demais aquilo que ele mesmo pode usufruir, ao condenar o sistema que permite tal ascensão.
Mulher ganhar mais do que marido não é problema também. Novamente: no capitalismo liberal, onde predomina o mérito e o foco é no resultado, não importa a raça, o credo, o sexo, nada disso: apenas a produtividade. Se a mulher for competente no que faz e bem-sucedida, não há mal algum em ela sustentar o marido ou bancar o luxo do casal.
Logo, o vitimismo de Freixo é apenas patético, um espantalho, uma tentativa de desviar o foco do que importa. Ninguém o criticou por colonialismo elitista ou por machismo, e sim por hipocrisia. E esta, de fato, existe. Salta aos olhos na mensagem de sua mulher, que começa afirmando que nem todo progressista é socialista, apenas para terminar com a hashtag #socialismo.
Ela diz que quem quer dividir migalhas com pobres é a direita, enquanto a esquerda quer dividir a riqueza. Mesmo? Mas o que a impede de começar dividindo a própria riqueza? Eis o xis da questão, que sempre trai um igualitário. Ele prega igualdade, mas adora viver no conforto que só uma minúscula minoria tem. E alivia sua culpa com um discurso sensacionalista.
Pensemos: todos podem se hospedar no Copa? Claro que não! No mundo ideal e utópico dessa gente, todos ficariam hospedados no Copa? E como exatamente seria isso? Não há espaço! Seriam construídos milhares de outros Copas? Basta dedicar dois segundos de reflexão ao caso para perceber o truque: no fundo a elite “progressista” (socialista) sabe que o mundo será sempre desigual, mas ela quer ou expiar seus pecados e se sentir bem com sua narrativa igualitária, ou se dar bem na vida vendendo essa narrativa de forma oportunista.
Aqui nos Estados Unidos o pré-candidato socialista Bernie Sanders adota o mesmo tipo de discurso igualitário, enquanto desfruta do conforto de três casas como o milionário que é. Sanders “trabalhou” a vida toda na política, nunca produziu nada que presta, e ficou rico com a venda de seus livros por conta da fama política.
Pressionado, Sanders disse que para levar uma vida de luxo “basta” escrever um bestseller. Ora, mas isso é o que os capitalistas pregam! No modelo socialista não há espaço para esse tipo de sucesso individual. Ou o hipócrita vai dizer agora que todos podem escrever livros e com isso acumular milhões?!
O fato é que socialistas querem dividir a riqueza… dos outros! Nunca a própria. Eles podem viver no conforto que só os magnatas empreendedores vivem, podem se isolar do povo em hotéis de luxo, em ilhas particulares, na primeira classe do avião, e nada disso importa: ele não é um insensível egoísta e ganancioso como o capitalista, porque ele prega a igualdade. É a soberania da estética, do discurso, que vale mais do que atitudes.
Guilherme Fiuza resumiu bem: “Parem de perseguir os coxinhas do PSOL. Não pensem que é fácil a vida de um proletário de luxo”. E claro, foi Roberto Campos quem melhor definiu essa patota festiva: “É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar – bons cachês em moeda forte; ausência de censura e consumismo burguês; trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola…”
Rodrigo Constantino
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