A esquerda “liberal”, com o apoio da grande mídia, esperava uma grande “onda azul” nas eleições de meio termo nos Estados Unidos, com os democratas retomando o controle tanto da Câmara como do Senado. Não deu, e só a Câmara voltou a ter maioria democrata, o que não chega a representar uma grande derrota para Trump, pois essa tem sido a tradição nas últimas eleições.
Como a esquerda não vive sem bodes expiatórios, e jamais faz uma autocrítica sincera de seus próprios erros, foi preciso encontrar um culpado para esse fracasso. E inúmeros esquerdistas apontaram para o inimigo mais evidente: a mulher branca. Ela tem demonstrado pouca força para derrubar a “supremacia branca” da sociedade patriarcal, segundo esses “liberais”.
No Texas, por exemplo, uma campanha intensa e agressiva do democrata Beto O’Rourke não foi capaz de impedir a vitória do senador Ted Cruz em sua reeleição. Apesar da forma como a imprensa tratou o resultado geral, como se fosse uma derrota amarga do presidente Trump, o fato é que vários democratas ficaram decepcionados, e atacaram as mulheres brancas pelo resultado aquém do esperado.
Essas mulheres brancas não estariam demonstrando a força necessária para derrotar os homens brancos, que pela ótica esquerdista são os responsáveis pela sociedade patriarcal e machista (ignoram que vários democratas poderosos são justamente homens brancos, como Clinton e Bernie Sanders). E a frustração desses esquerdistas encontrou nas redes sociais um canal para desabafo. Foram várias mensagens com teor agressivo contra as mulheres brancas.
A ativista Marisa Kabas, por exemplo, tuitou que “as mulheres brancas permitiram a continuação da supremacia branca por meio dos votos, e não têm escrúpulos em ferir mulheres de cor, essa é uma verdade objetiva”. “Mulheres negras votaram 95% no Beto, mulheres brancas fizeram o que sempre fazem”, disse o comediante e escritor Travon Free, acrescentando uma imagem que mostrava que 59% das mulheres brancas votaram em Cruz.
Chelsea Handler escreveu que “temos de fazer melhor do que isso”, e que “precisamos votar de olho no melhor interesse dos outros, e parar de pensar apenas em nós mesmos”. Jamil White, convidado frequente da emissora ultraesquerdista MSNBC, disse que as mulheres brancas defendem os republicanos e votam como se o patriarcado fosse defende-las. “Não estou certo se vão entender o dano que causaram, e não apenas a elas mesmas”, completou.
Há outras mensagem com tom mais agressivo, como uma de Courtney Enlow, que pressiona as mulheres brancas a fazer mais, “alguma porra seria um ótimo começo”, escreveu. É preciso, por sua ótica, apoiar as mulheres negras, ou seja, os democratas.
A esquerda caiu num coletivismo tosco com essa política de identidades. Ela só enxerga raça, e mesmo assim de forma seletiva. Se uma mulher negra vota em um republicano, só pode ser uma traidora ou alienada. Todas as mulheres deveriam votar na esquerda, por serem mulheres. É como se o simples fato de ser republicano ou conservador indicasse desprezo pelo feminino.
Trata-se de um monopólio da virtude absurdo, ridículo. Mas exerce pressão sobre parte da própria elite branca culpada, especialmente nos mais jovens, nos universitários. Quem quer ser visto como inimigo das minorias? Uma moça branca cursando faculdade terá grandes dificuldades de defender o que acredita, caso seja republicana. Imaginem a intimidação que sofrerá das colegas “descoladas”…
A esquerda não debate mais ideias, propostas, e não prega causas comuns, universais. Só consegue apelar para essas categorias coletivas, como se fosse impossível uma mulher negra ser conservadora. Condoleezza Rice não existe, e fica fácil entender por que uma jovem ativista conservadora como Candace Owens desperta tanta fúria nessa turma. Como ousa uma negra defender os “supremacistas brancos” dessa terrível sociedade patriarcal que é a América?
O fato de que tanta gente do mundo todo quer migrar para essa América, e que os próprios democratas pregam fronteiras abertas para admitir uma multidão de olho em seus votos, atesta o contrário: a América ainda é um bastião da liberdade individual, apesar da esquerda coletivista…
Rodrigo Constantino