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A esquerda e a mania de suavizar o crime: a vez dos “pobres” pedófilos

Por Bourdin Burke, publicado pelo Instituto Liberal

Não foi tarefa nada aprazível, mas eu precisava ver para crer no que a manchete anunciara: o programa “Profissão Repórter” de 27/07, exibido pela rede de TV mais “progressista” destipaíz, faria eco a um discurso recorrente da Esquerda segundo o qual pedófilos seriam pessoas desafortunadas, compelidas a acabarem com a vida de crianças e família inteiras, por serem acometidas por uma patologia – comparável a uma disfunção hormonal qualquer. “Transtorno da sexualidade” foi a denominação conferida pela reportagem a esse “distúrbio” que converte verdadeiros facínoras em pessoas meramente desorientadas que carecem de terapia.

Segundo um dos jornalistas, decidiu-se que era necessário mostrar a questão da pedofilia por um “outro ângulo” (para que enfatizar apenas as vidas dilaceradas das vítimas, não é?), a partir do qual seria possível entender o sofrimento dos criminosos que sentem um desejo “incontrolável” de praticar sexo com jovens impúberes – ainda que se faça necessário, vez por outra, ameaça-los com um facão. “Pedofilia é uma doença devastadora”, conforme declara um especialista da Faculdade de Medicina do ABC entrevistado (são atendidos, em média, 50 “pacientes” por mês nesta instituição, ávidos por uma evasiva para sua perversidade). O douto profissional da saúde também assevera que a prisão destes bandidos não irá solucionar o problema.

Adotando-se a linha de raciocínio do tolerante rapaz (cuja clemência parece não alcançar as crianças perpetuamente traumatizadas), segundo a qual detenção e reclusão prestar-se-iam tão somente a buscar a recuperação e a decorrente reintegração do delinquente ao convívio social, torna-se forçoso concordar integralmente com sua afirmação. Todavia, o que ele ignora (ou simplesmente desvia o olhar) é que a punição de infratores visa, sobretudo, impedir a propagação da sensação de impunidade – o real fato gerador de tantos delitos em nosso país. Na própria reportagem, é mencionado o caso em que um pedófilo que possuía centenas de vídeos de sexo com crianças em seu computador ficou menos de um ano preso. Pior: o próprio meliante declara que a pior parte foi sair da cadeia (onde foi mantido sem contato com os demais encarcerados, tamanha a repulsa que até mesmo outros criminosos nutrem por pedófilos). Ou seja, fica difícil acreditar que alguém deixará de cometer tal crime apenas por receio de eventuais sanções estatais.

Nesse contexto, chama a atenção que o projeto de lei que propugna a castração química para abusadores tenha sido protocolado por um Deputado Federal que responde por incitação ao estupro no STF, ao passo que a suposta vítima de sua conduta indevida no Congresso Nacional tem pautado sua atuação política pela defesa dos interesses de bandidos – especialmente se forem menores de 18 anos ou forem oriundos de comunidades carentes.

O especialista supracitado segue com suas considerações dizendo que, dentre as possíveis causas do “transtorno” pedófilo, estariam abusos sofridos na infância pelo abusador e o “aprendizado precoce inadequado sobre sexualidade” – tudo no campo da hipótese, sem nenhuma comprovação científica. Em relação a primeira suposição, acredito que todas as pessoas que já sofreram abusos e não viraram abusadores mereceriam um pedido público de desculpas do reitor da Faculdade (semelhante àquele que deveria ser encaminhado a todos os pobres que não entram para o tráfico e desmantelam, assim, muitas teses esquerdistas).

Já no tocante a segunda, sou obrigado a subscrevê-la: de fato, a exposição extemporânea de nossas crianças ao sexo, privando-lhes de parte da infância e sua inocência inerente, não pode estar trazendo benefícios. E quando o próprio Estado patrocina essa estimulação sexual intempestiva, por meio de livros didáticos eivados de ideologia de gênero e deturpações afins, fica difícil imaginar este cenário mudando. Será mesmo que educação sexual precisa ser tão prioritária no currículo das escolas? Não seria mais apropriado providenciar que médicos ou enfermeiros ministrassem aulas esporádicas sobre o tema, a partir dos doze anos, e deixar todo o restante do diálogo ao encargo dos pais? É sabido que muitos deles gostam de terceirizar essa responsabilidade, mas essa é uma função indelegável, da qual os genitores não podem desincumbir-se. Aí revela-se a importância da adoção de crianças órfãs, e a necessidade de que o Estadodesburocratize os procedimentos necessários.

Humaniza-Pedofilia

E tudo só piora quando consideramos que há na Câmara dos Deputados, inclusive, um projeto de lei federal cujo objetivo é permitir que crianças de doze anos possam ser submetidas a cirurgias de mudança de sexo prescindindo, até mesmo, do consentimento dos pais. Pais esses, aliás, que vêm sendo tolhidos de sua prerrogativa de transmitir valores morais para seus filhos, com o Estado assumindo esse papel – e causando um estrago danado.

Minha Família Minhas Regras

Agora vejamos o argumento trazido à baila pelo programa: seus produtores alegam, basicamente, que os pedófilos sofrem de uma perturbação que os faz sentir desejo sexual por crianças, que muitos deles ressentem-se desta “doença” e que lamentam por terem cometido abusos. Aqui reside o busílis: a cultura apregoada pela mídia na atualidade favorece que os indivíduos sigam plenamente seus instintos, sob o pressuposto de que a moral e os bons costumes são imposições da burguesia hipócrita. “É proibido proibir” e “Vamos nos permitir” viram mantras que permeiam novelas, filmes e seriados. Refrear os instintos diante de uma análise fria e racional torna-se, neste contexto, atitude tida como reacionária. Trocando em miúdos: se o elemento sente vontade de fazer sexo com uma criança, que tal não fazer? Seja por medo de apodrecer na cadeia ou ter sua vida abreviada no corredor da morte, seja por uma questão de consciência do indivíduo, ele poderia conviver com esse desejo sem nunca consumá-lo – isso, claro, se não fosse encorajado a todo instante a seguir em frente e realizar todas as suas fantasias (inclusive as mais cruéis).

A família tradicional é torpedeada repetidamente desde a revolução cultural dos anos 1960, especialmente em discussões acadêmicas. Não se leva em conta, por certo, que justamente o fato de ser criado fora de uma família estruturada contribui para que crimes deste gênero (e outros) ocorram. Apenas como referência, mais de 72% dos negros norte-americanos nascem de mães solteiras, fora do casamento; de 1976 a 2005, os negros foram responsáveis por 52% de todos os assassinatos cometidos naquele país, apesar de corresponderem a somente 13% da população americana. Já no Brasil, 2 em cada 3 menores que cometem crimes não têm o pai em casa: apenas 34% deles convivem com o progenitor na mesma residência.

Ou seja, há uma relação estreita entre ser privado da educação e da disciplina normalmente proporcionados por uma criação que estabeleça limites, fronteiras que não podem ser ultrapassadas, e a perpetração de violações penais. Isto é, abrir mão da “arcaica” instrução fornecida pelos pais, substituindo-a por libertinagem, representa um retrocesso a estágios pré-civilizatórios da humanidade, onde estuprar crianças nem era nada demais mesmo.  Vale perguntar: será que aqueles que vociferam contra a famigerada “cultura do estupro” não estão clamando, inconscientemente, por mais respeito às regras de convivência em sociedade? Por mais moral?

Ressalte-se que o referido programa conta com repórteres recém-egressos na carreira, aqueles que representam a nova geração do jornalismo brasileiro. Pode-se constatar que a fábrica de adeptos do marxismo cultural implantada em todos os departamentos de Humanas e Sociais das universidades está funcionando a pleno vapor, portanto – e que teremos décadas de matérias deste naipe pela frente – relativizando, até, a culpa dos estupradores!

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