Por Antonio Pinho, para o Instituto Liberal
Meu amigo Thiago Kistenmacher Vieira escreveu que há um livro em que a autora Carol J. Adams, professora universitária nos EUA, vê machismo no simples ato de comer carne. O cúmulo do ridículo, pura esquizofrenia acadêmica. Pois bem, aqui no Brasil mesmo as coisas não são piores. No jornal Zero, publicação dos alunos do curso de jornalismo da UFSC, há uma matéria cujo título é “Por que as mulheres pagam menos em festas?”. Nela os alunos do jornalismo viram machismo no preço da entrada das baladas. É um hábito, no Brasil, que o valor da entrada em festas seja menor para mulheres. Muitas vezes as mulheres pagam a metade do valor do ingresso masculino. Para a esquerda isso é machismo.
Vejam o que escreveram os futuros jornalistas formados pela UFSC:
“A diferença de preço no ingresso das festas é reflexo de uma cultura machista que permeia nossa sociedade, e reforça os papeis de gênero e a relação de poder. O homem deve pagar mais por ser o provedor e por ter independência financeira, e é estimulado a conquistar várias mulheres, pois seria esse seu ‘instinto natural’. A mulher deve ser o produto pelo qual o homem está pagando e de que este pode usufruir durante a festa, e é esperado que seja recolhida e discreta.” (1)
Faz algum sentido isso? Tais afirmações não possuem nexo algum com a realidade.
Nesta matéria foram entrevistados alguns organizadores de festas na UFSC, e um deles afirmou que a diferença é por uma questão puramente fisiológica: os homem costumam beber mais do que mulheres, por isso o ingresso masculino é mais caro. A explicação faz todo sentido. Em festa open bar é puramente lógico cobrar dos homens, se eles vão consumir mais.
Claro que os preços mais baixos servem para atrair mais mulheres, as quais atraem os homens, fazendo com que a festa tenha mais público. Machismo propositado? Não. Acredito que a maioria das mulheres gosta da ideia de parar menos. As mulheres vão achar ruim se tiverem que pagar o mesmo que os homens. O preço diferenciado para cada sexo favorece a todos, as mulheres, que economizam, e os organizadores das festas, que lucram mais. E isso ainda tem um valor simbólico: vejo nisso uma valorização da figura feminina. A diferença no preço é um bom privilégio, não uma opressão machista, como pensam os futuros jornalistas que escreveram essa infeliz matéria.
Engraçado que a matéria não questiona o seguinte lado, o dos homens que pagam mais caro. Isso não seria um desrespeito com os homens, que estão sendo lesados no valor das festas? Claro que estou aqui sendo irônico, apenas levando essa lógica maluca ao extremo. Se é machismo contra a mulher, poderia muito bem ser uma opressão contra os homens. Felizmente não é nada disso.
O assunto pode parecer sem importância, mas não é. A liberdade de mercado está sendo mais uma vez ameaçada. A matéria revela que o Procon de Bauru (SP) já está coibindo a liberdade das boates que não podem mais cobrar preços diferenciados para homens e mulheres. A desculpa é o velho argumento do princípio da igualdade. Mas esquecem que a noção de igualdade é a igualdade perante as leis, o que não implica que o estado deve nivelar todos por igual, por meio de leis totalitárias.
Se uma entidade estatal proíbe um estabelecimento de cobrar o que preço que bem entender, segundo critérios próprios, pode muito bem interferir em todos os aspectos de sua atividade econômica. O nome disse é totalitarismo.
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Outra coisa. A esquerda adora inventar nomes para suas loucuras teóricas. Nesta matéria me deparei com uma palavra nova que desconhecia, “conduta cisnormativa” a qual teoricamente “exclui as pessoas travestis, transgêneras ou transexuais”. Como os radicais gostam de destruir a linguagem…
Citação:
(1) Jornal Zero, julho de 2016, UFSC, página 4. Disponível em https://medium.com/@zeroufsc/por-que-mulheres-pagam-menos-em-festas-8806d5438acb#.1waa4rtlr
* Antonio Pinho é mestre em Linguística e professor de Língua Portuguesa