Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal
“Que vergonha: você sai em público com seu filho pequeno e ele fala algo racista que ouviu de alguém ou aprendeu na TV. A maioria dos pais começa a tomar cuidado para não expor as crianças a manifestações racistas a partir da idade na qual ele começa a entender do que se trata. Até então, acreditava-se ser em torno de três ou quatro anos. Mas conforme um novo estudo publicado no jornal Child Development, bebês de seis meses de vida podem ser racistas também – apenas de uma forma diferente daquela observada em adultos.”
“Os bebês tendem a reagir positivamente a adultos de sua própria etnia e negativamente aos demais, afirma o psicólogo Kang Lee, autor do estudo. Os pesquisadores acreditam que se trata de familiaridade: a maioria dos bebês raramente vê adultos de etnias diferentes da sua própria. Na pré-escola, as crianças começam a desenvolver comportamentos sociais e a mostrar preferências por pessoas brancas e formar visões negativas sobre pessoas de cor, independente de sua própria raça.”
Dá para imaginar o quão doentio é olhar para um serzinho de seis meses de existência e decidir usá-lo como matéria-prima para formular teorias com viés ideológico segregacionista – disfarçadas de trabalho de cunho científico – só para, ao fim e ao cabo, concluir que supremacistas brancos já saem do útero oprimindo negros? Vou ali vomitar e já volto…
No livro Fatos e Falácias da Economia, o americano Thomas Sowell explica o que este povo tão preocupado com racismo (sem nenhum interesse político envolvido por trás, claro) recusa-se a entender: manifestar preferência por pessoas da mesma etnia é o mecanismo de defesa mais básico (e, portanto, menos eficiente) do ser humano.
À medida que o indivíduo desenvolve-se, ele assimila e cria métodos para identificar qualidades e aspectos positivos na personalidade das demais pessoas que, eventualmente, irão dispensar por completo a necessidade de lançar mão daquele instinto elementar (alguém avise os membros do Black Lives Matter, aliás).
E o mesmo aplica-se ao conjunto da sociedade: quanto mais ela avança (em termos de aprimoramento intelectual), mais ela tende a abandonar práticas preconceituosas e a classificar seus cidadãos com base em suas ações e outros traços não relacionados ao biotipo – e esta mudança de paradigmas é fomentada não por uma suposta “preocupação com as minorias”, mas sim pelo anseio de obter maiores benefícios em proveito próprio.
O exemplo fornecido por Sowell é a América do período dos primeiros movimentos migratórios oriundos da Europa. O economista relata que, nesta época, muito dificilmente um comerciante contrataria um irlandês, dada a fama de brigões que tal povo carregava. Nenhum empreendedor queria arriscar seus negócios vendo seu empregado sair na mão com um cliente – e era muito difícil obter informações sobre o passado dos candidatos a postos de trabalho as quais pudessem, quem sabe, contradizer este estereótipo.
À medida que os Estados Unidos consolidaram-se como nação, também a maioria das empresas amadureceu a ponto de conseguir selecionar seus trabalhadores com base em critérios totalmente diversos daquela análise simplista fundada na etnia. Atualmente, os departamentos de recursos humanos de grandes corporações conseguem traçar um perfil completo de cada candidato, a fim de constatar qual deles apresenta maior potencial para determinada atividade, deixando de lado, destarte, a questão étnica.
Tudo em nome de maximizar os lucros e reduzir os prejuízos, por óbvio. Estes são os estímulos que levam um patrão machista a contratar uma mulher competente no lugar de um homem relapso, por exemplo. Em decorrência, empresas públicas ou organizações sem fins lucrativos, as quais não possuem tais estímulos, podem “se dar ao luxo” de serem racistas sem graves consequências.
Direcionando tal lógica ao bebê: é claro que ele não é capaz de discernir entre pessoas boas e ruins quando ainda sequer consegue caminhar ou falar. Em seu afã de manter-se em um ambiente relativamente seguro após sair do conforto do útero da mãe, ele parte para o apelo visual dos indivíduos, e parecer-se com seus pais ajuda bastante neste processo.
Quanto ele crescer (especialmente se não ingressar em uma universidade federal), há boas chances de que ele venha a perceber, como resultado de suas interações e relacionamentos, que julgar pela cor da pele não é um bom parâmetro para afirmar se vale a pena ser amigo de fulano ou beltrano. Thomas Sowell, para quem não sabe, é negro; Thomas Piketty, a seu turno, é branco; donde se conclui que só mesmo um bebê (ou marxistas dotados de inteligência similar) para achar que o segundo é melhor economista que o primeiro julgando apenas pelo fenótipo.
É interessante notar: esta turba “progressista” repete ad nauseam que infratores “menores de idade” não podem ser responsabilizados por seus atos. Será que vão querer prender por racismo recém-nascidos agora? Acho que é contradição demais para a cabecinha deles; melhor correrem em disparada para o safe space.
Este tipo de disparate travestido de ciência vem somar-se a outros fatores (entre eles o prolongamento da fase de juventude por tempo indeterminado, a crescente secularização no Ocidente, a quebra da hierarquia familiar e a excessiva intervenção estatal nas relações familiares) que combinados, reduzem o ânimo de ter filhos e insuflam o medo de criá-los – fenômeno generalizado facilmente observável hodiernamente.
Nada é por acaso: assim fica mais fácil tanto forjar apoiadores para leis que autorizem o aborto, quanto reduzir as taxas de natalidade a níveis tão baixos que “justifiquem” escancarar as fronteiras dos países (como já ocorre na Europa), para o regozijo dos entusiastas da governança global. Obama deve ter sorrido de orelha a orelha ao ler esta matéria, entre uma palestra e outra…
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