Era questão de tempo, claro. Sabemos como a esquerda e a honestidade intelectual são como óleo e água: não se misturam. Sabemos, também, que essa esquerda não mede esforços em demonizar a direita, e que todo tipo de manipulação é usada para tanto. Logo, era claro que o pessoal faria uma associação forçada primeiro entre direita e nazismo, depois entre este e o terrorismo islâmico.
O “jornalista” da CNN foi o primeiro a ir por esse caminho, falando que Barcelona seria considerada uma “cópia” de Charlottesville em breve (ele mesmo dando a dica e fazendo já a insinuação de forma velada). Agora foi a vez de Adam Taylor escrever um texto no Washington Post avançando mais algumas casas na comparação esdrúxula. Eis como ele começa, em tradução livre:
Em ambos os lados do Atlântico, há investigações urgentes sobre a radicalização de homens jovens que cometem atos de violência politicamente inspirados.
Na Espanha, as pessoas procuram compreender as motivações de uma dúzia de jovens que organizaram ataques terroristas em Barcelona e Cambrils que deixaram 14 mortos e vários feridos na semana passada. Enquanto isso, nos Estados Unidos, a polícia está analisando o perfil de James A. Fields Jr., nativo do Kentucky, de 20 anos de idade, que matou uma mulher e feriu outras 19 pessoas quando jogou seu carro contra uma multidão de manifestantes contrários à extrema-direita em Charlottesville.
Seria um erro traçar uma linha muito clara entre os dois incidentes, mas todas as semelhanças entre terroristas islâmicos como os da Espanha e os nacionalistas brancos, como Fields, valem a pena examinar pelo que revelam sobre a radicalização em todo o mundo.
Uau! Supremacistas brancos e terroristas islâmicos unidos no radicalismo, e nem uma só palavra sobre… os radicais de esquerda, os grupos Antifa, Black Lives Matter e os black blocs, aqueles que costumam até defender de certa forma os fundamentalistas islâmicos pois preferem sempre focar seu ataque na “islamofobia”. É muita cara de pau mesmo!
O autor continua traçando seu paralelo, falando que não estão unidos apenas pelos métodos – jogar carros em multidões – mas pelo perfil radical, totalitário, que busca “um tamanho único” de ideologia, aquela que fornece todas as respostas de forma dogmática, aplacando as angústias. E você poderia jurar que o comunismo é exatamente isso, que o socialismo sempre foi essa utopia totalitária, que o “progressismo” mesmo tem seduzido, com seu politicamente correto, essas almas radicais em busca da “pedra filosofal”.
Os mais intolerantes, raivosos e agressivos são justamente os que falam em “tolerância” e “diversidade”, os que demonizam todo adversário como “fascista” ou “nazista”, os que se sentem no direito de matar policiais, de impedir palestras em universidades, de retratar metade dos eleitores do presidente eleito como “execráveis”.
A esquerda se recusa a condenar o radicalismo islâmico, Obama sequer era capaz de usar a expressão, mas eis que os terroristas muçulmanos são parecidos com… a direita! E a direita, claro, é representada pelos neonazistas e supremacistas brancos. É realmente algo chocante! E claro, sem surpresas, o ataque final é contra o próprio Trump, que condenou os dois lados extremos:
Na retórica pública da administração Trump, não há reconhecimento desses paralelos. O presidente Trump tem sido famoso em apontar rapidamente as motivações por trás dos ataques inspirados pelo Estado islâmico ou por outros grupos militantes islâmicos – mesmo quando essas crenças acabam não sendo o motivo dos ataques. No caso de Charlottesville, Trump e outros políticos republicanos concentraram-se em vez disso nas ações da chamada “esquerda violenta” em vez de nas motivações da extrema direita.
Haja cinismo! Reparem que o autor poupa o Islã do terrorismo islâmico, alegando que os motivos por trás dos ataques não são as crenças religiosas, e também insinua que a “esquerda violenta” não passa de uma invenção do presidente e dos republicanos. É muita canalhice! Como se os métodos dos Black Lives Matter e Antifa não fossem os mesmos dos fascistas e nazistas, e como se não fosse a esquerda que defendesse por covardia ou afinidade ideológica os muçulmanos, mesmo os mais radicais.
Afinal, não vamos esquecer que o Foicebook andou até punindo usuários por postar o elo histórico entre o Islã e o nazismo. Mas ele existiu! É um fato! Radicais islâmicos e nazistas são igualmente antissemitas, estavam juntos na Segunda Guerra, e lideranças islâmicas viram com bons olhos a “solução final” de Hitler para a “questão judaica”. Deveriam ter o mesmo tratamento, certo? Então por que a esquerda poupa o Islã radical?
É preciso ignorar os fatos e investir apenas na narrativa falsa, que pinta a direita toda como execrável, defensora de nazistas, e parecida com os terroristas islâmicos. Depois reclamam quando são chamadas de “Fake News”. E pensar que o Washington Post, assim como a CNN e o NYT, é uma das grandes referências internacionais da nossa imprensa…
Rodrigo Constantino
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