![A estratégia guarda-chuva do movimento liberal A estratégia guarda-chuva do movimento liberal](https://media.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/2018/07/foco-politicos-768x498-887f6bce.png)
Por Luan Sperandio, publicado pelo Instituto Liberal
Segundo o Instituto Ipsos, 93% dos brasileiros não confiam nos políticos em geral, e, a despeito de termos 35 partidos políticos, 4 em cada 5 brasileiros não se sentem representados por nenhum deles. É um cenário de total desconfiança, em que a política fica cada vez mais sensível e o debate mais acalorado. Nesse ambiente, há dois caminhos naturais a serem adotados pelos cidadãos: a crítica rasa – identificada como a pura e simples revolta – e o ativismo, movimento em que esse descontentamento é alocado em alguma organização com objetivos claros a fim de mudar o status quo.
Em Serra, região metropolitana de Vitória, criou-se um interessante projeto de ativismo que tem inspirado diversas outras iniciativas e que vale a pena ser conhecido para refletir em novas iniciativas. Trata-se do Monitora Serra, iniciativa popular que reúne cidadãos para fiscalizar e acompanhar os trabalhos do legislativo municipal.
Nas eleições municipais de 2016, alguns moradores manifestaram preocupação com o trabalho da Câmara de Vereadores e sobre como ela pode ajudar ou atrapalhar o desenvolvimento do município. A ideia era clara: “se queremos um futuro melhor para a cidade, não podemos nos omitir”. A partir daí surgiu a ideia de estruturar um grupo de trabalho organizado para acompanhar o trabalho dos vereadores da cidade.
O grupo, que originariamente contava com empreendedores serranos, recebeu estudantes e trabalhadores de diversas áreas, lançando efetivamente o projeto em novembro de 2017. A constituição do grupo se deu, vale dizer, com a presença de nomes do movimento liberal capixaba, formados em instituições como o Grupo Domingos Martins e o Instituto Líderes do Amanhã.
O grupo tem a cada dia se estruturado, recebendo novas pessoas das mais diferentes áreas de atuação e desenvolvido sua metodologia de trabalho. As realizações estão alcançando repercussão em todo o estado, que, além do Monitora Serra, conta com movimentos como o Grupo de Inteligência Municipal, que atua em Nova Venécia, no interior capixaba.
Forma de trabalho
No primeiro momento, criou-se um rodízio entre os integrantes para acompanharem todas as sessões da Câmara Municipal em duplas. Os monitores – como são chamados – direcionam aos demais o que tem acontecido, detalhando a participação dos vereadores, a votação de projetos e todos os pontos que julgarem interessantes. Cada dupla é responsável também pelo contato direto com um grupo de vereadores, realizando eventualmente contatos e discussões com o político acerca do que está em pauta.
Para corroborar o trabalho, foi lançado um aplicativo para smartphones que é utilizado pelos membros do grupo. Os monitores avaliam os projetos que são protocolados na Casa, gerando um relatório que guiará o posicionamento do grupo em relação a cada projeto. Quando o projeto é identificado como nocivo à cidade, o vereador propositor é comunicado com sugestão de alteração ou até retirada de pauta.
A ideia do grupo é a abertura desse aplicativo, que hoje funciona apenas internamente, além da criação de um ranking que indique a qualidade da produção legislativa de cada vereador. Assim, destacam-se os melhores vereadores e os piores – em ideia que lembra o Ranking Políticos.
Para aprimorar e agregar capacidade técnica aos trabalhos do grupo, o Monitora Serra buscou parcerias. A primeira delas foi com a seccional da OAB na cidade, que disponibilizou advogados para acompanhar as questões de maior complexidade jurídica.
A partir de diferentes estratégias, o Monitora Serra visa chamar a atenção dos vereadores para que foquem nas reais demandas do município. Com a atenta fiscalização e o impacto entre a população que o grupo vem tendo, criou-se mais uma espécie de controle dos vereadores. Entre as realizações recentes, o grupo atuou pela reunião da Câmara Municipal, na época dividida em dois grupos que disputavam o controle interno da Casa. Na ocasião, a Câmara chegou a deixar de funcionar por várias sessões após um grupo consecutivamente abandonar o plenário da Casa, impossibilitando o prosseguimento dos trabalhos por falta de quórum.
Outra realização recente do grupo se deu quando aperfeiçoou umprojeto de lei cujo objetivo era desburocratizar algumas normas municipais, flexibilizando prazos e facilitando a dinâmica de negócios na cidade. O grupo sugeriu emendas e ajudou na aprovação dele ao conversar com os vereadores.
Vale a reflexão, pois, por muito tempo, a sociedade civil se omitiu do papel que lhe cabia. Atualmente é possível enxergar que nasce o interesse popular de participar ativamente da política. Isso diminui, em parte, a influência que políticos possuem, sobretudo, em Câmaras de Vereadores, instituição geralmente marcada por ausência de oposição aos projetos do Executivo
O Monitora Serra é um exemplo de iniciativa da sociedade civil despido de qualquer interesse particular ou partidário e que respeita o viés ideológico de cada um de seus membros. O objetivo é tornar a cidade em que atua, Serra, melhor para se trabalhar, empreender, estudar e viver.
A estratégia do guarda-chuva
Além de ótimo exemplo de iniciativa da sociedade civil, o Monitora Serra também ilustra o funcionamento da estratégia de guarda-chuva do movimento liberal brasileiro: organizações pioneiras, como o Instituto de Estudos Empresariais e este Instituto Liberal, até mais recentemente o Instituto Mises Brasil, Students for Liberty e Ideias Radicais, que trabalham no start da formação de interessados pelas ideias da liberdade e jovens lideranças; por sua vez, as novas lideranças criam e participam de outras organizações liberais ou inspiradas na liberdade, ocupando espaços e atuando neles a partir de seus valores aprendidos e formados nas organizações. A estratégia tem funcionado: basta ver a proliferação de organizações liberais na sociedade civil nos últimos anos. Isso faz com que possamos afirmar que os próximos anos reservam otimismo para a multiplicação de iniciativas como o Monitora, mais grupos de estudos e institutos em todo o país.
Nota: Artigo elaborado em parceria com Darcy Junior que é Presidente do Grupo Domingos Martins e membro do Monitora Serra.
-
Esquerda brasileira tenta dar novo fôlego a discurso antiarmas após atentado contra Trump
-
Preocupado com “inclusão” e “diversidade”, Serviço Secreto dos EUA comete pior falha em 43 anos
-
Banda de Jack Black cancela turnê após integrante fazer piada sobre desejar morte de Trump
-
Advogada gravada em áudio com Bolsonaro aponta esquema criminoso da Receita
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião