Conforme muitos leitores acompanharam aqui, fiz a releitura do meu livro Estrela Cadente: As contradições e trapalhadas do PT, que apesar de ter sido escrito em 2005 e antes de estourar o mensalão, mostra-se incrivelmente atual. Na verdade, mostra mais: mostra que já era perfeitamente previsível o rumo caótico em que o partido colocou o Brasil nesses anos de poder. Abaixo, a conclusão do livro:
Conclusão
Espero ter sido bem sucedido em meu objetivo inicial, tendo exposto inúmeras contradições e trapalhadas do PT no governo. São diversos casos de corrupção ou suspeita de corrupção, exemplos de completa falta de ética, temos o populista Fome Zero, que aumenta ainda mais a burocracia, o Estatuto do Desarmamento, que gasta uma fortuna para tirar as armas de civis inocentes enquanto os criminosos recebem tratamento mais brando, o regime de cotas, que representa um racismo em si, gera resultados ineficientes e garante privilégios imorais.
No campo da educação, fundamental para qualquer país, temos um partido buscando um controle exagerado das universidades, que afeta negativamente a qualidade do ensino, assim como a tentativa de adotar um modelo caótico de alfabetização, importado de Cuba. Vimos que o crescimento econômico, que parece o ponto forte do governo Lula, tem na verdade causas exógenas, e que o Brasil poderia estar indo muito melhor não fossem os impostos elevados, burocracia, problemas de infraestrutura e instabilidade no campo. Falamos do eterno bode expiatório do “neoliberalismo”, e como isso oculta uma realidade bastante distinta no Brasil. Passamos pelo “tabu” das privatizações, e fica claro como elas poderiam impulsionar a geração de empregos e até aumentar a arrecadação de impostos para o Estado. O materialismo socialista ficou exposto também, mostrando a inversão dos fatos, já que os socialistas acabam com a imagem de que são pobres preocupados apenas com questões humanistas.
A “ligação perigosa” com o MST mereceu destaque, assim como todas as amizades petistas, que causam espanto para quem lembra do ditado popular “diga-me com quem andas que te direi quem és”. Juntando isso com as medidas do governo que demonstram claro viés autoritário, o receio dos rumos democráticos não parece nada paranóico. E tratamos das contradições internas geradas por toda essa incoerência do partido que era oposição irresponsável e tornou-se governo.
Muitos dos tópicos tratados, como avisado na introdução, são de conhecimento público, e foram publicados nos principais veículos de comunicação. Espero ter refrescado a memória do leitor, já que são tantos episódios que fica quase impossível ter tudo em mente, ainda mais num mundo tão corrido e com tanta informação.
Gostaria de finalizar expondo a contradição do eleitor do PT em particular, e da esquerda em geral, que de posse de todas essas informações, ainda deseja votar em um partido que defende mais Estado como solução para nossos problemas. Muitos desses eleitores entendem que a burocracia atrapalha a vida do cidadão. Sabem que impostos elevados obstruem o empreendedorismo, que gera empregos. Reconhecem a ineficiência das estatais vis-à-vis as empresas privadas, focadas no lucro. Detestam vários políticos, que consideram corruptos. Entendem que a concentração de poderes estimula a corrupção e corrompe até mesmo um homem decente. Mas ainda assim pedem mais governo!
Encaram o Estado como algo sobrehumano, idealizado, clarividente e ilumuniado. Esquecem que ele é formado por homens também, e justamente os políticos tantas vezes criticados. Ignoram que o Estado não pode dar nada que antes não tenha tirado da sociedade. Não existe almoço grátis! E fingem não ver que Brasília absorve poderes enormes, cada vez mais concentrados, o que irá inevitavelmente despertar o que há de pior nesses governantes. Como dizia Lord Acton, “o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente”. O eleitor que seleciona partidos que defendem mais Estado, em nome da “justiça social”, parece não notar que está defendendo o uso de sanguessugas para curar nossa leucemia. Coitado do paciente Brasil, o eterno gigante adormecido…
Rodrigo Constantino