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Deu na Folha:

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Os brasileiros têm alta propensão a apoiar teses autoritárias e essa tendência é reforçada pelo quadro ameaçador da segurança pública do país, que registra cerca de 60 mil mortes intencionais por ano e tem 50 milhões de adultos que declaram ter conhecido ao menos uma pessoa que foi assassinada.

Esta é uma das conclusões do estudo “Medo da Violência e Autoritarismo no Brasil”, realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), uma entidade sem fins lucrativos, que elaborou no país um inédito Índice de Propensão ao Apoio de Posições Autoritárias.

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Com base em pesquisa encomendada ao instituto Datafolha, a medição indica que, numa escala de zero a dez, a sociedade brasileira atinge o elevado índice de 8,1 na propensão a endossar posições autoritárias.

A constatação mostra-se mais relevante quando os brasileiros começam a se preparar para a corrida eleitoral do próximo ano, num contexto político e social instável, em tese propício a aventuras populistas e autoritárias.

“Estamos sob ataque de grupos que professam sua fé na violência como forma de governar e de, paradoxalmente, pacificar a sociedade, em uma espécie de vendeta moral e política que parece cada vez mais ganhar adeptos”, diz Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do FBSP, para quem a ideia de que vivemos numa “terra devastada” favorece a exploração de supostas saídas de “cunho salvacionista”.

Um dos nomes que se apresentam com essas características no cenário da disputa presidencial é o deputado Jair Bolsonaro (PSC), que na pesquisa Datafolha de intenção de voto, publicada no último domingo, oscilou entre 15% e 19% nos diversos cenários propostos pelo instituto.

Não é fofo? A coincidência de esse estudo sair quando Jair Bolsonaro, inclusive citado na reportagem, cresce nas pesquisas é mesmo incrível, não acham? O estudo concluiu que o brasileiro médio, assustado com a violência, busca um político “salvacionista”, e Bolsonaro é o exemplo claro disso.

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Nem vou discordar totalmente. Em parte, o fenômeno é esse mesmo: ninguém aguenta mais tanta corrupção, tanta criminalidade, e tanto “progressismo” justificando ambos ou colocando a culpa na “sociedade”. Ninguém acredita mais no establishment, na mídia “Fake News”, e isso reforça a busca por um messias mesmo. Como já defendi antes, a esquerda caviar ajudou a parir um Bolsonaro competitivo.

Agora, precisava de um estudo e uma pesquisa para concluir que o brasileiro médio tem uma queda pelo autoritarismo, num país que acabou de ser “governado” pelo PT?! Quer prova maior do que Lula ter sido presidente, e ainda estar em primeiro nas pesquisas?

Mas, curiosamente, Lula praticamente não é mencionado! Só en passant. Assim como a Veja, de “direita” (risos), considera Bolsonaro a grande ameaça à nossa democracia, num país que sobreviveu por pouco aos 13 anos de PT e que ainda tem Lula na frente nas pesquisas, o estudo associa autoritarismo a Bolsonaro, mas só de raspão inclui Lula na lista, não sem destacar seu “lado bom”, claro:

Os enunciados se filiam a três categorias: “submissão à autoridade”, “agressividade autoritária” e “convencionalismo”. A que apresentou médias de propensão ao autoritarismo mais altas foi a primeira —”submissão à autoridade”. O resultado pode ser relacionado a traços reconhecíveis da cultura política do país, como o prestígio de lideranças fortes e personalistas —à direita, mas também à esquerda, como ressalta Fernando Abrucio, professor da FGV.

Na busca de um “salvador da pátria”, a população poderia vê-lo no ex-presidente Lula (PT), “que tem um histórico de políticas sociais”, ou em Bolsonaro. “Se isso leva à vitória eleitoral, é complicado dizer, porque há outras variáveis em jogo.”

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O sujeito que defende até hoje a tirania cubana e a ditadura venezuelana, que quis expulsar jornalistas estrangeiros, calar os locais, comprar tudo e todos, aparelhar a máquina estatal inteira: esse não é sintoma de autoritarismo, de “messias salvador”, de populista que seduz os ignorantes assustados. Ele tem um histórico de “políticas sociais”.

Um país que teve Getulio Vargas como ditador, até hoje idolatrado por alguns esquerdistas, precisa conduzir uma pesquisa para concluir que tem queda pelo autoritarismo? Um país em que Ciro Gomes, típico perfil de coronel nordestino, ainda é levado a sério e tem espaço na imprensa, pode ter dúvidas sobre sua essência autoritária? Um país que clama por mais leis sempre que enxerga algum problema qualquer, que desconfia do livre mercado, que foge do capitalismo liberal como o diabo da cruz e que endeusa o estado, ainda não sabia que tem inclinações autoritárias? Sério?

Enfim, esse “estudo” não passa de mais uma peça de propaganda contra Bolsonaro, nada mais. Quem fala em autoritarismo citando o deputado de direita e sequer fala da sanha autoritária da extrema-esquerda, do PT e do PSOL, não merece um pingo de credibilidade. É uma piada de mau gosto. É como um típico fascista de esquerda gritando “fascista” para todo aquele que não é um socialista.

Rodrigo Constantino