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A ex-mulher de Marcelo Freixo, do PSOL, acusou o deputado socialista de “machista”, disse ter medo, sentir-se perseguida e difamada, enfim, fez um desabafo enorme na sua página de uma rede social. Freixo, não custa lembrar, é o ídolo das feministas, e usou na campanha para prefeito o tema “agressão a mulheres” para atacar Pedro Paulo. Era de se supor que uma acusação grave, de uma ex-mulher, fosse despertar o interesse da imprensa, não é mesmo? Ledo engano.

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Temos apenas notinhas pequenas, ou nem isso. Foi como se a coisa não tivesse acontecido! No GLOBO, jornal acusado de “golpista” pela extrema-esquerda, mas que adotou tom bastante favorável ao então candidato socialista, é mais fácil achar mil críticas a Bolsonaro do que alguma menção a esse caso. Na coluna Radar, da Veja, saiu uma notinha, e pronto:

Priscilla Soares, ex-mulher do deputado fluminense Marcelo Freixo (Psol), foi às redes sociais acusá-lo de ser machista.

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Em seu perfil no Instagram, sem entrar em detalhes, a cirurgiã-dentista disparou contra o ex-companheiro, a quem chamou de “esquerdo-macho”:

“Senti-me acuada por um período longo desde o término do meu relacionamento de dois anos e meio com o deputado Marcelo Freixo, passei a ser caluniada, por ele e seus companheiros de partido, o clã dos esquerdo-machos”.

O texto foi publicado no fim de semana, e, em seguida, retirado do ar.

Durante a campanha para prefeito do Rio no ano passado, o parlamentar levantou a bandeira do feminismo e concentrou sua artilharia no rival Pedro Paulo Carvalho (PMDB), que era acusado de ter agredido a ex-mulher, Alexandra Marcondes.

Procurado, Freixo disse que não fala sobre sua vida pessoal.

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Eis o desabafo escrito pela ex-mulher, na íntegra:

O medo.
O medo pode levar à resistência, e muitas vezes à luta.
Senti-me acuada por um período longo desde o término do meu relacionamento de 2 anos e meio com o deputado @marcelofreixo , passei a ser caluniada,supostamente, por ele e seus companheiros de partido, o clã dos esquerdo-machos. Um perverso paradoxo político, no sentido de que sem feminismo não há “esquerda” e sem “esquerda” não há feminismo.
Passei anos me dedicando a uma relação de exposição, de julgamentos, e ao fim recebi o título de infiel. Sim, caras amigas, ele determinou como justificativa para o fim do relacionamento traições minhas. Tendo em vista o tamanho da dominação a mim direcionada na hierarquia de um casal hetero, ainda sim, ganhei o carimbo de algoz para que ele fosse a vítima.
Ademais sua filha e ex esposa articularam a fama de mulher louca e depressiva na região onde moram. Já discurso mais machista que qualificar uma mulher como louca? Era uma Cidade pequena. Onde tudo circula com rapidez. E logo chegaram aos ouvidos de amigos dos meus pais.
@isadorafreixo
Não houve qualquer cuidado em relação a minha vida, a nossa história, ou ao que por dois anos e meio e duas campanhas me dediquei.

Precisava dizer tudo isso, pois o silêncio pode ser opressor. É violento.
Tenho me afastado desse cenário de falsas relações e afetos desde então, mas continuo sendo associada ao então deputado Freixo. Sou “A ex mulher” entre tantas.
Nunca fui mulher de ninguém, nem carne de açougue para ter moscas rondando (como ele gostava de falar em tom jocoso), eu sempre fui Priscilla.
Estudante de doutorado, cirurgiã-dentista, militante de muitas bandeiras desde muito jovem. De esquerda. De escola pública. De universidades públicas. Atuando em serviço público.
A minha história é de luta todos os dias no cotidiano de trabalho. Seja num plantão na upa ou atendimento na favela.

Aos jovens que ficam sob a lente de outros, busquem vcs mesmos como nossa sociedade se organiza, como é atroz em seu nível de desigualdade e miséria estrutural. Não sejam massa de manobra.
Amanhã é dia de rua. Por todos nós brasileiros e brasileiras.

E a nós, mulheres, sororidade. Luta. Resistência. Denúncia. Vida.

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A página de apoio a Jair Bolsonaro no Facebook fez uma montagem para atacar o deputado do PSOL em sua aparente contradição:

Bene Barbosa, do MVB, fez o comentário óbvio, que está preso na garganta de todos: “Imaginem se fosse a ex-mulher do Bolsonaro…”

É o duplo padrão que mata a imprensa. É essa seletividade que destrói sua credibilidade. É a narrativa que precisa se encaixar na ideologia, não nos fatos, que afasta tantos leitores. É o viés escancarado que leva boa parte da mídia a ser chamada de “fake news”. A pergunta que não quer calar é essa: e se fosse a ex-mulher de Bolsonaro?

Rodrigo Constantino

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