Marcello Lavenère, ex-presidente da Ordem dos Advogados Bolivarianos, digo, Brasileiros (OAB), disse que o impeachment é a morte política de uma pessoa, de um partido e de um projeto de futuro. Como conclui O Antagonista: “Ele está certo. Por isso, o impeachment é tão importante. É preciso encerrar a carreira política de Dilma, banir o PT e seu projeto de dominação”.
Na mesma linha foi Joice Hasselmann, com sua objetividade de sempre. Esse é o time que tem combatido a boa luta e colaborado para essa morte política do PT, o que não quer dizer, naturalmente, a morte da esquerda em geral, nosso verdadeiro inimigo de longo prazo. Vejam:
A choradeira faz parte. O que não deveria fazer parte é a política de terra arrasada adotada pelo PT e pela presidente Dilma. Foi o tema do editorial do Estadão hoje. Abaixo, alguns trechos:
No comício promovido pela CUT em São Paulo para comemorar o 1.º de Maio, a presidente Dilma Rousseff mostrou-se capaz de, nos estertores de seu catastrófico mandato, transpor a barreira do ridículo para se perder nas brumas da falta de juízo. É o caso de se pensar se já não é mais questão de mero impeachment, mas de auxílio terapêutico. Não há outra explicação para Dilma ter afirmado que seus opositores são os verdadeiros “responsáveis pela economia brasileira estar passando uma grande crise”. Afirmação que soa tão mais insana quando feita no mesmo discurso em que anunciou um “pacote de bondades” que amplia o bilionário rombo orçamentário que legará a seu sucessor.
É triste constatar que Dilma Rousseff renunciou à possibilidade de deixar o governo com um mínimo de dignidade, se não admitindo honestamente erros cometidos – atitude que não combina com sua enorme arrogância – pelo menos se poupando, e ao País, do deplorável espetáculo desse ímpeto revanchista com que tenta transferir a outros a responsabilidade por sua clamorosa incompetência. A escalada de absurdos a que Dilma se entregou nesses últimos dias torna plausível até as mais disparatadas especulações que circulam em Brasília. Fala-se, por exemplo, que, para registrar de modo dramático sua indignação e repulsa ao “golpe” de que se considera vítima, Dilma estaria cogitando receber a comunicação oficial do afastamento literalmente acorrentada a sua cadeira presidencial. Só pensar em tal cena já é um disparate.
[…]
Dilma e a tigrada do PT, enquanto agonizam politicamente, não deixarão passar nenhuma oportunidade para “infernizar” o governo que deverá assumir nos próximos dias. O País? Ora, o País que se dane.
Ou seja, o PT continua na péssima luta bolivariana, com o apoio de muitas entidades ainda, de muita gente, muito “intelectual”, artista e sindicalista, e está disposto a tudo para não largar o osso ou, se largar agora, voltar ao seu domínio em breve.
Derrotar o PT com o impeachment foi um feito e tanto do Brasil. Não é nada desprezível, e devemos reconhecer os esforços heróicos daqueles envolvidos. Mas a luta não acaba aí. O PT leva um golpe quase fatal, mas, como podemos ver, já se articula para sobreviver atazanando o país, assombrando a democracia.
E mesmo se o ex-presidente da OAB estiver certo e o impeachment significar a morte política do PT, sabemos que o “petismo” em si não morre junto; ele se adapta sob novas embalagens, como a Rede de Marina Silva e o PSOL.
Temos motivos de sobra para festejar essa “morte” do PT e a derrota de Lula, mas logo depois será hora de curar a ressaca, arregaçar as mangas e preparar as energias para as novas batalhas nessa guerra que está apenas começando.
Rodrigo Constantino