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Ex-presidentes do BC defendem caminho liberal para salvar o país
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O Instituto Millenium realizou um evento hoje na Fecomércio em São Paulo com os três ex-presidentes do Banco Central do Brasil, Armínio Fraga, Gustavo Franco e Henrique Meirelles. Estive lá e foi notável o grau de convergência deles em relação ao que precisa ser feito a médio prazo para tirar o país do atoleiro. Todos insistem no caminho mais liberal de redução do estado e, principalmente, dos gastos públicos.

O patamar e a trajetória do endividamento do governo foram mencionados como o maior calcanhar de Aquiles hoje. Um país emergente como o Brasil com quase 70% de dívida sobre o PIB é temerário. Mais assustador ainda é o fato de que há um déficit nominal grande, ou seja, esse endividamento vai aumentar nos próximos anos. O Brasil praticamente quebrou, e conquistas das últimas décadas, especialmente com o Plano Real, estão em xeque.

Coube a Armínio tecer as críticas mais duras, especialmente quando respondeu que não faria quase nada igual ao atual ministro Joaquim Levy. Deixou claro que não é porque Levy não entende o que deve ser feito, e sim porque não tem poder político para tanto, já que sua chefe foi quem causou os problemas. Frisou ainda que um eventual governo Aécio Neves não estaria seguindo na mesma linha, e quem diz isso ignora a agenda proposta pelo candidato.

Armínio defende profundas mudanças no modelo, tanto do ponto de vista macro, com a redução do escopo do estado e corte de despesas e privatizações, como no lado micro, reduzindo drasticamente o intervencionismo estatal e permitindo um funcionamento mais livre do mercado.

Gustavo Franco bateu bastante na tecla da abertura comercial, comparando o que aconteceu com os “tigres asiáticos” e com o Brasil nas últimas 3 décadas. O modelo de abertura e mergulho na globalização venceu com folga, e hoje a Coreia tem quase dois terços da renda per capita americana, enquanto o Brasil tem perto de 20%. Ambos tinham o mesmo patamar há três décadas. O fechamento brasileiro com as reservas de mercado fracassou e muito.

Meirelles pregou também mais mercado e menos estado, e combateu a ideia de intervir no câmbio para estimular exportações, lembrando que isso costuma gerar mais inflação. O preço “justo” é melhor definido pelo próprio mercado, disse. Cotado para assumir o lugar de Levy, Meirelles desconversou elegantemente, recusando-se também a responder o que faria diferente caso estivesse no comando da economia.

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Uma eventual ida de Meirelles para a Fazenda agradaria o mercado, não por ele ser muito diferente de Levy, e sim porque todos sabem que ele e Dilma não se bicavam e que Lula endossa a mudança, ou seja, caso isso ocorresse mesmo, seria forte sinal de que Dilma capitulou e cedeu o comando econômico de fato. Resta saber se ela tem humildade e senso de sobrevivência para tanto.

Os grandes temas econômicos estão claramente colocados à mesa. Os economistas sérios sabem que é preciso reduzir gastos públicos em vez de aumentar impostos, soltar as amarras burocráticas para os empreendedores terem ambiente mais amigável de negócios, abrir a economia e permitir o funcionamento da livre concorrência. São bandeiras liberais, apesar de alguns rejeitarem o rótulo. Não muda a realidade: ou o Brasil fica mais liberal, ou vai mesmo quebrar logo ali na frente.

Rodrigo Constantino

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