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Por Vicente Rondon, publicado pelo Instituto Liberal

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Ao observarmos atentamente o curso da história, veremos que a própria inviabilidade econômica intrínseca ao comunismo (já exaustivamente comprovada por Ludwig Von Mises e Eugen Böhm-Bawerk, dentre outros renomados economistas) invariavelmente conduz seus protagonistas a uma inexorável radicalização política. Tal radicalização é usualmente resultante dos inevitáveis conflitos originários do irremediável desarranjo econômico que sobrevêm ao comunismo, exemplificados pela máxima: “Casa onde não há pão, todos brigam, e ninguém tem razão”.

Vimos esse filme na União Soviética e na China, através do infame genocídio de suas populações sinistramente orquestrado pelo próprio regime; em Cuba, com as extensivas prisões e fuzilamentos de opositores e, mais recentemente, na Venezuela, através da intempestiva subtração de liberdades civis aos cidadãos, já devidamente martirizados pela miséria, pela fome e pela truculência homicida do aparato estatal de segurança.

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No caso específico do Brasil, três fatores contribuíram, a meu ver, para o adiamento da radicalização que inevitavelmente acompanha regimes de extrema-esquerda, como foi o (des)governo do PT: (1) a interrupção do processo de dilapidação da economia nacional, já em sua fase terminal, causada em parte pelo advento da operação Lava Jato, em parte pelo impeachment da “estocadora de vento” e, por fim, pela recente sucessão presidencial, (2) o acometimento de uma certa “soberba” aos comissários petistas, um certo clima de “está tudo dominado”, que os fez procrastinar negligentemente suas ações mais extremas de desacato à ordem vigente, conservando os movimentos sociais sob rédeas curtas (e verbas fartas) durante seus desditosos governos e, (3) a displicente atuação da esquerda no campo legislativo, onde teve seus mais radicais projetos de controle social devidamente rechaçados pelo congresso, ao mesmo tempo em que, no executivo, sancionava leis moralizantes frontalmente contrárias a seus mais vitais interesses, tais como as da ficha-limpa e da delação premiada.

Não devemos nos iludir, entretanto, quanto ao potencial destrutivo de que ainda goza o grupo recém-destituído do poder no país, já que os próceres da extrema-esquerda (leia-se: PT, PSOL, PC do B e cia.) contam com vastas hostes de diligentes serviçais solidamente encastelados em instituições como a grande mídia, escolas, universidades, serviço público, estatais, fundos de pensão, procuradorias, tribunais, ONGs, sindicatos, movimentos sociais et caterva (além de cultivarem desde sempre seus mais que explícitos vínculos com o crime organizado do PCC, CV, FARCs e o escambau), sendo seu poder de causar danos à ordem social ainda bastante considerável, como se pode inferir dos desmandos ora vivenciados pelo estado do Ceará, coincidente e oportunamente deflagrados no raiar dos primeiros dias da recém-empossada administração federal, sob um governo estadual petista que — do nada, e contra toda a sua história de leniente subserviência à criminalidade (por eles tão carinhosamente alcunhada de “vítimas da sociedade”) — decidiu medir forças com o crime organizado acendendo o estopim de uma crise que até as pedras de Fortaleza sabem tratar-se da mais abjeta instrumentalização política.

Apeada do governo federal e vislumbrando um funesto porvir, conforme os desmandos cometidos durante seus 16 anos de poder ameaçam vir à tona, resta a uma acuada esquerda agora, à medida que o desespero lhe bate à porta, apelar tardiamente para a inevitável radicalização instaurando uma vez mais o caos no país, na vã esperança de que os militares possam vir a responder com o rigor que a gravidade da situação exige e que a debilitada esquerda tanto deseja, a fim de justificar o requentamento — pela enésima vez — de seu mais que mofado discurso do vitimismo e da “virtuosa” luta contra a ditadura militar.

Sobre o autor: Vicente Rondon é economista, professor, consultor e músico. Especialista e mestre em gestão de negócios, é estudioso das teorias sobre liberalismo econômico e conservadorismo.