A seis meses das eleições, o Facebook anunciou que iniciará na próxima semana, no Brasil, um programa de verificação de notícias em parceria com as agências de checagem Lupa e Aos Fatos.
Segundo a plataforma, os dois serviços, ligados à International Fact-Checking Network (IFCN), rede de checadores organizada pelo instituto Poynter (EUA), terão acesso às notícias denunciadas como falsas pelos usuários.
Aquelas que as agências confirmarem como falsas “terão sua distribuição orgânica reduzida de forma significativa”, não podendo mais ser impulsionadas, diz o Facebook.
E “páginas que repetidamente compartilharem notícias falsas terão todo o seu alcance diminuído”, não podendo mais comprar anúncio para aumentar suas audiências.
O poeta romano Juvenal perguntava: quem vigia o vigia? A credibilidade dos “censores” não é das melhores. Afinal, basta uma rápida busca em seus perfis para ficar claro que são quase todos de esquerda, “progressistas”, como a linha geral adotada pela rede social que se vende como “plataforma neutra”, mas que claramente tem lado ideológico.
Eis como funciona, na prática, o ciclo de censura à direita: O Facebook implementa regras propositalmente vagas sobre “censura a conteúdo”; a empresa contrata preferencialmente pessoas de extrema esquerda ou faz parcerias com essas organizações; os “jornalistas” fazem textos contínuos denunciando as “fake news” ou “crimes de ódio” que, segundo eles, teriam sido cometidos por direitistas; o Facebook utiliza esse material como pretexto para censura.
Um grupo de direita, que tem sido alvo dessa gente, fez um levantamento sobre os principais censores. Tive acesso ao “dossiê” e o resultado é impressionante! Em todos os 36 censores levantados, com fartas evidências, não há absolutamente nenhum de direita, centro e nem mesmo esquerda moderada (por exemplo, eleitores do PSDB). A Agência Pública, a maior das agências de “checagem”, possui 24 pessoas – incluindo 8 conselheiros -, dos quais 20 são de extrema esquerda, sendo 2 indefinidos e outros 2 de esquerda genérica (padrão dos eleitores da Rede).
A Agência Aos Fatos se divide em 50% de extrema esquerda e 50% de esquerda. Já a Agência Lupa traz um detalhe interessante: a maior parte de seus participantes esconde seus perfis e não divulga suas informações publicamente, muito provavelmente para evitarem o risco de terem seu partidarismo descoberto, como nas demais. Das 6 pessoas levantadas, 1 é facilmente identificada como de extrema esquerda. Já 2 são classificadas como de esquerda. Por outro lado, 3 são indefinidas.
Esses seriam os “guardiões da verdade” nas redes sociais, algo que nos remete à Comissão da Verdade para analisar os crimes do regime militar, sem mencionar os crimes dos comunistas, ou então ao Ministério da Verdade de 1984, distopia de George Orwell que ilustra um modelo stalinista.
Alguns libertários e liberais alegam que o Facebook e os veículos de comunicação são empresas privadas, então podem fazer o que bem entenderem. É um argumento aceitável, mas ignora alguns “detalhes” importantes. Primeiro, o grau de relevância que as poucas redes sociais, num oligopólio, alcançaram, apresentando característica de serviço de utilidade pública (imaginem uma empresa privada de eletricidade cortando a luz de alguém por sua ideologia); segundo, que essa postura fere o contrato com o próprio usuário, já que nada é dito sobre preferências ideológicas; terceiro, o fator dissimulado da censura e do viés ideológico, já que vem mascarado de imparcialidade e busca pela verdade, enquanto, na realidade, dá preferência ao conteúdo de esquerda e limita o alcance, sem critério bem definido, do conteúdo de direita.
Não por acaso o próprio fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, foi chamado ao Senado americano para dar algumas explicações importantes, e foi pressionado por Ted Cruz num momento que já entrou para a história como um dos mais bizarros, pela postura estranha do jovem bilionário:
O Facebook se vende como isento, imparcial, então é fundamental expor seu viés ideológico, para proteger a verdadeira liberdade de expressão. São inúmeros casos de perseguição, de redução deliberada do alcance na direita, a ponto de Dennis Prager, da PragerU, entrar na Justiça contra a dona do YouTube. As redes sociais têm lado, e ele não é o lado conservador, naturalmente. Daí a necessidade de trazer à tona os fatos, que são ocultados por quem se arroga a posição de defensor da verdade. Gravamos um podcast Ideias sobre o assunto:
As redes sociais deram voz às minorias liberais e conservadores, ajudaram a furar o bloqueio dessa hegemonia esquerdista na mídia e nas universidades, e permitiram até a chegada de alguém como Trump no poder. É isso que essa turma não suporta, e pretende fazer o que for preciso para impedir algo similar no Brasil. Daí esse papinho de “checagem de fatos”, sendo que esse fato incômodo continuará escondido de milhões de pessoas, do público em geral.
A censura dissimulada é ainda mais perigosa do que a censura escancarada, pois a primeira não é percebida por muitos, enquanto a última todos conhecem. O MBL lançou um manifesto alertando para o perigo da decisão do Facebook:
Lutar é mesmo preciso. Não podemos aceitar um conchavo do establishment para calar nossa voz, para tentar resgatar a hegemonia confortável de uma única visão de mundo – aquela canhota, sinistra, equivocada. Censura nunca mais!
Rodrigo Constantino
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