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Não é um tema novo, mas dada a sua importância, nunca é demais voltar a ele. A destruição de jovens vidas por conta das drogas e da criminalidade não afeta apenas os favelados. Há cada vez mais casos nas classes média e alta, inclusive de tráfico. O que poderia estar por trás disso?

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A esquerda, que sempre usou os conceitos de “luta de classes” e “desigualdade” para explicar tudo de ruim no mundo, fica sem pilar de sustentação quando se verifica jovens com vidas materiais decentes e acesso à escola afundando no mesmo caos. Nem tudo é dinheiro na vida.

Os conservadores sempre entenderam isso. E se os ingleses têm Theodore Dalrymple para focar nos aspectos morais que realmente importam, nós brasileiros temos Carlos Alberto Di Franco, que usa com frequência seu espaço na imprensa para bater nessa tecla. Foi o que fez em sua excelente coluna de hoje no Estadão:

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O novo perfil da criminalidade é o resultado acabado da crise da família, da educação permissiva, do consumismo compulsivo e de setores do negócio do entretenimento que se empenham em apagar qualquer vestígio de normas ou valores.

Os pais da geração transgressora têm grande parte da culpa. Choram os desvios que cresceram no terreno fertilizado pela omissão. É comum que as pessoas se sintam atônitas quando descobrem que um filho consome drogas. Que dirá, então, quando vende. O que não se diz, no entanto, é que muitos lares se transformaram em pensões anônimas e vazias. Há, talvez, encontros casuais, mas não há família. O delito não é apenas o reflexo da falência da autoridade familiar. É, frequentemente, um grito de revolta. Os adolescentes, disse alguém, necessitam de pais morais, e não de pais materiais.

Alguns pais não suportam ser incomodados pelas necessidades dos filhos. Educar dá trabalho. E nem todos estão dispostos a assumir as consequências da paternidade. Tentam, então, suprir o vazio afetivo com carros, mesadas e presentes. Erro fatal. A demissão do exercício da paternidade sempre acaba apresentando sua fatura. A omissão da família está se traduzindo no assustador aumento da delinquência juvenil e no comprometimento, talvez irreversível, de parcelas significativas da nova geração.

É claro que casos isolados poderão ter explicações diferentes, como patologias individuais, mas quando se avalia um fenômeno amplo como este, alguma mazela social parece estar presente. Há uma tendência de piora generalizada, e faz todo sentido atribuir isso à falência da família.

Em nada ajuda o excessivo materialismo pregado pela própria esquerda, o que constantemente produz um vazio espiritual nessa juventude. Tampouco ajuda a cultura da permissividade, do hedonismo irresponsável, do relativismo moral, da isenção de culpa e responsabilidade individuais. Tudo que um jovem quer ouvir é que não é responsável pelos seus próprios atos.

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Jovens sem limites impostos pelos pais, sem educação verdadeira (não confundir com aquela defendida pelos “progressistas” que têm Paulo Freire como seu patrono), soltos no mundo, entregues às drogas e à sexualização cada vez mais precoce, e ainda aprendendo desde cedo, com seus “professores” e os “formadores de opinião”, que nada é responsabilidade deles, e sim do “sistema”, da “sociedade”: isso não pode acabar bem.

Por fim, Di Franco não poupa também a indústria do entretenimento, cada vez alimentando mais as paixões e apetites juvenis, de forma um tanto irresponsável. Ele conclui: “Como já escrevi neste espaço opinativo, recuperação da família, educação da vontade, combate à impunidade e entretenimento de qualidade compõem a melhor receita para uma democracia civilizada”.

Estamos longe disso, como se percebe. Vivemos na era em que o funk é enaltecido pelos artistas e “intelectuais” da classe alta. Nenhuma sociedade aguenta tanta subversão de valores.

Rodrigo Constantino

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