A menos de 45 dias da posse, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), não tem nem mil nomes para assumir os 11.550 cargos de direção e assessoramentos superiores (DAS) — aqueles que podem ser ocupados por não concursados no poder Executivo, em autarquias e fundações federais. O cálculo é de integrantes da cúpula do futuro governo . A situação deve abrir caminho para a manutenção de comissionados nomeados no governo Temer e para a promoção de funcionários de carreira.
Desde a campanha, o presidente eleito tem afirmado que, para enxugar a máquina pública, além de cortar ministérios, vai diminuir o pessoal na administração federal. Na semana passada, sinalizou que quer cortar “no mínimo 30%” dos cargos políticos nos ministérios.
Mesmo que o corte de 30% aconteça, o presidente eleito terá que preencher cerca de oito mil vagas; ainda não há nomes, portanto, para mais de 87% delas.
O PSL era um partido nanico que virou gigante. O fenômeno é o bolsonarismo, não necessariamente como culto à personalidade, mas como um político se tornando símbolo de toda uma agenda, uma demanda reprimida da população por uma guinada à direita.
Mas, eleito, o que fazer? Como governar um país tão complexo como o Brasil? Não basta retórica, honestidade ou chavões. É preciso ter gente. Um quadro técnico precisa ser ocupado, o staff que será responsável pela administração da máquina. E desde o começo era sabido que esse seria um desafio e tanto.
Como ele será solucionado? Até aqui, Bolsonaro tem tido a humildade, ajudada pela falta de muitas opções, de manter os melhores nomes da gestão anterior. Com todos os defeitos, principalmente no âmbito ético, justiça deve ser feita: Temer indicou bons nomes para cargos importantes. E Bolsonaro tem tido o mérito de preserva-los.
Os cargos de comando têm ido para nomes de primeira. A equipe que Paulo Guedes está montando é quase um “dream team”. Mansueto Almeida fica como secretário do Tesouro, Roberto Castello Branco, liberal e ex-diretor da Vale, acaba de aceitar presidir a Petrobras, Roberto Campos Neto, do Santander e com excelente currículo, aceitou ir para o Banco Central, e por aí vai.
O que vai se configurando é uma camada superior de gente muito séria e preparada, mas ainda faltam inúmeros cargos abaixo dessa liderança. E é aí que mora o perigo: falta nome para o PSL. E como lealdade e confiança são quesitos fundamentais, ainda mais para um militar, resta saber como preencher tanta vaga.
Se há um risco aqui, de má gestão no futuro ou de escolhas comprometedoras, existe também uma grande oportunidade. Pela primeira vez em muito tempo as pessoas de bem do Brasil notaram que há a intenção sincera de mudar o país para melhor, e que Bolsonaro está mesmo disposto a tentar essa guinada.
É a chance para que empresários de sucesso, profissionais respeitados, executivos com carreiras brilhantes, decidam se dedicar mais à coisa pública. É a oportunidade para ocupar esses espaços e realmente dar um choque de gestão. Toda ajuda será necessária.
Que aqueles efetivamente interessados em contribuir para a construção de um futuro melhor se manifestem e se coloquem disponíveis para participar desse time de primeira que Guedes e Bolsonaro estão montando. É o que se espera nesse momento.
Rodrigo Constantino
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