O relativismo moral é um câncer. Diante dos maiores escândalos de corrupção na história deste país, do estelionato eleitoral mais assombroso de que se tem notícia, qual a reação dos simpatizantes do PT? Alegar que o partido não inventou a corrupção e atacar Eduardo Cunha como se ele fosse o símbolo dos milhões de brasileiros cansados disso tudo. Algo como alguém defender um estuprador porque não foi ele quem inventou o estupro e porque quem acusa não é um santo casto!
Esse relativismo, essa postura imoral, foi tema do artigo de Jorge Maranhão hoje no GLOBO. Maranhão, da ONG Voz do Cidadão, alerta para a política de baixo clero que tem dominado nossa vida pública, e cobra da população, especialmente das elites, uma postura diferente, de quem deseja liderar o país numa direção de avanço rumo à cidadania. Diz ele:
Maranhão toca no nervo da questão: essa demagogia que tomou conta do país, inclusive por parte das elites. Está faltando a figura do Pai mesmo, do limite, da ordem. As palmadas, tão execradas pelo politicamente correto, ao menos serviam para impor limites, para educar. Mesmo que não seja a palmada em si, a ideia de castigo, de firmeza, é fundamental para se criar cidadãos respeitosos, ordeiros.
Mas o Brasil está dominado pelos “pragmáticos”, pelos que têm “jogo de cintura” e se adaptam às “regras do jogo”, ou melhor, à total falta de regra no caso brasileiro. Cada um por si, dane-se a moral, pro inferno com o próximo, com o coletivo, e salve-se quem puder. Eis o caminho da barbárie. Gente que justifica o que o PT fez com base na corrupção passada ou na ficha de Cunha simplesmente não presta, não vale nada, e contribui com esse caos relativista.
Em um artigo publicado bem ao lado, o professor da USP, Wagner Menezes, também alerta para o perigoso caminho que seguimos, ao abandonarmos o respeito ao Estado de Direito:
A sociedade brasileira tem assistido nos últimos anos à desconstrução sistemática dos valores políticos que foram propostos para amoldar o novo regime político e jurídico a partir da redemocratização do país. O que está em xeque é a condição de nossa sociedade de se governar e cumprir os fins colimados com as bases do Estado de Direito, pois a corrupção parece espalhada endemicamente em toda a máquina pública, impondo corrosão ao sistema político e administrativo do Estado.
O destino de um povo é delineado a partir de suas experiências, do amadurecimento de sua participação política e, assim, de suas instituições. Mas o retrocesso moral que se está vivendo é alarmante, colocando o Estado brasileiro diante de uma encruzilhada, numa crise profunda de valores e legitimidade institucional.
As últimas gestões do PT, seguindo seu “plano perfeito” de concentração de poder, contribuíram para intensificação de tal processo.
[…]
O brasileiro perdeu o pudor, o tipo do “malandro esperto” deu lugar ao “malandro mau caráter”. Seus representantes são o modelo real do descaramento, do “eu não vi”, “eu não sabia”, “fiz, mas tive meus motivos”. Seu sistema judicial foi construído para processualistas habilidosos, com regras flexíveis e extremamente tolerante com malfeitos e mecanismos antipunitivos e protelatórios.
[…]
É de se acreditar que esse conjunto de denúncias e exposição de crimes seja de fato ponto positivo, uma oportunidade para nosso amadurecimento como sociedade. Mas é inegável que precisamos de uma mudança profunda em nossas bases estruturais e de uma tomada de postura daqueles que se propõem a liderar nosso país. Agora, mais do que nunca, é a hora das pessoas de bem, mas onde elas estão?
Aqui o professor também cobra a posição das elites, de liderar o processo de mudança. Mas onde estão esses líderes? O Brasil vive um momento perigoso. O PT não inventou a corrupção; ele simplesmente a levou a um patamar absurdo e jamais visto, além de ter banalizado e institucionalizado o processo todo de corrupção.
Quem tenta suavizar o estrago, aliviar a barra dos petistas, encontrar desculpas para não exigir a punição severa dos que esgarçam nossos valores e instituições, age como cúmplice e joga contra o país. O mais triste e assustador é que muitos dos que fazem isso vêm da tal “elite”, são pessoas supostamente esclarecidas, com ensino superior e renda elevada. Faltou palmada do papai no bumbum dessa gente, foi?
Rodrigo Constantino
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