Quando o assunto é juventude e drogas não há garantias, não existe receita infalível. Mas, sem dúvida alguma, uma família bem estruturada tende a ser um bom começo para proteger o adolescente. Não é preciso ser da Opus Dei para entender isso. Não é necessário ser um carola, um reacionário moralista. Basta ter algum bom senso e não ter sucumbido à campanha “progressista” de destruição do núcleo familiar.
Em sua coluna de hoje, Carlos Alberto Di Franco coloca justamente na família a solução para muitos dos males que têm assolado o mundo moderno. Para ele, “A desestruturação da família está, de fato, na raiz de inúmeros problemas”, deixando de fora os casos de patologias, que seriam as exceções. A regra é mesmo o esgarçamento do tecido familiar:
Os conflitos familiares são, por exemplo, a principal causa que leva os jovens para o mundo das drogas. Embora exista uma série de fatores que podem fazer com que os jovens experimentem as drogas e se viciem (predisposição genética, fatores de personalidade, pressão do narcotráfico), a estruturação familiar é decisiva.
Sobre a importância social da família há volumes alentados, análises e estudos muito ponderáveis. Eu desejaria hoje, concretamente, frisar apenas uma das razões que, a meu ver, evidenciam o nexo de causalidade existente entre família sadia e sociedade civilizada e democrática. Refiro-me ao fato de que, na sociedade, não há nenhum âmbito de crescimento humano e ético, nenhum ambiente educativo, nenhum “coletivo” tão propício e eficaz para o cultivo das virtudes como a família bem estruturada. E isso é de grande importância, levando em consideração que, no mundo atual, cada vez aparece mais evidente que a sociedade precisa do oxigênio vital das virtudes.
E como estão em falta tais virtudes! Vemos, ao contrário, campanhas “progressistas” disseminando relativismo moral, vendendo hedonismo irresponsável, tratando pedofilia como “arte” e buscando uma sexualização cada vez mais precoce. Quais são as referências dos jovens de hoje?
Vários formadores de opinião de esquerda tratam a família como algo sempre problemático, terrível até, fonte de repressão ou hipocrisia. Projetam talvez suas próprias famílias disfuncionais a todos, como se esta fosse a regra, não a exceção.
Acham que primos ou tios “reacionários” são toscos porque não abraçaram a cartilha politicamente correta, retratam as relações familiares como um antro de sexualidade reprimida, bebendo de fontes “lacanianas”, o que é pura “lacanagem”, como diria Merquior. O Natal em família é tido como uma tortura, não um momento importante.
Esses são os principais colunistas de jornais hoje, ajudando a criar uma narrativa que retira a importância da família, quando não a demoniza. Em vez de buscar ajuda para seus problemas pessoais, muitos fruto de famílias desestruturadas, preferem ajudar a desestruturar de vez todas as famílias, numa espécie de vingança infantil. Di Franco conclui:
A crise ética que castiga amplos segmentos da vida pública brasileira, fenômeno impressionante desanimador, tem seu nascedouro na crise da família. A ausência de valores e princípios éticos no âmbito da educação familiar deixa marcas profundas. Os homens públicos não são fruto do acaso, mas de sua história. A virada ética, consistente e verdadeira, começa na família.
Há como discordar?
Rodrigo Constantino