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Por Alexandre Borges, publicado pelo Instituto Liberal

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O Escola Sem Partido é uma iniciativa heroica do Miguel Nagib na batalha cultural e educacional que merece o apoio integral e irrestrito de todos nós.

Concordo com Olavo de Carvalho, David Horowitz, entre outros intelectuais que colocam a batalha cultural e educacional como a mais importante hoje para liberais e conservadores. Uma batalha que está apenas começando.

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Ontem, o Fantástico exibiu matéria sobre o Escola Sem Partido. Algumas lições importantes:

1. Como era de se esperar, o Fantástico não tomou um partido explícito, posou de isento e reportou a “polêmica”. Quem sabe ler nas entrelinhas percebe uma preferência do repórter pelos contrários ao projeto, mas nada muito belicoso ou escancarado.

2. O repórter dá a entender que “doutrinação” é um termo muito vago (não é) e que a discussão pode levar a um cerceamento da liberdade do professor, o que é parcialmente verdadeiro. O professor realmente não ter liberdade de falar o que quiser e depois não querer ser avaliado ou cobrado por isso.

3. O que o projeto diz claramente é que o professor precisa apresentar ao aluno todas as visões de um determinado tema polêmico e isso não é cerceamento, pelo contrário, cercear é obrigar o aluno a só ouvir um lado (o do professor) e ainda ser cobrado por isso nas provas. Fazer isso é doutrinar por definição. Segundo o Houaiss, doutrinar é “incutir em (alguém) opinião, ponto de vista ou princípio sectário; inculcar em alguém uma crença ou atitude particular, com o objetivo de que não aceite qualquer outra”. Quem pode ser a favor disso? Ou melhor, quem pode ser a favor disso a não ser jornalista e professor-doutrinador?

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4. O Fantástico, diga-se, fez o certo no seguinte sentido: deu voz a dois “especialistas”, cada um defendendo um lado, e é isso que é a essência do Escola Sem Partido, ou seja, o Fantástico Sem Partido não pode ser contra o Escola Sem Partido já que fez na reportagem exatamente o que o projeto exige: uma apresentação justa e equilibrada, na medida do possível, de todas as visões de um tema polêmico e ainda não pacificado entre os especialistas.

5. A direita brasileira precisa urgentemente entender o valor de termos bons porta-vozes das nossas bandeiras, bons comunicadores que entendam como funciona a imprensa e o básico de relações públicas. Vejam o que o Bene Barbosa, benchmark de comunicador da direita do país, consegue praticamente sozinho (e é por isso que não canso de chamar o Bene de exército de um homem só). Precisamos de gente bem intencionada, precisamos de patrocínio, mas também precisamos de “Benes” defendendo todas as nossas bandeiras em cada área.

A matéria foi uma boa oportunidade para apresentar o Escola Sem Partido para o grande público apesar das previsões apocalípticas que surgiram durante o dia de ontem. O jornalista, a despeito de suas preferências pessoais, mostrou o contexto da discussão, chamou o Miguel Nagib para falar, deu voz a um professor e alguns alunos e, mais importante do que tudo e de uma maneira quase inédita, chamou dois especialistas para defender os pontos de vistas dos dois lados. O que mais poderíamos exigir da matéria neste ponto em que estamos da luta política no Brasil? Já critiquei o Fantástico quando mereceu e hoje é dia de elogiar e aplaudir o esforço de dar uma visão isenta da questão.

A importância da construção de narrativas ainda não foi entendida pelos liberais e conservadores, o que explica em grande parte o motivo de estarem perdendo. Muitos neófitos e inocentes úteis ainda acreditam na lenda marxista de que a sociedade é definida pela economia, que basta ter equilíbrio fiscal nas contas públicas e crescimento do PIB para magicamente a sociedade passe a entender o valor da liberdade e do livre mercado. A história não cansa de provar que vence quem define a política é o conjunto de narrativas que nascem das artes, da cultura, da academia e do jornalismo.

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Como disse Roberto Campos, “para o socialista, um fracasso é apenas um sucesso mal explicado”. Não basta estar certo, é preciso comunicar bem. Que a direita brasileira aprenda e melhore constantemente sua capacidade de articular suas idéias e persuadir a opinião pública do seu ponto de vista.

O Fantástico de ontem foi uma exceção, o que vemos como padrão na imprensa é a distorção das teses de direita e é preciso parar de culpar o mundo pela nossa própria falta de cuidado com a comunicação, com a produção cultural, com a articulação das idéias de uma maneira palatável e inteligível para a população e para a imprensa.

A batalha política é um jogo para profissionais. Quando formos profissionais não teremos nada a temer.