Toda segunda-feira é a mesma coisa: por uma mistura de ossos do ofício com masoquismo confesso, leio a coluna do Greg na Folha, para depois ter a alma lavada pela coluna de Luiz Felipe Pondé na página seguinte.
Greg tenta convencer seu leitor de que Lula, Dilma e Temer fizeram a mesma coisa, mas que só o “branco da elite” fica impune, por ser branco e da elite. O que comentar?
Mas logo depois de tomar o Engov, vem a verdadeira compensação: Pondé prega o fechamento do MEC em sua coluna de hoje, alegando que burocratas cuidando de nossa educação é o caminho mais garantido para nosso atraso. Ele conclui sem rodeios:
Proponho que fechem o MEC. Não por razões de contabilidade. Coitado, o MEC deve gastar pouca grana. Mas por razões culturais e pedagógicas. Acabar com o MEC nos livraria de todo tipo de burocrata que constrói sua vida e seu orçamento atormentando quem, de fato, se ocupa com a educação, essa arte inexata que deveria ajudar os seres humanos a serem mais humanos e menos bobos.
Sem o MEC acabariam essas reformas intermináveis, esse “centralismo democrático do blá-blá-blá” e esse mercado paralelo de “aferição de qualidade” do tipo Anade, Enade, Inade, Onade, Unade e similares -varia-se a vogal, permanece a aleatoriedade dos critérios. Quem decide é quem estiver no comando burocrático da hora.
A educação deveria estar na mão dos municípios. Melhor ainda: das próprias escolas. A regra é: quanto menos burocrata, melhor qualidade na educação e na vida. Fechem o MEC. Invistam a grana em ferrovias.
Não tenho como discordar. O grau de incompetência, ideologização e politicagem em nosso modelo de ensino público é tão elevado e escancarado que só parece fazer sentido mesmo a completa extinção do MEC. Qualquer outra medida será paliativa e sem o efeito desejado.
Quando a gangrena está em estágio avançado, é preciso amputar o membro para salvar a vida. Quando o câncer está em metástase, só doses cavalares de quimioterapia pode impedir o pior.
O MEC está tomado por vermelhos, e o resultado está aí: o Brasil é a vergonha mundial quando o assunto é educação. Paulo Freire estaria orgulhoso. Seus filhotes continuam dominando o sistema. Por isso mesmo precisamos extirpar o mal pela raiz. Faço coro a Pondé: fechem o MEC!
Rodrigo Constantino